24/08/2010

Atitudes que facilitam a resolução de problemas

Por: Jael Coarac
  
   Não existe uma fórmula pronta para resolver problemas. O que funciona para uma pessoa pode não funcionar para outra. 
    A maneira de resolver um problema depende da natureza de cada um.
   Algumas atitudes e comportamentos que podem ajudá-lo a encontrar as soluções que procura para superar suas dificuldades. Elas não estão dispostas numa ordem especial, mas são instrumentos de navegação que podem funcionar como referências no seu percurso até as soluções que procura:

• Reconhecer o problema é o primeiro passo para resolvê-lo. Aceite a situação como ela se apresenta. Quando você deixa de resistir ao que se apresenta, em dado momento, recupera grandes quantidades de energia que estavam sendo utilizadas no processo de resistência. A energia liberada poderá então, ser utilizada na busca de soluções criativas.

• Pergunte a si mesmo: o que de pior pode acontecer nesta situação? Esta pergunta o ajudará a colocar o problema em suas devidas proporções. Frequentemente, a mente produz fantasias aterrorizadoras que jamais acontecerão. Ao dimensionar o que poderia acontecer de pior, você perceberá que esteve criando fantasmas mentais, e que todas as coisas têm solução. Passará a agir na direção dos resultados positivos.

• Defina quais as soluções possíveis para o problema e entre em ação. Einstein dizia que não é possível encontrar a solução para um problema com o mesmo padrão de pensamento em que a pessoa estava quando o problema foi criado...

• Reúna informação sobre a questão. Ao adquirir conhecimento sobre o problema, o medo e a ansiedade diminuem significativamente. Procure conversar como outras pessoas que resolveram dificuldades semelhantes. Embora cada ser seja único e o que valeu para um, pode não funcionar para você, sempre poderá aprender com a experiência do outro.

• Peça apoio das pessoas em quem confia. Se for o caso, peça ajuda a especialistas. Sentirá que não está tão só para fazer o percurso necessário até solucionar sua dificuldade.

• Em vez de querer estar com a razão e brigar por isso, abra a mente e pare de fazer julgamentos. A necessidade de estar sempre certo pode afastar as respostas que estão no seu caminho.

• Divida o problema em pequenos desafios que poderão ser vencidos, um a um. Muitas vezes, chegar à solução final pode parecer algo muito grande ou fora de alcance. Se, entretanto, você estabelecer o percurso, passo a passo, poderá se manter no caminho certo sem se deixar abater pelas dificuldades.

   Aprecie e valorize o aprendizado que um problema apresenta. Em vez de reclamar ou de sentir-se vítima da situação, aproveite para crescer e seguir adiante na direção dos seus sonhos e objetivos de vida.

16/08/2010

Conversando com os pais



Antes que eles cresçam



Por: Afonso Romano de Santana

Há um período em que os pais vão ficando órfãos dos seus próprios filhos. É que as crianças crescem independentes de nós como árvores tagarelas e pássaros estabanados, e crescem sem pedir licença. Crescem com uma estridência alegre e, às vezes, com alardeada arrogância. Mas não crescem todos os dias, de igual maneira, crescem de repente. Um dia sentam-se perto de você no terraço e dizem uma frase com tal maturidade que você sente que não pode mais trocar as fraldas daquela criatura.
Onde é que andou crescendo aquela “danadinha”, que você não percebeu? Cadê aquele cheirinho de leite sobre a pele? Cadê a pazinha de brincar na areia, as festinhas de aniversário com palhaços e amiguinhos e o primeiro uniforme do maternal?
A criança está crescendo num ritual de obediência orgânica e desobediência civil. E você agora está ali na porta da discoteca esperando que ela não apenas cresça mas também apareça. Ali estão muitos pais ao volante esperando que saiam esfuziantes sobre patins e cabelos soltos.
Entre hambúrgueres e refrigerantes nas esquinas, lá estão nossos filhos que conseguimos gerar apesar dos golpes dos ventos, das colheitas das notícias e das ditaduras das horas. E eles crescem meio amestrados, observando nossos erros.
Há um período em que os pais vão ficando órfãos dos próprios filhos. Não mais os pegaremos nas portas das discotecas e festas. Passou o tempo do balé, do inglês, da natação e do judô. Saíram do banco detrás e passaram para o volante das próprias vidas.
Deveríamos ter ido mais à cama deles ao anoitecer para ouvirmos sua alma respirando conversas confidenciais entre os lençóis da infância, e os adolescentes cobertos daquele quarto cheio de adesivos, pôsteres, agendas coloridas e discos ensurdecedores. Não, não os levamos suficientemente ao parque de diversões, ao shopping, não lhes demos suficientes hambúrgueres e cocas, não lhes compramos todos os sorvetes e roupas merecidas.
Eles cresceram sem que esgotássemos neles todo nosso afeto. No princípio, subiam a serra ou iam à casa de praia entre embrulhos, bolachas, engarrafamentos, natais, páscoas, piscina e amiguinhos. Sim, haviam as brigas dentro do carro, a disputa pela janela, pedidos de chicletes e sanduíches e cantorias infantis. Depois chegou a idade em que viajar com os primeiros namorados. Os pais ficaram exilados dos filhos. Tinham a solidão que sempre desejaram, mas, de repente, morriam de saudades daquelas “pestinhas”.
O jeito é esperar. Qualquer dia podem nos dar netos. O neto é a hora do carinho ocioso estocado, não exercidos nos próprios filhos e que não podem morrer conosco. Por isso os avós são tão desmensurados e distribuem tão incontrolável carinho. Os netos são a última oportunidade de reeditar o nosso afeto.
Por isso é necessário fazer alguma coisa a mais, antes que eles cresçam.

15/08/2010

Reflita sobre seus hábitos.




“Autobiografia em Cinco Capítulos”

Por:Nyoshul Khenpo

Primeiro Capítulo
Ando pela rua
Há um buraco fundo na calçada
Eu caio
Estou perdido... sem esperança
Não é culpa minha
Levo uma eternidade para encontrar a saída.

Segundo Capítulo
Ando pela mesma rua.
Há um buraco fundo na calçada
Mas finjo não vê-lo.
Caio nele de novo.
Não posso acreditar que estou no mesmo lugar
Mas não é culpa minha
Ainda assim levo um tempão para sair.


