25/11/2011

Palestra Sexualidade na Terceira Idade

A palestra será ministrada amanhã, dia 26/11, no SESC da 913 Sul a partir das 9 horas da manhã e fará parte das atividades promovidas pela Secretaria de Saúde do DF para a Escola de Avós.

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11/09/2011

Sem limites, é cada vez mais comum a dependência do álcool entre os jovens


Em certos grupos de jovens, ser aceito implica cumprir rituais. Um deles é beber. Na cabeça de muitos garotos, fazer uso de álcool significa provar a masculinidade. No processo de construção da identidade juvenil, a bebida é encarada como algo capaz de mudar a imagem de um indivíduo perante os amigos. No entanto, essa percepção de benefício que o álcool traz cai por terra quando os conflitos pessoais decorrentes da embriaguez se tornam mais acentuados. 
Nos últimos anos, as atenções das autoridades se voltaram para o crack. Com o intuito de combater a devastadora droga, o governo local anunciou, na semana passada, o emprego de R$ 65 milhões. O recurso sustentará o plano de enfrentamento ao entorpecente pelo próximo quadriênio. Mas enquanto todos os discursos são para combater o uso da pedra branca, um outro mal, o álcool, avança silenciosamente, atingindo principalmente crianças e adolescentes. A falta de limite dos pais e o fácil acesso, além das tímidas campanhas de prevenção, fazem com que o consumo de cerveja, vinho, uísque e outras bebidas aumente consideravelmente entre os jovens. O Correio flagrou, nos últimos dias, meninos e meninas se embriagando em plena luz do dia no Plano Piloto e em outras regiões.

A mais recente pesquisa sobre o tema, divulgada pela Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas (Abead), aponta que pessoas na faixa etária entre 14 e 17 anos são responsáveis por consumir 6% do álcool vendido em todo o território nacional. Um outro estudo, da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad), do Ministério da Justiça, traz uma informação ainda mais assustadora: o primeiro gole ocorre entre os 11 e os 13 anos. O mesmo levantamento mostra que 42% dos estudantes dos ensinos médio e fundamental ingeriram bebida alcoólica nos últimos 12 meses.

O que a pesquisa constatou em todo o país pode ser observado nas ruas do Distrito Federal. Um dos exemplos é um encontro semanal de estudantes na 411 Sul. Regada a vodca e vinho, a reunião costuma atrair dezenas de alunos na quadra próxima a um colégio. Eles mostram que usam artimanhas para conseguir comprar bebidas (leia mais na página 30).

Muitas vezes, os donos de bares são flagrados infringindo a legislação. Levantamento da 1ª Promotoria de Justiça de Infância e Juventude do DF, ao qual o Correio teve acesso, revela que 170 estabelecimentos comerciais em várias cidades foram flagrados vendendo ou entregando bebida alcoólica a menores de 18 anos nos últimos 15 meses. Todos os donos de restaurantes, bares e quiosques acusados de infringir o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) (veja O que diz a lei) tiveram de assinar um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o Ministério Público, no qual se comprometeram a não reincidirem na transgressão. Aqueles que descumprirem as regras do TAC estão sujeitos à multa de R$ 3 mil e podem ter o alvará de funcionamento revogado pela Agência de Fiscalização do DF (Agefis).

O MPDFT também decidiu notificar os fabricantes e distribuidores para celebrar Termos de Cooperação, a fim de realizar campanhas de esclarecimento à população sobre os malefícios do álcool para crianças e adolescentes. Um dos responsáveis pelo projeto, o promotor Renato Varalda, considera importante o envolvimento das grandes empresas, mas ressente a falta de uma política pública mais engajada voltada para a população infantojuvenil.

“A legislação é rígida, sim, mas falta consciência para cumpri-la. São raros os inquéritos relacionados à venda de bebida para menores. A lei dá poderes para as polícias Civil e Militar fecharem estabelecimentos caso adolescentes sejam vistos comprando bebida, mas ainda existe a cultura de que o álcool não traz malefícios e que o comerciante que vende bebida para menores não está fazendo nada de errado”, criticou Varalda, promotor da Infância e da Juventude.
Em certos grupos de jovens, ser aceito implica cumprir rituais. Um deles é beber. Na cabeça de muitos garotos, fazer uso de álcool significa provar a masculinidade. No processo de construção da identidade juvenil, a bebida é encarada como algo capaz de mudar a imagem de um indivíduo perante os amigos. No entanto, essa percepção de benefício que o álcool traz cai por terra quando os conflitos pessoais decorrentes da embriaguez se tornam mais acentuados.
Palavra de especialista
“O consumo de álcool entre adolescentes preocupa porque percebemos que as regras feitas para impedir o acesso às bebidas não são respeitadas. As pessoas têm de colocar na cabeça que bebida é uma droga ilícita, sim, para menores de 18 anos. Defendo uma atitude nacional de enfrentamento à venda para crianças e adolescentes e o Estado deveria cumprir o papel que lhe cabe, que é o de fiscalizar. Alguns estudos apontam a facilidade com que os jovens têm de comprar bebida e, mesmo assim, não há um rigor no combate. Se uma atitude enérgica fosse tomada, garanto que 30% dos estabelecimentos comerciais seriam fechados. Mas não há interesse. Para a maior parte da população, álcool é um produto qualquer, como arroz e feijão, e isso é uma temeridade. Os meninos e meninas que bebem contam com a anuência dos pais e esses, por sua vez, terceirizam a responsabilidade à escola, quando, na verdade, a solução seria a associação entre pais, escola e uma forte política de prevenção. O resultado em ignorar essa associação pode ser percebido todos os dias nas ruas: jovens recém-saídos da adolescência dirigem embriagados, atropelam, morrem, matam e a sociedade continua achando que beber precocemente é normal.”

Carlos Salgado, psiquiatra e presidente da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas (Abead)
  Efeitos nocivosOs adolescentes que bebem com frequência podem até não sentir os efeitos imediatos do álcool no organismo, mas o professor de farmácia da Universidade de Brasília (UnB) José Eduardo Pandóssio explica que quem faz uso de bebida precocemente tende a desenvolver sérios problemas que afetam diretamente o aprendizado. Atividades simples do dia a dia, como memorizar um exercício escolar ou falar em público, tornam-se mais difíceis devido à ação degenerativa que ocorre no sistema nervoso do usuário de álcool. “Quanto mais cedo a pessoa começa a beber, os efeitos deletérios afetam mais rapidamente o seu desenvolvimento, fazendo com que ela perca progressivamente mais neurônios”, ressalta Pandóssio.
Segundo o especialista, o consumo abusivo do álcool ainda pode causar problemas hepáticos e renais, além de tornar o adolescente mais violento. “A droga, em si, não produz agressividade, mas, se a pessoa tiver um potencial agressivo, pode externá-lo com a dependência. Se o uso for mais crônico, de o jovem beber toda semana ou todos os dias, ele pode desenvolver problemas hepáticos e renais. Dependendo da idade do indivíduo e do estado geral de saúde dele, o álcool pode ainda comprometer várias enzimas e causar complicações digestivas”, completa.

