Será mesmo necessário um projeto de lei para regulamentar a relação dos pais e filhos?
Em função disso resolvi postar uma série de textos que intitulei ''Conversando com os pais'' para refletirmos acerca desse assunto.
“Limite: Uma difícil tarefa para os pais”
Por: Vladimir Melo
Além de frequente como queixa dos pais nos consultórios de psicologia, a falta de limites se tornou também tema popular nas prateleiras de livrarias.
Na realidade, os pais costumam procurar algum tipo de ajuda apenas quando a adolescência dos filhos se aproxima e todas as tentativas de se fazer obedecer já foram esgotadas. Outro sinal de alerta é a escola, que muitas vezes é a primeira a chamar a atenção da família para o comportamento da criança.
Ao chegar ao consultório, os pais normalmente deixam claro que a psicoterapia é para o filho e acham de imediato alguém ou algum fato responsável pela falta de controle da situação. Algumas vezes, relatam que todas as formas de punição fracassaram e que a única maneira da disciplinar a criança é através do castigo físico. O sentimento de culpa por uma gravidez indesejada ou pela ausência em algum momento da vida do filho acompanham alguns discursos dos pais.
É importante que os pais sejam informados de sua função no processo terapêutico e que recebam a segurança necessária para que toda a família suporte as reações da criança às situações de frustração. Dizer não representa uma dificuldade maior para os pais que para os filhos. Por isso, cabe ao psicólogo explicar que o não é preciso e que a criança depende disso para aprender a lidar com regras.
Uma atividade que pode ser utilizada no consultório e em casa é o jogo. É por meio da brincadeira ou do jogo que a criança retrata mais facilmente sua relação com as normas. Permitir à família jogar significa observar como ela se comporta diante das regras, quais as reações frente às transgressões e qual a atitude para restabelecer o referencial de autoridade.
A psicoterapia, quando atinge sucesso, tem seu resultado mais nítido no comportamento dos pais, que se sentem mais confiantes no exercício do limite. O entendimento de que a criança busca o limite, suporta a frustração e incorpora as regras à sua conduta traz um grande alívio para os pais.
Ao final da jornada, percebe-se que a criança não foi alvo principal da mudança. A família, inevitavelmente, passou por uma grande transformação e encontrou um meio próprio de conciliar a autoridade e o afeto. Os livros podem ser um veículo útil nas mãos dos pais, porém não são suficientes na maioria das vezes. A visão da configuração familiar é a condição insubstituível para o psicólogo sugerir alternativas e acompanhar os conflitos nas relações entre pais e filhos.
Compreendendo que determinar limites é uma árdua tarefa para os pais, enfatizo a participação destes na psicoterapia e não acredito que, ignorando esse aspecto, resultados expressivos possam ser atingidos.
Muito bom esse texto.
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