Terceiro Capítulo
Ando pela mesma rua.
Há um buraco fundo na calçada
Vejo que ele ali está
Ainda assim caio... é um hábito
Meus olhos se abrem
Sei onde estou
É minha culpa.
Saio imediatamente

Quarto Capítulo
Ando pela mesma rua.
Há um buraco fundo na calçada
Dou a volta.

Quinto Capítulo
Ando por outra rua

13/08/2010

Crise dos 25 anos: um mundo de opções e dúvidas.


Por: Humberto Maia Junior
   Até pouco tempo, Daniel e Lívia estavam perdidos, inseguros e confusos. Jovens, de boas famílias, bem educados e conscientes do quanto o mundo pode oferecer a eles, não conseguiam se decidir sobre qual caminho seguir. Falta de maturidade? Talvez. Os dois, como milhões de outros jovens nascidos entre o final da década de 1970 e final da de 1980, sofreram da crise dos 25.
   A crise dos 40 se dá quando a pessoa, já madura, questiona o rumo dado à vida e se lamenta de não ter conseguido realizar os sonhos de juventude. Já a dos 25 antecipa essas angústias quando o jovem, vendo um mundo de opções atraentes, hesita em fazer a melhor escolha.
   Afinal, o que é melhor: comprar um carro ou viajar para o exterior? Casar, namorar ou curtir a vida de solteiro? Fazer especialização, um MBA no exterior, ou se dedicar ao emprego e juntar o máximo de dinheiro possível? Ou, melhor mesmo, seria prolongar a adolescência e ficar pulando de curso em curso na universidade?
   O termo Quarterlife Crisis, ou crise de um quarto de século ( tradução livre), criado no começo do século 21 nos Estados Unidos, foi popularizado no livro "A Crise dos 25", de Alexandra Robbins e Abby Wilner. A situação também aparece em filmes como "Encontros e Desencontros", e na música "Why Georgia", de John Meyer. Todos tentam traduzir essa transição para a vida adulta.
   Há pouco mais de 30 anos, essa transição era mais fácil, diz a psicóloga Denise Pará Diniz, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). A geração dos pais da garotada de hoje tinha menos escolhas. A trajetória era mais definida: conseguir um emprego que desse estabilidade necessária para o casamento e os filhos. "A pessoa ia meio que no automático", diz Denise.
   Hoje, as opções são completamente diferentes. "Os jovens adultos do século 21 cresceram em um ambiente infinitamente mais complexo e tornaram-se bem mais exigentes", argumentam os autores no livro.
   Nesse meio, o casamento não é visto como algo vitalício. Ter filhos vem depois da estabilização na carreira e da realização de sonhos como conhecer o mundo e curtir a vida. E a carreira não é apenas a forma de obter dinheiro - mas satisfação pessoal.
   A psicóloga Lulli Milman, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), especialista no atendimento a jovens, diz que o indivíduo também enfrenta a pressão por uma vida perfeita. "No mundo contemporâneo, é preciso ter tudo. Tudo deve ser maravilhoso, senão a pessoa é vista e se vê como uma fracassada."
   De quem é a culpa? Os pais teriam falhado ao oferecer de tudo aos filhos e sem exigir algo em troca? Pagar MBA ou as férias, em si, não é ruim. "Batalhamos para dar aos nossos filhos coisas que os nossos pais não deram", diz Denise, mãe de um rapaz de 25 anos. "Mas os nossos pais fizeram algo que muitos pais não fazem hoje: conversar com os filhos sobre a realidade." Ao contrário, apelam à super proteção, o que posterga problemas que um dia virão.
   Como resultado, os jovens estariam relutando em assumir responsabilidades. "É comum jovens que vêm à clínica dizendo que não têm ideia de como se imaginam em alguns anos", conta Lulli. "Eu forço eles a dizer algo como 'ser garçom em Londres', 'subir o monte Everest', mas eles não conseguem falar." Aí, vem a sentença fatal: "Muita gente hoje não tem perspectiva de futuro".
   Se alguns falham na hora de imaginar os sonhos, outros temem em assumir escolhas: ou ficam estagnados ou estão sempre mudando. "Essa fase dos 25 anos é uma época de escolhas, mas não se pode patinar nas decisões", afirma Denise. O problema é que a tomada de decisões implica algumas perdas. "Sempre que se escolhe alguma coisa, se perde outras. A vida é assim porque não dá para ter tudo junto."

RESGATADO PELO SOCIAL
   Dinheiro nunca foi importante para o americano Daniel Brett, que completa 25 anos no mês que vem. Aos 23, formado em Economia, ganhava US$ 30 por hora em um escritório de São Francisco. Morando com os pais, seguia rumo ao "american dream" - ganhar o primeiro milhão de dólares até os 30 anos. Ficar preso em uma sala não era, porém, vida para ele. "Não via propósito nisso", relembra. "Comecei a questionar o que eu queria, mas estava completamente perdido."
  Ao ler o livro "Na Natureza Selvagem", que narra a história de Chris McCandless, o jovem que, em 1990, doou a poupança de US$ 24 mil e se tornou andarilho nos EUA até morrer no Alasca dois anos depois (a história ganhou versão cinematográfica), pensou em seguir a vida errante. Preferiu fazer serviço social na Índia, onde dava aulas para crianças carentes. Voltou para casa após dois meses.
   Pensou em conhecer a América do Sul. Comprou passagem de ida para a Colômbia e seguiu para a Argentina. "Pensei que eu poderia dar aulas de inglês." Mas, até chegar a Buenos Aires, ainda não tinha certeza do que queria. Leu o livro "O Banqueiro dos Pobres", em que o indiano Muhammad Yunus conta sobre a fundação de um banco que empresta dinheiro (sem garantias) aos pobres.
   Hoje, Brett pesquisa o impacto ambiental da pesca de salmão no Chile. Em 2010, quer morar no Brasil para trabalhar com pessoas carentes. "Hoje, me sinto mais seguro."
   O QUE O JOVEM PRECISA SABER Os conselhos das psicólogas Denise Pará Diniz e Lulli Milman para os jovens: - A vida se constrói por etapas. Ninguém consegue ter tudo o que quer de uma vez - Sonhar é bom. Arriscar, idem. Mas insistir em metas irrealizáveis é um erro - Sempre é possível recomeçar - Experiências existem para serem vividas. Se boas, ótimo. Se ruins, aprenda com elas - Escutar pais, amigos ou modelos é bom e saudável. Mas quem faz escolhas é você - Na vida, existem direitos... e deveres.