Correio Braziliense em 11/09/2011

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23/08/2011

O poder do otimismo



O pensamento positivo é cada vez mais reconhecido por estudos no mundo todo como dono de grande potencial terapêutico. Psicólogos da Universidade de Michigan (EUA) revelam como o pensamento positivo reduz chances de sofrer acidentes vasculares cerebrais
“Tudo que vem até você é atraído por você mesmo. Tudo que passa na sua mente é atraído até você.” Com frases como essas, a australiana Rhonda Byrne vendeu 4 milhões de cópias do best-seller O segredo em todo o mundo. Embora atingir objetivos como amor, sucesso e felicidade não seja tão mágico e simples como sugerem os títulos de autoajuda, o pensamento positivo pode mesmo ajudar. Para alguns cientistas, ser otimista faz bem à saúde.

Não são raras as pesquisas que sugerem que uma atitude otimista pode influenciar a resistência do organismo a diversos tipos de doenças. Segundo psicólogos da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, pensar positivo reduz as chances de ocorrência de um acidente vascular cerebral (AVC). Eles acreditam que existem principalmente razões comportamentais, porque os otimistas cuidam melhor da saúde, com uma dieta mais rica em frutas e vegetais, por exemplo.

Para um dos autores, o doutorando em psicologia clínica na Universidade de Michigan Eric Kim, além de estimular comportamentos saudáveis, essa atitude pode ter relações diretamente biológicas. “Por enquanto, é uma sugestão, que será aprofundada em novas investigações, mas a suspeita é que essa diminuição de riscos está relacionada ao fortalecimento do sistema imunológico e à redução da pressão arterial, pelo menor nível de estresse.”

A serotonina, neurotransmissor relacionado à sensação de felicidade, atua em células-chave do sistema imunológico e o estimula. Já as pessoas nervosas e donas das chamadas personalidades antagônicas são mais propensas a picos de pressão arterial. O trabalho, publicado no periódico Stroke, da Associação Americana do Coração (American Heart Association), concluiu que, mesmo ao ficarem doentes, os otimistas têm maiores chances de recuperação, porque são mais propensos a aderir a um programa de reabilitação saudável após um ataque cardíaco ou derrame.


Durante o estudo, os psicólogos acompanharam por dois anos 6 mil pessoas com mais de 50 anos que nunca tinham sofrido um AVC. No início da pesquisa, os voluntários responderam a um questionário sobre sua visão de vida, que avaliava atitudes otimistas e pessimistas diante dos problemas. Ao fim do estudo, 88 pacientes haviam tido derrames. A partir dos resultados, os pesquisadores calcularam uma escala de otimismo, variando de três a 18 pontos. Surpreendentemente, eles concluíram que a característica estava fortemente relacionada à redução do risco de derrame. Para cada “unidade” a mais de otimismo, o risco de AVC caía 9%.

Para Sharlin Ahmed, pesquisador da The Stroke Association, dos Estados Unidos, é cada vez mais importante que as pessoas descubram os benefícios do bom humor e do otimismo. “A relevância do pensamento positivo no tratamento de doenças já é conhecido. O interessante agora é o conhecimento de que ele pode evitar que você fique doente em primeiro lugar.”

Reaprender a viver

A eficácia de usar um sorriso no rosto ao encarar qualquer problema não é novidade para Ana Maria Ribeiro, 72 anos. Mãe de quatro filhos, a aposentada trabalhou a vida inteira como professora. “Eu levava uma vida muito difícil e era muito nervosa e estressada”, relata. Há seis anos, Ana Maria teve um derrame e decidiu que era hora de desacelerar. Para ela, a fé ensina a ser mais positiva. “Rezo muito, peço saúde, faço caminhadas, não fico em casa pensando besteira. Sou mais feliz assim”, ensina. Para o casal Maria José, 74, e Luis Rossi, 72, ser positivo é fundamental para viver bem.

Ambos acreditam que ser otimista induz uma vida mais saudável, graças à disposição para se alimentar bem, praticar exercícios e, principalmente, ter sempre um projeto de vida. “Ser saudável não é não ter doença, é encarar as que eventualmente aparecem de forma positiva, esperando melhorar e não achando que é o fim, que vai morrer”, defende Luis. “Para mim, ter saúde é ter satisfação em fazer as coisas”, conclui Maria José.

Essa maneira de ver a vida não é exclusiva das pessoas mais velhas e mais experientes. Tem gente que aprende desde cedo a viver, procurando o lado bom das coisas, como o estudante Guilherme Caldas, 17 anos. Aluno do 3º ano do ensino médio, o garoto conta com o otimismo e a boa vontade como aliados dos livros para conquistar uma vaga na universidade. “Tudo é querer. Se estudo bastante e tenho prática, acabo adquirindo confiança. Além disso, é esperar sempre o melhor, mas sem se decepcionar se não conseguir. Sempre há outra chance.”

Não é apenas para se preparar para o vestibular que Guilherme foca nas coisas boas. Para o estudante, é preciso sempre pensar o bem para si e para os outros. Quando era mais novo, sofria com os colegas da escola em que estudava por ser gordinho. “Na época, eu me incomodava muito, mas depois passei a me importar mais comigo mesmo e ganhei confiança em mim, até para emagrecer.”

A atitude de Guilherme é muito saudável para jovens da idade dele. E pode ser muito benéfica também no futuro. É o que diz uma pesquisa da Universidade de Northwestern, que também avalia os reflexos do pensamento positivo na saúde — desta vez, de adolescentes. Segundo os pesquisadores, jovens positivos se tornam adultos mais saudáveis.

Os cientistas analisaram dados de 10.147 adolescentes. Os níveis de bem-estar positivo dessas pessoas foram medidos em 1994 em comparação à situação de saúde geral e de comportamentos arriscados quando atingiram a idade adulta. “Nossos resultados mostram que o bem-estar durante a adolescência está significativamente associado a relatos de excelente saúde no começo da vida adulta”, afirma a pesquisadora Lindsay Till Hoyt.

Segundo ela, jovens que têm bem-estar positivo durante a adolescência têm riscos reduzidos de apresentarem comportamento de risco quando adultos, como alcoolismo, tabagismo, uso de drogas e maus hábitos alimentares. Além disso, como era de se esperar, a depressão se mostrou menos comum nos adultos que foram jovens otimistas.

