04/12/2014
A máscara Certa
Uma certa noite um poema chegou a um poeta
- "De agora em diante," disse o poema, "você deve usar uma máscara"
- "Que tipo de máscara?" indagou o poeta
- "Uma máscara de rosas." disse o poema "Eu já esgotei esta," falou o poeta
- "Então use a máscara que é feita do canto do sabiá. Use essa máscara."
- "Mas é uma velha máscara," disse o poeta. "Já foi tão usada."
- "Bobagem," disse o poeta. "É a máscara perfeita. Todavia, tente a máscara de Deus
Essa máscara ilumina o céu."
- "É uma máscara gasta," disse o poeta. "...e as estrelas se arrastam nela como formigas."
- "Então tente a máscara do trovador ou a do cantar."
- "Tente todas as máscaras populares."
- "Eu já experimentei," disse o poeta. "Eu estou apaixonado por elas."
" Mas elas se encaixam de forma tão estranha e incômoda."
Agora o poema estava ficando impaciente
Ele bateu os pés no chão como uma criança, e gritou "então tente colocar seu próprio rosto!"
"Tente aquela máscara que aterroriza, a máscara que ninguém mais usaria,
a máscara que somente você poderia usar!"
O poeta rasgou o seu rosto até que ele sangrou
- "Esta é a máscara?" ele gritou, "esta máscara?"
- "Sim" disse o poema, "Porque não?"
Mas ele estava cansado de máscaras. Ele já tinha vivido por muito tempo com elas
Então ele agarrou o poema e grudou-o no seu rosto
Seus gritos foram abafados, ele chorou
O poema se contorceu em seus olhos e boca. Em seu sangue ele se retorceu
No dia seguinte seus amigos não o reconheceram. Eles ficaram com medo dele
A máscara estava totalmente transparente
- "Agora é a máscara certa," disse o poema. "A máscara certa".
Ela aderiu nele amorosamente e nunca mais saiu."
Brian Patten
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