QUAL SONHO EU DEVO ESCOLHER?
   A designer de moda Lívia Fonseca de Freitas, 27, é extrovertida, descolada e decidida: em janeiro, deixou São Paulo para estudar em Milão. "Sempre senti que o Brasil não era o meu lugar." Ela também não hesitou em abandonar o emprego - trabalhava para o estilista Rogério Figueiredo, que faz vestidos de festa para socialites e celebridades. "Era bacana, gostava muito de lá, mas não ganhava (salário) de acordo com as minhas qualificações."
   A autoconfiança dela para por aí. Lívia tem vários pontos de interrogações na cabeça. Um deles é sobre o grande dilema de muitas mulheres: até que ponto vale a pena investir na carreira e deixar de lado casamento e filhos? "Deixei o Brasil porque, se não mudasse, continuaria na mesma vida até casar e ter filhos", diz. "Mas também quero ter uma família. Aí fica um peso. Será que não dá para ter os dois?".
   Outro receio é na vida profissional. Apesar de estar cursando Master em Fashion Designer na capital mundial da moda, está desempregada, o que aumenta a insegurança. "Estou estudando, realizando um sonho, mas e aí? O que vem depois? Fico com medo... Vou ser bem-sucedida?" Assim como Lívia, ninguém tem essa resposta. Ela fala sobre os planos e, em seguida, hesita de novo: "Será que eu estou fazendo as escolhas certas?"

Casais Homossexuais

Casais homossexuais conquistam na Justiça o direito à união estável.  

   O Brasil, ao contrário de muitos países, ainda não conseguiu aprovar uma lei que permita a união estável para casais homossexuais, apesar de haver 17 projetos de lei sobre o assunto em tramitação no Congresso Nacional. Diante da morosidade do Poder Legislativo - que começou a discutir o assunto em 1995 -, os direitos civis desses casais estão sendo conquistados no Judiciário. Pelo menos 10 tribunais estaduais e o Superior Tribunal de Justiça (STJ) já admitiram haver união estável entre casais de mesmo sexo em seus julgados.
 

   Partindo do reconhecimento dessa união, magistrados já concederam a homossexuais pensão por morte, inclusão em plano de saúde como dependente e participação em herança. Também já autorizaram a adoção de crianças por casais de mesmo sexo. A primeira adoção foi admitida pelo STJ em abril deste ano. No caso, uma das mulheres já havia adotado duas crianças ainda bebês. E sua companheira, com quem vive desde 1998, queria também figurar como mãe no registro dos menores. Ao analisar o processo, os ministros da 4ª Turma foram unânimes em manter a decisão favorável ao casal proferida pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS). Para eles, na adoção deve prevalecer sempre o melhor para a criança. E, nesse caso, os laços afetivos entre as crianças e as mulheres são "incontroversos".
 

   Desde 1998, o STJ vem reconhecendo a união estável entre homossexuais. Mas só dez anos depois, em 2008, é que a Corte passou a analisar o tema como direito de família, e não como direito patrimonial. O primeiro caso envolve um engenheiro agrônomo brasileiro que vivia há 20 anos com um canadense. Eles buscaram a declaração de união estável para obter visto permanente para o estrangeiro. Na época, a votação foi apertada em três votos a dois, a favor do reconhecimento. No entanto, o Ministério Público Federal (MPF) resolveu contestar a decisão. Como o caso está pendente de julgamento, o canadense decidiu regularizar sua situação no Brasil por outra via, com visto de trabalho.
 

   O tema já chegou, inclusive, no Supremo Tribunal Federal (STF). A Procuradoria Geral da República (PGR) defende em uma ação direta de inconstitucionalidade (Adin), ajuizada no ano passado, que o não reconhecimento da união entre pessoas do mesmo sexo como entidade familiar estaria desrespeitando os princípios da dignidade da pessoa humana, da igualdade, da vedação de discriminações odiosas, da liberdade e da proteção à segurança jurídica. O caso foi levado diretamente ao Plenário da Corte. 
   Para a advogada e vice-presidente do Instituto Brasileiro da Família, Maria Berenice Dias, apesar de não haver ainda um posicionamento do Supremo, é irreversível o avanço conquistado pelos casais homossuexuais na Justiça. Ela, que já foi juíza e desembargadora no Rio Grande do Sul, já julgou diversos processos sobre o tema. Entre os casos emblemáticos, um que trata do direito de herança a um parceiro homossexual no Tribunal de Justiça gaúcho. Após uma relação que durou 47 anos, o companheiro teve que entrar na Justiça para brigar com o Estado pelo seu direito à herança, já que o falecido não tinha parentes. No fim, em um julgamento apertado, a Corte estadual reconheceu a união e o direito à herança. Porém, o caso ainda está pendente de recursos nos tribunais superiores.
 

   Mas, ainda que haja diversas decisões favoráveis na Justiça, somente uma lei poderia assegurar esses direitos civis a todos os casais homossexuais, segundo Maria Berenice Dias. Ela afirma que isso seria fundamental para encerrar de vez a polêmica sobre o reconhecimento da união estável. "Até para que esses casais não dependam da interpretação de juízes, órgãos da administração ou de empresas. Sem uma regulamentação formal, ainda há uma enorme dificuldade", diz.
 

   Como a Constituição e o Código Civil apenas admitem a união estável entre homem e mulher, uma simples alteração nesses termos bastaria para que essas relações homoafetivas pudessem ser reconhecidas. E essa mudança aparentemente simples poderia até diminuir o preconceito existente, segundo advogada e professora de direito de família do Mackenzie, Ana Scalquette. Assim como ocorreu com a regularização do divórcio ou da união estável.
 