Foi a mãe de Guilherme, a funcionária pública Deyst Caldas, quem o incentivou a ter esse tipo de atitude. Para ela, isso afasta acontecimentos ruins, inclusive doenças. “É simples: você pensa o bem, então nada que chegue até você vai ser tão ruim. Isso é o que nos motiva.” Guilherme concorda com a mãe. Para ele, esse tipo de conhecimento não tem segredo nem é novidade. “É uma filosofia chinesa antiga: se você pensa que vai perder, é porque já perdeu.”

Dicas

COMO SER MAIS CONFIANTE

» Boa autoestima

Não é o mesmo que se sentir perfeito. É viver bem com as limitações e defeitos também, sempre tentando melhorar.

» Ter uma conduta positiva

Invista no que você é bom na escola e no trabalho, nos esportes, nas artes ou com outros idiomas. Descubra um talento em algo que você gosta de fazer. É importante correr atrás do que se gosta.

» Manter o diálogo

Saber ouvir, não só falar, faz toda a diferença. Isso vale também para a família do jovem: ele tem ideias próprias e voz, merece ser ouvido.
 
» Enaltecer o que se tem de bom

Corrigir os defeitos é importante, mas valorizar o que se tem de melhor é uma maneira de ganhar confiança em si mesmo.

» Ter apoio dos pais e da família

Um elogio pode fazer toda a diferença. Ter um incentivo às boas atitudes é fundamental.

» Ignorar o que deprime

Não se deixar rotular e levar qualquer provocação na brincadeira coíbe atitudes de quem só quer fazer o mal aos outros. Se não der certo, sempre que precisar, peça ajuda.

Fonte: psicólogo Erich Botelho
Correio Braziliense em 23/08/2011

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Pais com dificuldades psicológicas decorrentes de traumas não tratados prejudicam desenvolvimento dos filhos, netos e bisnetos

 
Algumas pessoas carregam sequelas da infância e adolescência e só conseguem superar o trauma na idade adulta, interrompendo o ciclo do sofrimento aos descendentes
Os traumas psicológicos podem acometer qualquer pessoa, de crianças a adultos, podendo gerar prejuízos severos a qualidade de vida quando não identificados e tratados a tempo. Quando não há tratamento, os traumas atingem não só quem sofreu o evento doloroso, mas também os mais próximos. Pais com transtornos psicológicos decorrentes de traumas podem replicar o trauma na relação com seus filhos estendendo os prejuízos por várias gerações. Os chamados pais tóxicos, que agridem física e psicologicamente, tal como foram agredidos anteriormente, causam sequelas que podem se arrastar por toda a vida de seus filhos, netos e bisnetos.

Mesmo quando os pais alternam atitudes carinhosas e agressivas, o reflexo no desenvolvimento dos filhos ainda é negativo e as consequências dos comportamentos de duplo vínculo são agressividade, dificuldade de aprendizado, rebeldia, timidez e um enorme sentimento de culpa, afirma o psicólogo clínico e doutor em Neurociência e Comportamento pela USP, Julio Peres. Por isso, as sequelas das humilhações e dos maus-tratos precisam ser tratadas para que a criança, o adolescente ou mesmo esse adulto possam ter uma vida mais saudável.

Segundo o psicólogo, muitas crianças crescem em ambientes desestruturados e acabam se afastando dos pais para poderem sobreviver. Como exemplo, uma paciente trouxe a psicoterapia o tema culpa por ter sobrevivido e ao longo do processo conseguiu superar o trauma dos maus tratos de sua mãe interrompendo a herança de sofrimento que migrava de geração para geração. Uma de suas irmãs cometeu suicídio e outra irmã, também sem buscar tratamento especializado, repetiu o mesmo padrão de maus tratos com os sobrinhos, vítimas dos mesmos traumas da mãe e da avó, conta Julio Peres. Os traumas psicológicos podem acometer qualquer pessoa, de crianças a adultos, podendo gerar prejuízos severos a qualidade de vida quando não identificados e tratados a tempo. Quando não há tratamento, os traumas atingem não só quem sofreu o evento doloroso, mas também os mais próximos.

Pais com transtornos psicológicos decorrentes de traumas podem replicar o trauma na relação com seus filhos estendendo os prejuízos por várias gerações. Os chamados pais tóxicos, que agridem física e psicologicamente, tal como foram agredidos anteriormente, causam sequelas que podem se arrastar por toda a vida de seus filhos, netos e bisnetos.

Mesmo quando os pais alternam atitudes carinhosas e agressivas, o reflexo no desenvolvimento dos filhos ainda é negativo e as consequências dos comportamentos de duplo vínculo são agressividade, dificuldade de aprendizado, rebeldia, timidez e um enorme sentimento de culpa, afirma o psicólogo clínico e doutor em Neurociência e Comportamento pela USP, Julio Peres. Por isso, as sequelas das humilhações e dos maus-tratos precisam ser tratadas para que a criança, o adolescente ou mesmo esse adulto possam ter uma vida mais saudável.

Segundo o psicólogo, muitas crianças crescem em ambientes desestruturados e acabam se afastando dos pais para poderem sobreviver. Como exemplo, uma paciente trouxe a psicoterapia o tema culpa por ter sobrevivido e ao longo do processo conseguiu superar o trauma dos maus tratos de sua mãe interrompendo a herança de sofrimento que migrava de geração para geração. Uma de suas irmãs cometeu suicídio e outra irmã, também sem buscar tratamento especializado, repetiu o mesmo padrão de maus tratos com os sobrinhos, vítimas dos mesmos traumas da mãe e da avó, conta Julio Peres.

Experiências traumáticas podem criar oportunidades de crescimento pessoal através da introdução de novos valores e perspectivas para a vida. As psicoterapias atuais enfatizam as estratégias de superação utilizadas naturalmente por indivíduos resilientes (com a capacidade de atravessar situações traumáticas e voltar a qualidade de vida satisfatória).

Para quem chegou à vida adulta traumatizado, a psicoterapia é um caminho para libertação do sofrimento e da continuidade transgeracional do mesmo. Revisitar memórias traumáticas pode ter benefícios terapêuticos, desde que um processo adequado de reestruturação cognitiva seja empregado, conforme temos mostrado em nossos estudos com neuroimagem. A história precisa ser contada e recontada de maneira a construir uma aliança de aprendizado e superação, ressalta Julio Peres.

Experiências traumáticas podem criar oportunidades de crescimento pessoal através da introdução de novos valores e perspectivas para a vida. As psicoterapias atuais enfatizam as estratégias de superação utilizadas naturalmente por indivíduos resilientes (com a capacidade de atravessar situações traumáticas e voltar a qualidade de vida satisfatória).

Para quem chegou à vida adulta traumatizado, a psicoterapia é um caminho para libertação do sofrimento e da continuidade transgeracional do mesmo. Revisitar memórias traumáticas pode ter benefícios terapêuticos, desde que um processo adequado de reestruturação cognitiva seja empregado, conforme temos mostrado em nossos estudos com neuroimagem. A história precisa ser contada e recontada de maneira a construir uma aliança de aprendizado e superação, ressalta Julio Peres.