   Para a professora, o país tem caminhado para o reconhecimento de um novo núcleo familiar, sem o formalismo de um casamento, como ocorreu na Argentina, mas onde se admite a união estável. Para ela, " independentemente de religião, dogmas e preceitos, o Estado tem que tratar todos de forma igual, sem distinção". A advogada Regina Beatriz Tavares da Silva, presidente da Comissão de Direito de Família do Instituto dos Advogados de São Paulo (IASP), também entende que é oportuna a aprovação de uma lei que permita a união estável para casais homossexuais, desde que não contrariem as normas de ordem pública e os bons costumes. Para ela, seria importante fazer essa ressalva para que cada juiz decida dentro do contexto existente em cada cidade brasileira, respeitando a diversidade cultural.

Companheiro pode ser incluído no IR?
 

   O governo federal garantiu este ano alguns direitos aos casais de mesmo sexo. O Ministério da Fazenda aprovou em julho um parecer da Procuradoria-Geralda Fazenda Nacional (PGFN) que dá direito a homossexuais de incluir o companheiro ou companheira como dependente no Imposto de Renda. Os casais podem retificar as declarações dos últimos cinco anos.
 

   Em junho, a Advocacia-Geral da União (AGU) admitiu que a união homoafetiva estável dá direito ao trabalhador do setor privado de receber benefícios previdenciários. E o Ministério de Relações Exteriores passou a emitir passaportes diplomáticos para companheiros de servidores que trabalham nas representações do Brasil no exterior. Desde 2006, o órgão concede assistência médica a parceiros homossexuais.
 

   Para o presidente da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), Toni Reis, além das conquistas obtidas no Judiciário e no Executivo, foi estabelecido um plano na Conferência Nacional de Políticas Públicas para Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (GLBTT), que ocorre desde 2008, com 180 ações para serem colocadas em prática em 18 ministérios. Em geral, são movimentos para diminuir o preconceito e melhorar a integração.
 

   Na esfera legislativa, Reis informa que foi formada uma Frente Parlamentar pela Cidadania GLBT, que reúne em torno de 240 parlamentares federais. E que a associação agora está empenhada em aprovar o projeto de lei nº 4.914, de 2009, assinado por 11 parlamentares de partidos diferentes. A proposta, que tramita na Câmara dos Deputados e ainda tem que passar pelo Senado Federal, altera o Código Civil e estabelece a união estável para casais homossexuais. O presidente da entidade afirma que tem esperança de que seja aprovada em breve uma lei sobre o tema. "Não queremos destruir a família de ninguém, só queremos construir a nossa família, com direitos iguais".

Parceiras querem ter seus nomes em certidões de nascimento de gêmeos

    Adriana Tito Maciel e Munira Khalil El Orra estão juntas há quatro anos. E, há quase dois anos, as duas pleiteiam na Justiça paulista o direito de registrar como mãe os gêmeos Eduardo e Ana Luiza, de um ano e três meses.

    Adriana gerou os bebês que, por enquanto, estão registrados apenas em seu nome. Mas Munira doou os óvulos para fazer a inseminação artificial. Esse é provavelmente o primeiro caso na Justiça em que figuram a mãe biológica e a mãe que gerou as crianças.

    A advogada do casal, Maria Berenice Dias, do Maria Berenice Dias Advogados, entrou com o processo antes dos bebês nascerem. Para Adriana, a ideia era já registrar no nome das duas. "Mas como isso não ocorreu em tempo, tive que registrar sozinha", afirma. Essa situação já provocou alguns transtornos para Munira, que ainda não é oficialmente mãe dos gêmeos. Eduardo nasceu com uma síndrome rara e precisa de tratamento, mas Munira não pode viajar com ele sem autorização expressa de Adriana. "Na AACD, onde o Eduardo faz tratamento, eles entenderam a situação e foram solidários. Por isso, Munira pode acompanhar nosso filho", diz Adriana. Porém, segundo ela, " fica complicado para Munira ter que provar o tempo todo que também é mãe das crianças".

    Para Adriana, a família que elas construíram é igual a todas as outras. Elas moram na casa ao lado da sua mãe e do seu irmão. E a mãe de Munira vai sempre visitá-las no fim de semana. "O direito tem que ser igual para todos. A igualdade tem que prevalecer", afirma. Segundo Adriana, as duas dividem tudo, " de responsabilidades a fraldas". "Tudo isso tem que ser encarado com naturalidade. Temos um enorme carinho pelas crianças. A Ana já nos chama de mãe." 
Adriana Aguiar, de São Paulo

Fonte: VALOR ECONÔMICO - LEGISLAÇÃO & TRIBUTOS

12/08/2010

Conversa entre mulheres

Estudo demonstra que hipnose pode ajudar mulheres a enfrentar biópsia de mama.


   Um estudo apresentado no final de novembro em um grande congresso médico demonstrou que o relaxamento provocado pela hipnose reduziu a ansiedade e dor sentidas por mulheres submetidas a biópsia de mama. Além disso, o procedimento levou menos tempo, possivelmente por que as mulheres estavam num estado relaxado, reduzindo o estresse da equipe médica.



   O estudo, realizado pelo Beth Israel Deaconess Medical Center e a Harvard Medical School em Boston, foi apresentado no encontro da Radiological Society of North America, de acordo com o site de notícias científicas EurekAlert!



   "A hipnose pode ajudar muito as mulheres a enfrentar a biópsia de mama," afirmou a Dra. Elvira V. Lang, professora adjunta de radiologia da Universidade de Harvard. "Esta é uma tendência guiada pelos consumidores. E já estamos testemunhando o início dela."



   De acordo com o site EurekAlert! , participaram do estudo 236 mulheres que se submeteram a biópsias com agulha de grosso calibre. Setenta e seis mulheres receberam cuidados padrão, 82 mulheres receberam cuidados com atenção empática estruturada, com uma pessoa encarregada de ser responsiva às suas necessidades, e 78 mulheres induziram relaxamento auto-hipnótico. Um assistente de pesquisa treinado lia um script de indução hipnótica, instruindo as pacientes a virar os olhos para cima, fechando-os, respirando profundamente, concentrando-se em uma sensação de flutuação e invocando com todos os sentidos um cenário agradável de livre escolha.