Por: Correio Braziliense em 23/08/2011.

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19/07/2011

Psiquiatra fala sobre a dor de perder um filho

Geraldo Ballone

Por Elliana Garcia


Quem perde os pais fica órfão; e quem perde um filho? A dor é tão grande que não tem denominação. É uma dor sem nome. Diante da inversão do curso da vida, em que os pais estão enterrando seus filhos, como lidar com a perda repentina? Como reconstruir a vida e superar essa dor? O professor e psiquiatra Geraldo Ballone, criador do site www.psiqweb.med.br e autor dos livros “Histórias de Ciúme Patológico e  Da Emoção à Lesão” e “Psiquiatria e Psicopatologia Básicas” fala que “a perda de um filho é a maior frustração que pode acontecer a alguém”.
Lidar com a morte nem sempre é fácil, qual o conselho para passar por um período de luto?
Os sentimentos diante da perda são universais e atemporais e acometem todos os seres humanos viventes e em todas as épocas de nossa história. Mesmo assim, não se pode dizer que alguém esteja absolutamente preparado para aceitar com naturalidade a perda de uma pessoa querida. Alguns sofrem mais que outros, mas todos sofrem.  Este sofrimento, entretanto, pode variar de acordo com a sensibilidade pessoal, com o tipo de pessoa que se perde e com as circunstâncias da perda.
Não há fórmula mágica para lidar bem com o luto ou com as perdas. Parece fazer parte do desenvolvimento normal da personalidade humana vivenciar perdas, mas as condições que acompanham essas perdas e algumas atitudes emocionais podem minimizar o sofrimento. O contrário também é verdadeiro, ou seja, circunstâncias capazes de causar indignação, sensação de impotência, o grau de sofrimento da pessoa que morre são alguns dos fatores que podem agravar muito a angústia de quem fica.
A cada dia vemos relatos de pais que perdem os filhos. Como lidar com essa dor?
De fato, existem muitos pais que perdem os filhos para a morte, mas existem muitos também que perdem os filhos em vida, para as drogas e para o crime. Por isso, disse antes que as circunstâncias da perda são relevantes. A dor específica pela morte de um filho representa a perda de uma parte de nós mesmos, alguma coisa que sabemos ser definitiva e irreversível e, muitas vezes, nem sabemos se a parte que ficou foi maior ou menor do que aquela que se foi. A base do sofrimento existencial humano são as frustrações, um sentimento de aborrecimento que surge quando nosso destino foge totalmente de nosso desejo.
Todo ser humano experimenta muitas frustrações, o tempo todo e a vida toda, desde frustrações leves até as maiores. A perda de um filho é a frustração maior que pode acontecer a alguém, é um golpe fatal no destino desejado. É mais sofrível ainda porque foge do fisiologismo naturalmente esperado, que é os filhos enterrarem os pais e não o contrário.
De que forma, eles podem reconstruir a vida?
Não há mágica, nem mistério. É com muito esforço, tijolo por tijolo, pedra por pedra. Quem sente as dificuldades dessa empreitada pode procurar ajuda de várias maneiras; terapia, psiquiatria, ajuda espiritual, apoio de pessoas queridas. A medicina, através da psiquiatria, é apenas uma das maneiras de abordar pessoas que necessitam. É indicada quando profundos estados depressivos impedem a pessoa de recomeçar, quando a depressão suga toda energia necessária para querer continuar vivendo. 
Não há palavras para decifrar a intensidade da dor e da saudade. Mas, do ponto de vista psiquiátrico, é mais traumático perder um filho pequeno ou adulto?
Em psiquiatria existe uma coisa muito séria: o valor nunca é qualidade do objeto, é o sujeito que coloca valor no objeto. Isso significa que a pessoa que sofre a perda é quem valoriza o objeto perdido, logo, os sentimentos são de autoria exclusiva do sujeito. Resumindo, ninguém pode avaliar ou atribuir algum valor ao objeto perdido além do sujeito que o perdeu.
Posso responder, apenas teoricamente, que a dor é proporcional também ao vínculo afetivo que a pessoa em luto tem com a pessoa perdida. Nesse caso, é possível que uma criança muito nova tenha um vínculo afetivo menos intenso e sólido do que o vínculo afetivo com um filho mais velho. Supõe-se assim, ser mais difícil superar a perda de quem tenha uma representação afetiva mais duradoura e intensa.
A pergunta pode parecer até incoerente, mas será que os pais não se culpam muitas vezes no caso da perda de crianças, que poderiam ter sido mais protegidas por eles?
É claro que sim. Mesmo que a conduta dos pais tenha sido exemplar e irreprimível, por uma simples questão emocional (geralmente depressiva) eles sempre pensam que poderiam ter feito mais. E geralmente os complexos de culpa parecem ser mais comuns em pais consequentes, presentes e atuantes, cuja consciência também costuma ser mais ampla. A inconsequência e negligência de algumas pessoas parece não ser acompanhada de discernimento suficiente para o sentimento da culpa.
Demora muito para os pais se darem conta da perda de um filho?
Como se diz, “cada caso é um caso”. Diante de uma doença fatal, por exemplo, existe certo tempo entre o diagnóstico e a evolução fatal. A família, diante de um diagnóstico grave como, por exemplo, câncer letal, inicialmente não acredita muito na gravidade do problema, depois vem a fase de revolta e do “por que justo ele?”, depois vem as promessas e orações, e finalmente, vem a aceitação do inevitável com profunda tristeza.
Não é o caso, por exemplo, da morte por acidente ou assassinato. Inicialmente, diante da surpresa, a revolta e indignação são as emoções mais intensas. Há, comumente, uma inclinação a encontrar responsáveis ou responsabilizar pessoas pelo ocorrido. Daí, vem a aceitação acompanhada dos sentimentos de perda e dor.
Perder os filhos para as drogas ou para o crime, dependendo do caráter dos pais, é uma das perdas que mais se acompanha de sentimentos de culpa. Embora as pessoas sem retardo mental sejam responsáveis por suas escolhas, mesmo assim os pais costumam se sentir responsáveis pelas opções delituosas dos filhos. Mesmo sabendo da quase irreversível inversão de valores do mundo atual, da influência maléfica da qual os filhos são vítimas na escola, na rua, nos vídeos games, etc., mesmo percebendo que enquanto eles, os pais, puxam os filhos para o bem, um batalhão arrasta-os para o outro lado. Mesmo diante de tudo isso, os pais se sentem bastante impotentes, culpados e fracassados.
No caso de pais que perderam filhos de forma violenta, se engajar em ONGs contra violência ajuda a superar a perda?
Sem dúvida. Muitas vezes, uma experiência terrivelmente dolorosa pode amadurecer a personalidade e vice-versa, ou seja, personalidades mais maduras parecem sobreviver melhor às experiências sofríveis.
Infelizmente, a maioria das pessoas se mobiliza com mais determinação quando os sentimentos, angústia, fome, sede, enfim, quando a dor afeta diretamente a si própria. Essas iniciativas são muito boas do ponto de vista pessoal e cívico. Politicamente não sei ao certo até que ponto as pessoas devem compensar a falta do Estado através dessas iniciativas. Porém, emocionalmente é válida a tentativa de promover atitudes que visam evitar sofrimentos de outras pessoas.
Como os pais devem agir com outros filhos, se porventura tiverem, já que muitas vezes os sentimentos concentrados no filho que morreu podem fazer falta aos demais?
Este é um problema muito sério também. E não acontece apenas diante da perda de um filho. Muitas vezes, um grave problema ou deficiência de um dos filhos pode exigir atenção intensiva dos pais e, involuntariamente, acaba faltando atenção aos outros.
Temos visto em consultório pessoas adultas que guardam péssimos sentimentos ou ressentimentos, mesmo inconscientes, sobre a falta ou abandono que sentiram em relação a pais que se dedicaram exclusivamente ao irmão problemático. O mesmo fenômeno pode acontecer diante da perda de um dos irmãos.
Onde os pais podem encontrar forças para se reconfortarem da perda já que ambos estão fragilizados?
Vivenciar o luto é uma contingência obrigatória diante das perdas. Algumas pessoas conseguem superar perdas depois de muito empenho e sofrimento, outras precisam de atenção especial ou profissional. Os consultórios psiquiátricos e psicológicos estão cheios de casos de depressão grave, de transtornos de estresse pós-traumático, de sérias limitações decorrentes de síndromes do pânico, de ansiedade crônica e grave. Isso sem contar as cardiopatias ocasionadas emocionalmente e muitas outras doenças psicossomáticas.
Aprende-se a viver apesar dessas perdas, mas esquecê-las ninguém esquece, e a qualidade da vida emocional jamais será a mesma. Acho que este é o ônus doloroso e silencioso ao qual estamos todos sujeitos a pagar pela vida em sociedade, porém, todos sabemos que em algumas sociedades esse ônus é mais frequente e maior.
E aqueles pais que não enterraram seus filhos (caso Eliza Samudio, em que até o momento o corpo não foi encontrado). Fazer um enterro ajuda na recuperação?
O ser humano vem enterrando seus mortos de maneira ritual desde a pré-história. Evidentemente a religiosidade é um dos maiores alívios que uma pessoa encontra diante do infortúnio; é o conforto e esperança de quem fica. O sepultamento ou qualquer outro féretro, como a cremação, não aliviam a dor, mas, sem dúvida, esta seria maior e mais angustiante sem um enterro.  
Perdoar ajuda a aliviar a perda de um ente querido que foi vítima da violência?
O perdão sempre faz bem à alma. É um peso a menos para se carregar pela estrada da vida.