   Os pesquisadores compararam fatores, incluindo níveis de dor e ansiedade, tempo e custo do procedimento. A ansiedade aumentou no grupo de cuidados padrão, permaneceu o mesmo no grupo de atenção empática e diminuiu no grupo de hipnose. Os grupos de empatia e de hipnose relataram um nível significativamente menor de dor do que o grupo padrão. Tempo e custo não diferiram significativamente, mas o grupo de hipnose registrou o tempo mais curto e também o menor custo.



   "Os resultados mostram que métodos não farmacológicos podem ser muito poderosos e sem efeitos colaterais," afirmou a Dra. Lang. "Os resultados ampliam suposições anteriores a respeito das intervenções mente-corpo, no sentido de que o relaxamento auto-hipnótico pode ser aprendido muito rapidamente, na mesa de procedimentos, sem custo adicional, desafiando a noção de que várias visitas ao consultório ou preparações são necessárias."



   O instrutor de relaxamento auto-hipnótico também ensinou às pacientes uma 'ferramenta' de superação que poderiam usar posteriormente para aliviar a ansiedade.



   "Esta pesquisa adota uma proposta holística que combina 'alta-tecnologia' com 'alta-sensibilidade' que respeita as necessidades de mulheres durante períodos tensos que envolvem a biópsia de mama," disse a Dra. Lang, acrescentando que o método tem sido aplicado com sucesso em outros procedimentos.

Por: Gastão Ribeiro
FONTE: nbc4.com

Tradução: www.sbhh.org.br

10/08/2010

Conversa de Casal


Para Que Serve Uma Relação a dois?

Por: Martha Medeiros

   "Uma relação tem que servir para tornar a vida dos dois mais fácil".
   Algumas pessoas mantém relações para se sentirem integradas na sociedade, para provarem a si mesmas que são capazes de ser amadas, para evitar a solidão, por dinheiro ou por preguiça. Todos fadados à frustração.
   Uma relação tem que servir para você se sentir 100% à vontade com outra pessoa, à vontade para concordar com ela e discordar dela, para ter sexo sem não-me-toques ou para cair no sono logo após o jantar, pregado.
   Uma relação tem que servir para você ter com quem ir ao cinema de mãos dadas, para ter alguém que instale o som novo enquanto você prepara uma omelete, para ter alguém com quem viajar para um país distante, para ter alguém com quem ficar em silêncio sem que nenhum dos dois se incomode com isso.
   Uma relação tem que servir para, às vezes, estimular você a se produzir, e, quase sempre, estimular você a ser do jeito que é, de cara lavada e bonita a seu modo. Uma relação tem que servir para um e outro se sentirem amparados nas suas inquietações, para ensinar a confiar, a respeitar as diferenças que há entre as pessoas, e deve servir para fazer os dois se divertirem demais, mesmo em casa, principalmente em casa.
   Uma relação tem que servir para cobrir as despesas um do outro num momento de aperto, e cobrir as dores um do outro num momento de melancolia, e cobrirem o corpo um do outro quando o cobertor cair.
   Uma relação tem que servir para um acompanhar o outro no médico, para um perdoar as fraquezas do outro, para um abrir a garrafa de vinho e para o outro abrir o jogo, e para os dois abrirem-se para o mundo, cientes de que o mundo não se resume aos dois.
   Isso de querer ser exatamente aquilo que a gente é ainda vai nos levar além.

09/08/2010

Estimulação cerebral com eletricidade é eficaz contra a depressão

Por: Agência USP
Os eletrodos são ligados a uma fonte de energia que emite uma baixa tensão em corrente contínua, que não chega a incomodar, não causa dor e não possui efeitos colaterais.[Imagem: Ag.USP]

Transtorno Depressivo Maior
   O Centro de Pesquisas Clínicas do Hospital Universitário (HU) da USP está avaliando o uso da estimulação transcraniana por uma corrente elétrica para tratar o Transtorno Depressivo Maior.
   O protocolo de pesquisa está analisando 120 pessoas com depressão moderada, depressão grave e depressão muito grave, utilizando ou não medicamentos.
   O Transtorno Depressivo Maior é caracterizado pelo estado psíquico com humor deprimido, que prejudica as atividades profissionais e de lazer, levando à incapacidade de trabalhar e de se divertir, tanto por falta de prazer, quanto por falta de energia.


Incapacidade pela depressão
    A depressão é uma causa comum de incapacitação funcional.
   "As pessoas deprimidas apresentam alterações no padrão de sono e do apetite (muito ou pouco) e do pensamento (pensamentos de culpa, pessimista e de morte). Pessoas muito deprimidas também podem sofrer de dores crônicas e de distúrbios ansiosos", explica o psiquiatra André Russowsky Brunoni, um dos responsáveis pelo projeto.
   "Nossa pesquisa se assemelha a outras já realizadas nos EUA, Itália, Alemanha e mesmo no Brasil. De maneira geral, estas pesquisas mostraram uma eficácia deste tratamento, o que anima novos estudos. Por outro lado, deve-se ressaltar que todos estes estudos foram em pequenos grupos e que as suas conclusões não são necessariamente aplicáveis na nossa população", destaca Brunoni.


Energia contra a depressão
   O procedimento utilizado durante a pesquisa é bastante simples. No paciente sentado ou deitado são colocados eletrodos, envolvidos em esponjas com soro fisiológico na região frontal da cabeça.
   Os eletrodos são ligados a uma fonte de energia que emite uma baixa tensão em corrente contínua, que não chega a incomodar.
   A estimulação é indolor e não apresenta efeitos colaterais, nem de curto, nem de longo prazo. "A estimulação dura cerca de 30 minutos e deve ser aplicada consecutivamente por 10 dias úteis, aproximadamente duas semanas."