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16/06/2011

Casamento de jovens pode virar duelo de identidades em formação

A construção de um relacionamento muitas vezes se dá exatamente no momento em que os dois jovens envolvidos lutam para afirmar sua individualidade. Isso causa frequentes e desgastantes conflitos, pois cada um defende suas preferências, fechando os olhos para as do outro. Para uma relação dar certo, é preciso superar essa fase e aprender a trilhar um caminho mais conciliador


Nos 10 ou 15 anos iniciais da vida adulta, a maioria dos jovens enfrenta uma situação complicada: conciliar a fase mais aguda da afirmação de sua identidade pessoal com a construção de uma união amorosa, experiências muitas vezes antagônicas. Para que uma relação vingue, então, é preciso que ambas as partes tenham consciência da delicadeza da situação e respeito pelas diferenças entre si.

O período adolescente do desenvolvimento psicológico de uma pessoa é superado à medida que ela faz escolhas: como e onde viver, que profissão abraçar, com quem formar um par. Tais definições costumam ser vividas com algum medo, em razão do comprometimento que trazem e das perdas que acompanham as escolhas, mas também são experimentadas com vigor, uma vez que se vai desenhando com precisão um modo de ser particular. É agradável saber se de posse de uma personalidade que se distingue de outras e que se pode apresentar ao mundo com alegria e segurança. Nessa fase de afirmação pessoal e social, o jovem adulto passa a conjugar um monte de verbos na primeira pessoa: eu gosto disso; eu não gosto daquilo; eu faço, aconteço, decido, escolho. E uma de suas escolhas será a parceria amorosa. Em geral, alguém da mesma faixa etária que vive igual experiência: gosta e não gosta, decide, escolhe. Uma vez juntos, os dois começam a afirmar suas diferenças um aos olhos do outro, em busca de espelhamento e confirmação, o que é natural. O problema
é que, ocupado com a afirmação da nitidez pessoal, cada um corre o risco de caprichar nos grifos e ênfase de suas perspectivas, valores e preferências, ficando desatento à necessidade que o outro tem de ser acolhido naquilo que o diferencia. Aí, pode começar o confronto entre dois holofotes. Um diz: "Eu quero ir à praia!" O outro: "É. Mas eu quero ir à montanha." Ambos se sentem orgulhosos por não terem dúvidas sobre o que querem, porém, quando contrariados, se queixam de não serem ouvidos nem considerados.

Se o jovem se sente seguro do que quer, não precisa fazer valer seu intento com tanta garra, nem instalar uma competição entre os distintos desejos. Agora, se está inseguro, ele tende a exigir do parceiro total e irrestrita adesão ao seu plano. Seu temor é o de que, uma vez refutada sua proposição, isso ponha em xeque seu valor como pessoa. E esse temor pode levá-lo a acirrar o posicionamento, eliminando a flexibilidade. Afirmar a própria diferença vira uma questão de honra! Se isso acontece com as duas partes do casal, os holofotes se tornam espadas e instala-se um verdadeiro duelo, que só desgasta a relação.

Numa perspectiva amorosa, os dois holofotes teriam, juntos, de iluminar um só caminho, de preferência satisfatório para ambos, capaz de conciliar os dois desejos, quem sabe inventando um terceiro, que seja comum. Ou, caso isso seja inviável, iluminariam ora o desejo de um, ora o do outro, num movimento sadio de reciprocidade. O amor requer a capacidade de renúncia ou adiamento do próprio desejo, em alguns momentos, em favor de um desejo maior, que é o de ver feliz a pessoa amada, ou de um caminho conciliador. É legítima a necessidade de ser confirmado, mas talvez se deva dispensar o parceiro de se ocupar em demasia com essa função - já que lembra o que os pais fazem pelos filhos - e buscar supri-la em outras relações, quem sabe com pessoas mais velhas, que são mais tranquilas. No âmbito do casal, o exercício dessa função só terá sucesso se ambos tiverem serenidade e forem capazes de oferecer reciprocidade.

Por: Alberto Lima

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02/06/2011

Busca por parceiros idealizados dificulta aprofundamento da união

Muitos homens e mulheres ainda sonham em relacionar-se com príncipes e princesas encantados. Na fase da paixão, pode até parecer que encontraram mesmo. Mas, como na vivência diária é bem diferente, logo se desiludem, deixam o parceiro e partem de novo em busca de alguém ideal. Eles reproduzem o erro indefinidamente e têm dificuldade para viver uma relação por inteiro.

A busca de um príncipe ou de uma princesa encantados ainda norteia muitos homens e mulheres em suas uniões afetivas. As características desejadas se alteraram, adequando-se ao mundo atual. Mas a base do comportamento continua a mesma: querem alguém perfeito, completo e estável, que traga felicidade e ainda supra todas as suas necessidades.

Esse anseio pelo par perfeito tem alguns aspectos positivos, como a consciência dos próprios desejos, das próprias necessidades, de forma que o autoconhecimento auxilie nas escolhas de parcerias. Mas a manutenção da busca por uma pessoa idealizada tem o inconveniente de dificultar a evolução do relacionamento.

Numa relação amorosa, normalmente não se enxerga o outro com clareza. Cada um dos parceiros o vê por intermédio do filtro dos próprios desejos e necessidades insatisfeitos. Os dois esperam que o outro os complete, ame e cuide deles. Ao perceberem que isso não vai ocorrer no grau desejado, é comum abandonarem o companheiro ou a companheira e saírem à procura de outro "amor". Continuam, porém, repetindo uma forma inadequada de agir. Deveriam é tomar consciência do próprio erro e estabelecer um novo contrato consigo mesmo e com o parceiro. Mas para isso é necessário que abandonem as fantasias e os desejos infantis sobre a relação homem/mulher e vejam o parceiro ou a parceira como realmente são.

Além do mais, o final com que todas essas pessoas sonham para sua história de amor é o antigo e já ultrapassado "ser feliz para sempre". Apesar de ninguém saber direito o que é felicidade, com certeza não é sinônimo de acomodação. Acomodar-se é o mesmo que fazer uma longa viagem no piloto automático ou deixar os controles do carro que se dirige na mão de outra pessoa. É trabalhoso realizar sonhos. Também é difícil conseguir o que se quer. Essa tarefa se torna menos complicada quando se foca nos sentimentos pessoais e nas mudanças internas que são necessárias.

Ficar preso na desilusão porque o outro não é o príncipe ou a princesa encantados fará com que a vida em comum se torne uma espécie de livro de "contas correntes", no qual serão registrados todos os itens que estão em débito e servirão de provas e armas para os embates que ocorrerão em cada nova frustração. Esse comportamento pode ainda criar um padrão de competição entre os parceiros, no qual cada um se concentra em provar que o outro é pior e o torna mais infeliz. O foco deixa de ser "como posso fazer o outro feliz", "como posso me aproximar do que o outro deseja", e se transforma em um jogo de dar menos do que o outro quer, fazer menos do que necessita. E os dois ficam presos nessa roda de infelicidade e frustração.

Enxergar a situação real significa se adaptar às próprias mudanças e às do outro. Rever as próprias escolhas e, assim, abrir as possibilidades de se recasarem. Poder casar muitas vezes com a pessoa com quem se está casado é confirmar que se tem consciência de que são pessoas que mudam com o tempo e os acontecimentos, e a cada etapa é necessário haver uma nova escolha do outro para ser seu parceiro. Escolha para um novo período. Isso implica um novo contrato, novas descobertas e também novos prazeres.

Para todas essas mudanças e propostas existe um ingrediente indispensável: a receptividade. Estar aberto para receber o outro como ele é, para enxergar o que deseja e o que o faz feliz. Isso muda a direção das preocupações. Se os dois o praticarem, a relação melhorará muito.

Por: Solange Maria Rosset

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22/05/2011

Longe da vista dos pais

Quando se tem filhos, os cuidados dobram com a chegada da puberdade. O período de mudanças hormonais costuma coincidir com a fase de imersão na web. Orkut, Facebook, Twitter, Youtube e outras ferramentas tornaram-se, na última década, o passatempo favorito da garotada, ainda muito incauta em se tratando de perigos virtuais.
A fim de investigar esse comportamento, a empresa McAfee, especializada em segurança da informação, levantou em 2010 com que frequência meninos e meninas acessavam a internet. Com base numa amostragem de 400 jovens, entre 13 e 17 anos, a pesquisa A vida secreta dos adolescentes: o comportamento dos jovens na web mostrou que navegar nas redes sociais é hoje a principal atividade nessa faixa etária, com 83% de adeptos.
A relação com os pais também foi abordada pelos pesquisadores. Dos adolescentes, 54% disseram ser questionados pelos responsáveis a respeito dos sites visitados, sendo que metade negociou, previamente, o que poderia ou não ser acessado. Apesar de a grande maioria, 88%, afirmar que os adultos acreditam que eles usam a internet corretamente, 39% não revelam as páginas que frequentam. Além disso, 32% deles têm como costume limpar o histórico do navegador e 39% minimizam o conteúdo toda vez que um adulto se aproxima. Ou seja, os pais ficam por fora do que os filhos estão publicando na rede.
Enquanto isso, os adolescentes divulgam nas redes sociais que, por exemplo, fumaram um cigarro, cabularam uma aula, tomaram um porre ou perderam a virgindade. Segredos escancarados para milhões de usuários da internet e desconhecidos pela família. “Como a maioria dos pais não domina essas ferramentas, eles desconhecem o que o filho está fazendo. Dessa forma, fica complicado para eles reconhecerem, a tempo, as consequências que os filhos podem sofrer com essas ações”, observa o psicólogo Fauzi Mansur.
Ao contrário de muitas mães que ainda acreditam que os filhos estão seguros em casa, mesmo com os olhos grudados no computador, a empresária Régia Rezende, 38 anos, faz questão de visitar as páginas frequentadas pela filha de 14 anos. Régia abriu uma conta em todas as redes sociais que a menina participa para tentar entender a mudança de comportamento da jovem, que antes só apresentava boas notas e conversava abertamente com a mãe. Qual não foi a surpresa de Régia ao ler posts e tweets indignados com a família e a escola?
“Fiquei surpresa com a raiva, com o linguajar da minha filha. Algo estava errado e isso me preocupou. Somos amigas e foi difícil perceber que, naquele espaço virtual, ela falava coisas sobre mim que eu nem sequer imaginava. Ela ainda contava tudo sobre o que sentia por um paquera, sem qualquer pudor”, lembra. A primeira providência a tomar foi chamar a filha e mostrar-lhe que estava ciente do que estava acontecendo. A adolescente explicou que não via nada demais no que fazia, uma vez que os amigos faziam o mesmo.
Trocar palavrões sobre os pais, compartilhar impressões sobre “ficantes”, criticar aulas da escola, combinar de sair para beber… Tudo estava ali. “Expliquei para minha filha que aquelas informações poderiam trazer implicações graves para ela”, recorda. Uma dessas exposições na internet, inclusive, rendeu à adolescente uma suspensão no colégio.
Hoje a garota se mostra mais conscienciosa e precavida. “Acho que o que aconteceu comigo foi um despertar. O mesmo deve ter acontecido com os outros pais de amigos da minha filha, que só souberam o que os filhos estavam escrevendo e fazendo porque eu fui atrás. Precisamos fazer parte desse universo para entender a linguagem dos nossos filhos e alertá-los sobre as consequências que determinadas informações podem acarretar no futuro”, enfatiza.