Efeitos colaterais dos antidepressivos
   Atualmente o tratamento da depressão é feito com o uso de antidepressivos, que podem causar diversos efeitos colaterais, como disfunção erétil, ganho de peso, sonolência, náuseas e vômitos, diarreia ou prisão de ventre, entre outros.
   "Estudos mostram que cerca da metade dos pacientes abandonam o tratamento em um ano devido aos efeitos colaterais. Além disso, um em cada três pacientes continua deprimido mesmo depois de tomar adequadamente mais de quatro antidepressivos."
   Vários estudos tentam descobrir porque os antidepressivos não funcionam para algumas pessoas, enquanto outros concluíram que os antidepressivos não funcionam por tratarem o estresse e não a própria depressão.
   Um dos objetivos da pesquisa é mostrar que o tratamento da estimulação funciona no mínimo tão bem quanto o antidepressivo.
   "Podemos esperar que no futuro a estimulação transcraniana seja oferecida para aquelas pessoas que não toleram antidepressivos devido aos efeitos colaterais, para pessoas que não podem tomá-los, como as gestantes, ou ainda para pessoas que estejam em uma depressão muito grave e que possam receber tratamento combinado de estimulação e medicação", conclui o pesquisador.


Aceitam-se candidatos
   O Centro de Pesquisas Clínicas do HU está selecionando candidatos para participar da pesquisa. Os interessados devem ter idade entre 18 e 65 anos, ser portador de depressão sintomática (ou seja, no mínimo depressão atual moderada ou grave) e podem estar usando antidepressivos atualmente.
   Todos serão avaliados para confirmação do diagnóstico de depressão. Mais informações podem ser obtidas pelo e-mail pesquisacientificahu@gmail.com ou pelos telefones (11)3091-9241 (Roberta), das 8 às 16 horas.
   Os resultados finais da pesquisa estão previstos para serem divulgados em 2011.

Fonte: http://www.diariodasaude.com.br/news.php?article=estimulacao-cerebral-eletricidade-contra-depressao&id=5470

06/08/2010

Universitários e especialistas orientam estudantes na escolha profissional

Por: Veruska Donato

   O Jornal Hoje visitou uma feira de profissões em São Paulo e esclarece algumas dúvidas de quem ainda não sabe qual graduação cursar ou a profissão que irá seguir.
   Eles têm entre 16 e 18 anos. É agora que devem decidir qual profissão seguir. Confusão faz parte.
   Essa feira organizada pela Universidade de São Paulo (USP) mostra os altos e baixos de cada curso e as necessidades da profissão. Mais de 1.500 estudantes visitaram os estandes.
   Há, no País, 274 cursos universitários, quase cinco vezes mais do que os 58 cursos que existiam na década de 80.
  Antigamente era assim, se gostava de matemática, seria um futuro engenheiro. Redação: jornalista. Hoje, você pode se dar muito bem de química e se tornar um publicitário.
  Por que não? Algumas perguntas podem ajudar na hora de escolher uma faculdade.

- Você quer trabalhar com crianças, adultos, animais ou natureza?
- Qual o seu talento? Construção civil, tecnologia ou educação?
- Você quer trabalhar em período integral ou meio período?
- Quer ter horário fixo ou flexível?
- O lugar onde você quer trabalhar é uma cidade grande ou pequena?
- Seu objetivo é ganhar dinheiro ou se realizar profissionalmente?

  "O trabalho de orientação profissional tem duas partes. Uma parte é o autoconhecimento, em que o estudante teve que pensar a respeito dele mesmo, e uma segunda etapa, que a gente apresenta as possibilidades. A partir daí, vai começar uma parte de busca de informação profissional o mais atualizada possível”, explica Maria da Conceição Uvaldo, coordenadora do Instituto de Psicologia da USP.
   Um núcleo de orientação vocacional desenvolveu um Jogo das Vocações para auxiliar os estudantes. Não é um teste que indica qual profissão seguir, a proposta é que ele ajude o estudante a pensar nas variáveis que envolvem a decisão profissional para que ele tenha mais condições de fazer sua opção.

 
Clique aqui para acessar o jogo:

Resiliencia: como colocar o stress a seu favor.

Por: Renata Reginato

   Resiliencia é a chave para uma pessoa gerenciar pressões e stress; ela enfrenta as adversidades com lucidez, de uma forma que a torna permeável ao processo de mudança. A palavra vem do latim “resílio” que significa voltar ao estado natural, resiliencia é um termo tomado de empréstimo da Física, se refere à propriedade que alguns materiais têm de se deformar quando submetidos a pressões e em seguida voltar ao estado anterior, sem alterações.
   O conceito de resiliencia para as Ciências Humanas é “a capacidade de uma pessoa em possuir uma conduta sã num ambiente insano, ou seja, capacidade do individuo sobrepor-se e construir-se positivamente frente às adversidades”. Pessoas resilientes conseguem superar um trauma sem sofrer as consequências negativas do stress, como distúrbios psico-somáticos, ou seja, enfermidades físicas e emocionais. Toda esta capacidade de superação ocorre originada de uma grande energia interior.
   A peculiaridade da resiliencia está no fato da pessoa poder escolher como quer perceber e responder às situações adversas. A resiliencia permite uma mudança significativa nas atitudes e na qualidade de vida da pessoa diante do caos do dia-a-dia, das cobranças, prazos, pressões, muita tensão e stress acumulado. Isso não significa ausência de dores emocionais, a diferença consiste na forma de vivenciá-las. Pessoas resilientes apresentam grande capacidade de adaptação.
   Há duas palavras em nossa língua que são similares na forma de pronunciar, mas opostas no significado: adaptação e acomodação. Adaptação é o ajuste de um organismo ao meio ambiente. Já a acomodação significa estabilidade, equilíbrio, repouso. Quando aplicados ao homem, é possível perceber que o acomodado está estável, não muda. Enquanto o adaptado muda o tempo todo, para acompanhar as mudanças que acontecem ao seu redor. O resiliente se adapta nunca se acomoda.
   De acordo com a Internacional Stress Management Association, entidade voltada para a prevenção e o tratamento do stress, as pessoas resilientes sofrem o impacto da mudança e as dores emocionais que estas mudanças ocasionam, mas reúnem forças e se reposicionam.
   A adaptabilidade que pessoas resilientes demonstram e sua capacidade de recuperação após o impacto inicial da mudança, permitem que elas evitem as disfunções do choque no futuro. Ao contrario de se tornarem vitimas de mudanças, pessoas que demonstram características resilientes geralmente prosperam durante a quebra de suas expectativas e a desordem de uma adversidade.
   As pessoas resilientes não enfrentam menos desafios que outras em época de crise, mas elas tipicamente recuperam seu equilíbrio mais rapidamente, mantém um nível mais alto de qualidade e produtividade nas dimensões pessoal e profissional, preservam a saúde física e emocional e alcançam mais o objetivos. Estas pessoas também são suscetíveis ao stress da mudança, não é que elas impeçam os efeitos da mudança, mas é que estes efeitos são, no final, mais frutíferos do que danosos.
   As pessoas, de um modo geral, não podem saber se vão ou não ficar com raiva ou tristes, quando algo inesperado acontecer em suas vidas, mas podem sim, definir quanto tempo vão querer ficar alimentando esse sentimento, assim como fazer para canalizar essa emoção com uma ação construtiva.
  O resiliente opta pela criatividade e inteligência diante de uma situação adversa, transformando deliberadamente, desânimo em persistência, descrédito em esperança, obstáculo em oportunidade, tristeza em alegria. Esta postura solucionadora diante da vida é prova de que a pessoa não precisa deixar as emoções de lado para tornar-se resiliente, precisa apenas desenvolver novas aprendizagens no sentido de superar desafios com o máximo de competência, sabedoria, excelência e saúde possíveis.
   A composição das características de uma pessoa resiliente é identificada pela formação genética, sócio-cultural e por traços de personalidade. Esta combinação de características pode ser descritas da seguinte forma:
• São autoconfiantes: acreditam em si e naquilo de que são capazes de realizar por si mesmas.
• Gostam e aceitam mudanças: encaram as situações de estresse e adversidade como um desafio a ser superado.
• Têm baixa ansiedade e alta extroversão: são abertas às novas experiências e a formas inovadoras de fazer as coisas.
• Têm autoconceito e auto-estima positivos: conseguem administrar seus sentimentos e suas emoções em ambientes imprevisíveis e emergenciais.
• São emocionalmente inteligentes: conhecem suas emoções, sabem administra-las, sabem automotivar-se, reconhecem emoções em outras pessoas e sabem manejar relacionamentos.
• São altamente criativas: procuram constantemente por inovações e se adaptam a elas.
• Dispõem de uma eficaz capacidade de resposta: mantêm altos níveis de clareza, concentração, calma e orientação frente a uma situação adversa.
  A agilidade e o entusiasmo que pessoas resilientes demonstram ao enfrentarem adversidades resultam de uma elasticidade que lhes permite permanecer relativamente calmas em ambientes imprevisíveis. Elas podem se recuperar repetidamente ao serem submetidas aos estresses da mudança.Na realidade , quando pessoas resilientes enfrentam a ambiguidade, ansiedade,e a perda de controle que acompanham uma mudança,elas tendem a se fortificar com as experiências em vez de se sentirem esgotadas.
   A mudança provoca uma crise quando quebra significativamente as expectativas sobre questões e eventos importantes. Os chineses expressam o conceito de crise com dois símbolos separados: ela pode representar o perigo em potencial ou pode representar oportunidades ocultas.Combinando estes dois símbolos,os chineses perecem estar caracterizando a mudança como um paradoxo .
   Toda vivência humana pode ser expressa em termos de paradoxo: o plugue elétrico que entra na tomada tem dois pinos, cada um acessando uma carga: a positiva e a negativa. Dessa oposição vem o proveito da corrente elétrica.O dia apenas é compreensível em contraste com a noite.O masculino apenas é relevante em contraste com o feminino. A atividade apenas tem significado em relação ao repouso; o paladar é uma questão de contrastes .O para cima apenas é possível na presença do para baixo.O que seria do norte sem o sul? Onde a alegria não está limitada pela sobriedade?
   Por alguma razão incompreensível as pessoas rejeitam frequentemente essa natureza paradoxal da realidade e num momento de tolice, acham que podem funcionar fora dela. No mesmo instante em que o fazem,traduzem o paradoxo em oposição.Quando o lazer é arrancado do trabalho,ambos ficam danificados.O sofrimento pessoal começa quando as pessoas se martirizam entre estes dois opostos.Ao tentar abraçar um sem pagar tributo pelo outro,degradam o paradoxo transformando-o em contradição.Entretanto,os dois pares de opostos devem ser igualmente honrados.Suportar a própria perplexidade é o primeiro passo para a cura.Então a dor da contradição se transforma no mistério do paradoxo. Ele força as pessoas a irem além de si mesmas e destrói adaptações ingênuas e inadequadas. A maior parte do tempo as pessoas sustentam dois pontos de vista antagônicos e evitam o confronto.
   Esta é a realidade de muitas vidas modernas. Num dia comum tem incontáveis exemplos dessa opinião dividida: “ preciso ir ao trabalho, mas não tenho vontade”; “ não gosto do meu vizinho,mas preciso ser educado com ele”; “ eu deveria perder peso mas gosto muito de certos alimentos”; “meu orçamento está apertado mas…” Estas são as contradições com as quais vivem constantemente.Essas ilusões,porém, devem ser desfeitas,por mais doloroso que isso possa ser.
   Não é possível simplesmente apagar um lado da balança, mas podem mudar a maneira de olhar para o problema. Quando aceitam estes elementos opostos e suportam a colisão deles em plena consciência, abraçam o paradoxo. A capacidade para acolher o paradoxo é a medida da resiliencia e o sinal mais certo de inteligência emocional ampliada.
   Na medida em que as pessoas encontram o seu maior medo é aí que ela vai se desenvolver em seguida. O ego é moldado como o metal, entre o martelo e a bigorna. Isso é para os corajosos e não é fácil encontrar uma natureza moral ou ética forte o bastante para o processo. O heroísmo poderia ser redefinido em nossa época como a capacidade de aguentar o paradoxo e a pressão que ele provoca. Dar passagem ao paradoxo dentro de si mesmo, consentir a ele é consentir à aceitação que é maior que o ego. A vivencia de conforto fica exatamente neste ponto de insolubilidade no qual acham que não podem mais prosseguir. Isso é um convite para aquilo que é maior do que o próprio eu. A resiliencia ampliada depende da capacidade de equilibrar a necessidade do ego de fazer com a capacidade inata de ser. Esta conciliação pode proporcionar a felicidade e a pequena medida da paz que todos buscam.