Revista do Correio Braziliense 22/05/2011

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09/05/2011

A Tirania do Corpo Perfeito

Ser bonito(a) e jovem é o exame admissional para a vida social.

Algumas mocinhas já consideram impossível ser felizes e, ao mesmo tempo, mostrar uma dobrinha na barriga quando sentam. Alguns mocinhos sacrificam boa parte da capacidade de aculturação que a natureza nos deu, em intermináveis e obsessivas horas “puxando ferro” nas academias de musculação. Isso sem contar com a comodidade que algumas pessoas gozam por poderem atribuir a um pequeno excesso de gordura na cintura, a um nariz ligeiramente mais profuso ou a um seio menos farto, toda a responsabilidade pelos fracassos em conquistar o sexo oposto. Parece estar havendo uma locação anatômica da felicidade, ora no seio, ora no nariz, ora na balança.

Pessoas têm como sonho de consumo a cirurgia plástica, a lipoaspiração ou, como se diz, a lipo-escultura (palavrinha mágica que mistura a perda da gordura com uma coisa artística). Algumas pessoas não se envergonham em dizer (não se envergonham por causa do apoio cultural) que se “pudessem fariam uma plástica geral, trocariam tudo, modificariam tudo”. Quer dizer, são pessoas infelizes com o próprio corpo.

Corpo Perfeito

O problema não seria grave se a preocupação com o corpo não fosse uma obsessão capaz de escravizar, capaz de entorpecer pessoas em busca de defeitos e dobrinhas aqui e ali, imaginando que se tirasse um pouquinho daqui, colocasse um tantinho a mais ali tudo ficaria melhor, mais perfeito, mais sarado.

Alguns podem contra argumentar que a pessoa não tem toda culpa por se submeter a esse escravagismo estético. A censura e a vigilância culturais seriam os grandes carrascos da prisão em estreitas calças jeans a que todos somos submetidos. Mas aí poderíamos parodiar Sartre: “– Se não podemos ser responsáveis por tudo aquilo que a cultura e a sociedade nos fez, seremos sim muito responsáveis pelo que faremos com tudo aquilo que a cultura e a sociedade nos fez”.

Alguns dos reflexos da submissão da felicidade humana ao corpo perfeito, malhado, esculpido, e com músculos bem definidos tem sido a anorexia e a bulimia, mais comum do lado feminino, e a vigorexia, mais comum em homens. Mas outros reflexos psíquicos não tão patológicos também fazem parte da obsessão pelo corpo, como a privação de contatos sociais, complexos de inferioridade, submissão aos “tratamentos milagrosos” (e caros), retraimento no contacto com o sexo oposto, consumo de medicamentos com severos efeitos colaterais, etc.

Ser jovem, aliás, ser eternamente jovem é a principal aspiração existencial de algumas pessoas, atualmente acrescida do ideal de beleza de ser magro(a), malhado(a) e esbelto(a). No Brasil, o conceito de beleza está associado a ser jovem, como se fosse impossível encontrar o belo fora da juventude. Talvez por isso nosso país esteja entre os primeiros no ranking da Cirurgia Plástica Rejuvenescedora, além de ser também um voraz consumidor de medicamentos para emagrecer.

É triste, mas às vezes as pessoas acham que o mais importante é o que aparentam, e não o que são de fato. E é comum dizer-se “– Nossa, você já tem 60 anos? Mas não parece...”. Não parece como? Baseado em que? Ora essa atitude invalida todas as experiências vividas para se chegar aos sessenta, que não se consegue aos trinta ou quarenta.

“Bela, jovem e magra, custe o que custar”. Ser bonita, fazer um book e tentar ser famosa através dos atributos físicos... Este é o conceito ideal que algumas meninas, adolescentes, jovens e mulheres perseguem incessantemente. Modelos, artistas de cinema e de televisão são os protótipos copiados por elas, colocando em segundo plano outros atributos que não os do corpo perfeito.

De fato, romper esses estereótipos culturais tem sido muito difícil. As pessoas são catalogadas culturalmente e classificadas em categorias sociais; jovens e belas, modernas, avançadas, de atitude, arrojadas, descoladas, enfim, nesse mundo pretensamente liberal e democrático, nessa sociedade que se diz respeitar a individualidade e autenticidade, quem não se enquadrar obrigatoriamente no modelinho da modernidade desejada estará, automaticamente, excluído do mundo das pessoas “de bem”. E um desses modelinhos implica na observância obsessiva dos limites do peso, tiranamente estabelecido por sabe-se-la-quem.

Mas há uma luz (tênue) no fim do túnel e aqueles que conseguem seguir o próprio caminho, emancipados dos estereótipos ou modelinhos culturais, parecem viver muito melhor. Foi o que mostrou uma pesquisa feita em 1995 na Universidade de Edinburgh, na Inglaterra, transformada no livro e comentada na revista Época. O autor, o psicólogo David Weeks, pesquisou, por uma década, pessoas que viviam fora dos padrões - tanto de comportamento quanto estéticos. Foram 789 americanos, 130 britânicos, 25 alemães e 25 neozelandeses. Ao fim, concluiu que pessoas fora dos padrões eram mais seguros, menos estressados, mais felizes e, por isso, tendiam a viver mais.

Fonte: GJ Ballone - Psiqweb

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23/04/2011

Fotos de Set's Terapêuticos do Museu de Ciência e Tecnologia em Londres

Exposição Psicanálise e o Inconsciente



Sempre que tenho a oportunidade de fazer uma viagem, seja por qual motivo for, procuro me informar se no local a ser visitado tem algo que eu possa fazer para agregar conhecimento a ser utilizado em meu trabalho.
Em visita recente a Londres, estive no Museu de Ciência e Tecnologia onde estava acontecendo uma exposição sobre Psicanálise e Inconsciente.
Compartilho algumas fotos com vocês. Espero que gostem.
Seguem algumas imagens de sets terapêuticos.

Observem que em todos os ambientes o analista fica posicionado fora do campo visual do analisando. 

Os psicanalistas mais ortodoxos ainda preferem atender em set's terapêuticos semelhantes aos das fotos.


01/02/2011

O Guardião do Mosteiro





Por: Autor desconhecido



Certo dia num mosteiro, com a morte do guardião, foi preciso encontrar um substituto.

O Mestre convocou, então, todos os discípulos para determinar quem seria o novo sentinela.

O Mestre, com muita tranquilidade, falou :

- Assumirá o posto o primeiro que resolver o problema que vou apresentar.

Então, ele colocou uma mesinha magnífica no centro da enorme sala em que estavam reunidos e, em cima dela, pôs um vaso de porcelana muito raro com uma rosa amarela de extraordinária beleza a enfeitá-lo e
disse apenas :

- Aqui está o problema !

Todos ficaram olhando a cena : o vaso belíssimo, de valor inestimável, com a maravilhosa flor ao centro.

O que representaria ? O que fazer ? Qual o enigma ?

Nesse instante, um dos discípulos sacou a espada, olhou o Mestre, os companheiros, dirigiu-se ao centro da sala e ... ZAPT ... destruiu tudo com um só golpe.

Tão logo o discípulo retornou a seu lugar, o Mestre disse :

- Você será o novo Guardião do Castelo.

Não importa qual o problema.

Nem que seja algo lindíssimo.

Se for um problema, precisa ser eliminado.

Um problema é um problema.

Mesmo que se trate de uma mulher sensacional, um homem maravilhoso ou um grande amor que se acabou.

Por mais lindo que seja ou, tenha sido, se não existir mais sentido para ele em sua vida, tem que ser suprimido.

Muitas pessoas carregam a vida inteira o peso de coisas que foram importantes no passado, mas que hoje somente ocupam um espaço inútil em seus corações e mentes.

Espaço esse indispensável para recriar a vida.

Existe um provérbio que diz :

"Para você beber vinho numa taça cheia de chá é necessário primeiro jogar o chá fora para, então, beber o vinho".

Limpe a sua vida, comece pelas gavetas, armários, até chegar às pessoas do passado que não fazem mais sentido estar ocupando espaço em seu coração.

O passado serve como lição, como experiência, como referência.

Serve para ser relembrado e não revivido.

Use as experiências do passado no presente, para construir o seu futuro.


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06/01/2011

Planos conjuntos reforçam laços e ajudam a manter viva a relação


 
Não há época mais oportuna para estabelecer metas como o início do ano. Quem está envolvido num relacionamento deve aproveitar o momento para pensar em projetos a dois, como realizar uma viagem, reformar ou comprar uma casa, ter um filho. Fazer planos conjuntos, além de ser uma grande demonstração de amor, traz segurança para o união.
Todo ano, nesta época, os meios de comunicação não se cansam de mostrar gente famosa ou comum falando sobre suas intenções, seus projetos para o novo ciclo de 365 dias que acaba de se iniciar. Apesar da repetição cansativa, esses depoimentos têm uma virtude. Eles nos inspiram a traçar os nossos próprios planos e tomar resoluções - em geral, aquelas que vêm sendo adiadas: “Neste ano vou emagrecer, deixar de fumar, fazer muita atividade física, guardar dinheiro, me separar, me casar”.
Nem sempre chegamos lá, mas, mesmo assim, é ótimo que façamos planos. Precisamos ter metas. Elas nos fazem avançar. E é assim também nos relacionamentos.
Para um casal, estabelecer objetivos é uma prova de amor. Nenhuma relação dura muito se os parceiros não traçam planos conjuntos. Eles dão vida à uniões. Pode ser uma viagem, a troca ou a reforma da casa, guardar dinheiro ou mesmo ter um filho. Quando se realiza um, outro vem logo em seguida. Se não há projetos, nem que seja o de um simples passeio, o namoro ou casamento tende a perder vigor, podendo até acabar.
Planejar significa, de certa maneira, controlar o futuro, o que dá aos amantes mais segurança. Significa, que os dois se querem e têm a intenção de continuar juntos. Mas é preciso que ambos estejam de acordo sobre os objetivos a serem alcançados e se empenhem para chegar a eles. Quando as metas saem da cabeça de apenas um dos parceiros e o outro simplesmente o segue, acaba sacrificando os próprios desejos, anulando-se. Esse tipo de situação gera ressentimentos e uma hora a cobrança vem.
Fazer planos é especialmente importante para parceiros ansiosos ou inseguros, pois eles se sentem mais fortes e capazes de atingir as metas estabelecidas. Os projetos colaboram para que se tornem mais responsáveis por seu futuro, saibam o que devem fazer, e em que ordem, e isso, em geral, dá bons frutos. Apenas é preciso tomar cuidado com planos ambiciosos demais. Quando não realizam, a frustração é certa, o que às vezes gera desgaste na relação. Os casais têm de almejar algo que seja possível colocar em prática - nem tão pequeno que não exija esforço, nem tão grande que desanime.
O começo de novo ano traz também uma mensagem de esperança, de que podemos refazer o que não deu certo, começar de novo. Se no ano anterior uma das partes do casal errou, mostrou-se egoísta, não foi carinhosa, ou não ajudou o outro, agora tem a possibilidade de fazer diferente, corrigir-se. Os ciclos que se repetem e os rituais ajudam os casais tentar mudar a relação, a refazê-la de maneira mais positiva. O ano que acaba nos lembra que é possível acabar também com tudo o que é ultrapassado e imperfeito em nossas vidas. É isso, sobretudo, que as pessoas que se gostam devem comemorar: a possibilidade de se corrigir, de recomeçar, de mudar.
Mais individuais, porém igualmente importantes para a relação, são os planos de aprimoramento pessoal, de crescimento emocional, de aumento da tolerância, além, é claro, do não julgamento do outro. Precisamos deixar de culpar o parceiro por todos os desentendimentos e pensar que, se o escolhemos, é porque há, na gente, inconsciente, algo daquilo que, nele, nos irrita. Assim quando optamos por alguém egoísta ou agressivo é bem provável que tenhamos aspectos egoístas ou agressivos, ainda que não os exerçamos. E, aí, é bom pensar no que devemos mudar em nós mesmos. Isso pode fazer com que o outro passe a nos ver de forma diferente e talvez mude também. Em suas parábolas, Jesus Cristo já dizia: “É mais fácil ver um cisco no no olho do vizinho do que uma trave em nosso próprio olho”. Uma boa meta para o novo ano é tentar enxergar os ciscos em nossos olhos. Se o fizermos, ficará muito mais fácil realizar ao lado de nosso amor, os planos para 2011.

Por: Leniza Castello Branco

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