Referencias Bibliográficas:
Resiliencia – A construção de uma Nova Pedagogia para uma escola Pública de Qualidade – Col. Na Sala de Aula 13, Celso Antunes, Editora Vozes.
Resiliencia e Educação, José Tavares, Editora Cortez.
Resiliencia a Arte de ser Flexível I, Frederic Flach, Editora Cortez.
Resiliencia, A Presença da Pedagogia, Antonio Carlos Gomes da Costa, Editora: Global.

Conversando com os pais - Parte II

“Dicas para os pais melhorarem o relacionamento com seus filhos.”


Por: Içami Tiba



1- Dê menos ordens e conselhos aos filhos e mesmo que não concorde de início, escute-os até o fim.

2- Em vez de querer sempre ensiná-los, aprenda com seus filhos. Seja um bom aluno aprendendo com ele a lidar com vídeo, computador, micro-ondas, em vez de pedir (ordenar) o que você mesmo pode fazer.

3- Em vez de se preocupar em levar seus filhos às festas, procure pegá-los e “entregue” seus amigos para as respectivas casas. Se estiver de mau humor é melhor nem sair de casa. Aproveite para conversar com todos sobre a festa. Você ouve o que ele não lhe falaria sozinho.

4- Em vez de obrigá-los a dormir cedo, acorde-o bem mais cedo.

5- Conheça bem os amigos dos seus filhos antes de declará-los “más companhias”. Não se deixe guiar somente pelas aparências. Os jovens são muito preconceituosos contra quem tem preconceitos.

6- Quando você manda um filho calar a boca enquanto você fala, provavelmente ele também fecha os ouvidos.

7- Dê prêmios ao filho que realmente merece sem se sentir culpado por não dar a quem merece, mesmo que sejam irmãos. Assim como o melhor tempero da comida é a fome, o que valoriza o presente é o merecimento.

8- Se a televisão é mais importante que uma cotidiana conversa, provavelmente qualquer droga pode ser mais interessante que a família.

9- Se seu filho está “inconvivível”, é bom raptá-lo (sem amigos) para viver com ele uma semana inteirinha. A pesada convivência dos primeiros dias pode ser transformada em gostosas descobertas mútuas.

10- Seja um interessante protagonista e não mero figurante para o seu filho. Jogar “papo fora” com seu filho que é o que ele mais faz com seus amigos, é preferível aos “diálogos operativos” que nada mais são que as perguntas respondidas com lacônicos “sim, não, mais ou menos” e mais interessam ao pai que aos filhos.

11- Mesmo que seu filho não tenha feito o que você pediu, não deixe de valorizar o que ele fez. Constantes críticas podem gerar complexos. Descubra e estimule algo no seu filho que ele possa se orgulhar.

12- O prazer é o recreio do dever, mas é o dever que sustenta o prazer. Não há dever que só sacrifique, nem prazer que sempre dure. Se o pai teima em ser o dever, resta ao filho ser o prazer.

13- Em vez de se vangloriar do “seu tempo, na idade dele”, aproveite as vantagens da globalização e/ou da informatização de seu filho tanto entende.

14- Um ótimo relacionamento afetivo se faz na mútua sensação de pertencer, preservando-se o respeito e a individualidade de cada um.

15- Um filho precisa mais de um pai humano e participante, que se abra nas suas dificuldades e inclusive solicite sua ajuda, que um pai perfeito, um distante dita regras que nunca precisa dos filhos para nada.

03/08/2010

Conversando com os pais - Parte I

   Será mesmo necessário um projeto de lei para regulamentar a relação dos pais e filhos? 
   Em função disso resolvi postar uma série de textos que intitulei  ''Conversando com os pais'' para refletirmos acerca desse assunto.

 “Limite: Uma difícil tarefa para os pais”

  Por: Vladimir Melo

   Além de frequente como queixa dos pais nos consultórios de psicologia, a falta de limites se tornou também tema popular nas prateleiras de livrarias.
   Na realidade, os pais costumam procurar algum tipo de ajuda apenas quando a adolescência dos filhos se aproxima e todas as tentativas de se fazer obedecer já foram esgotadas. Outro sinal de alerta é a escola, que muitas vezes é a primeira a chamar a atenção da família para o comportamento da criança.
   Ao chegar ao consultório, os pais normalmente deixam claro que a psicoterapia é para o filho e acham de imediato alguém ou algum fato responsável pela falta de controle da situação. Algumas vezes, relatam que todas as formas de punição fracassaram e que a única maneira da disciplinar a criança é através do castigo físico. O sentimento de culpa por uma gravidez indesejada ou pela ausência em algum momento da vida do filho acompanham alguns discursos dos pais.
   É importante que os pais sejam informados de sua função no processo terapêutico e que recebam a segurança necessária para que toda a família suporte as reações da criança às situações de frustração. Dizer não representa uma dificuldade maior para os pais que para os filhos. Por isso, cabe ao psicólogo explicar que o não é preciso e que a criança depende disso para aprender a lidar com regras.
   Uma atividade que pode ser utilizada no consultório e em casa é o jogo. É por meio da brincadeira ou do jogo que a criança retrata mais facilmente sua relação com as normas. Permitir à família jogar significa observar como ela se comporta diante das regras, quais as reações frente às transgressões e qual a atitude para restabelecer o referencial de autoridade.
   A psicoterapia, quando atinge sucesso, tem seu resultado mais nítido no comportamento dos pais, que se sentem mais confiantes no exercício do limite. O entendimento de que a criança busca o limite, suporta a frustração e incorpora as regras à sua conduta traz um grande alívio para os pais.
   Ao final da jornada, percebe-se que a criança não foi alvo principal da mudança. A família, inevitavelmente, passou por uma grande transformação e encontrou um meio próprio de conciliar a autoridade e o afeto. Os livros podem ser um veículo útil nas mãos dos pais, porém não são suficientes na maioria das vezes. A visão da configuração familiar é a condição insubstituível para o psicólogo sugerir alternativas e acompanhar os conflitos nas relações entre pais e filhos.
   Compreendendo que determinar limites é uma árdua tarefa para os pais, enfatizo a participação destes na psicoterapia e não acredito que, ignorando esse aspecto, resultados expressivos possam ser atingidos.