04/12/2014

A máscara Certa



Uma certa noite um poema chegou a um poeta
- "De agora em diante," disse o poema, "você deve usar uma máscara"
- "Que tipo de máscara?" indagou o poeta
- "Uma máscara de rosas." disse o poema "Eu já esgotei esta," falou o  poeta
- "Então use a máscara que é feita do canto do sabiá. Use essa máscara."
- "Mas é uma velha máscara," disse o poeta. "Já foi tão usada."
- "Bobagem," disse o poeta. "É a máscara perfeita. Todavia, tente a máscara de Deus
Essa máscara ilumina o céu."
- "É uma máscara gasta," disse o poeta. "...e as estrelas se arrastam nela como formigas."
- "Então tente a máscara do trovador ou a do cantar."
- "Tente todas as máscaras populares."
- "Eu já experimentei," disse o poeta. "Eu estou apaixonado por elas."
" Mas elas se encaixam de forma tão estranha e incômoda."
Agora o poema estava ficando impaciente
Ele bateu os pés no chão como uma criança, e gritou "então tente colocar seu próprio rosto!"
"Tente aquela máscara que aterroriza, a máscara que ninguém mais usaria,
a máscara que somente você poderia usar!"
O poeta rasgou o seu rosto até que ele sangrou
- "Esta é a máscara?" ele gritou, "esta máscara?"
- "Sim" disse o poema, "Porque não?"
Mas ele estava cansado de máscaras. Ele já tinha vivido por muito tempo com elas
Então ele agarrou o poema e grudou-o no seu rosto
Seus gritos foram abafados, ele chorou
O poema se contorceu em seus olhos e boca. Em seu sangue ele se retorceu
No dia seguinte seus amigos não o reconheceram. Eles ficaram com medo dele
A máscara estava totalmente transparente
- "Agora é a máscara certa," disse o poema. "A máscara certa".
Ela aderiu nele amorosamente e nunca mais saiu."

Brian Patten 


Minha imagem brilhante






Um dia o sol admitiu:
Eu sou apenas uma sombra,
desejo que pudesse mostrar-te
A incandescência infinita
que lançou minha imagem brilhante
Eu desejo que pudesse mostra-te
quando você estiver sozinho 
ou na escuridão, 
a espantosa luz do nosso ser

Hafiz

Se você trouxer para fora



Se você trouxer para fora
o que está dentro de você,
o que você trouxer para fora lhe salvará
Se você não trouxer para fora
o que está dentro de você
aquilo que você não trouxer para fora, o destruirá

Evangelho de Tomás 45.30-33

Esqueça o mundo



Esqueça o mundo e então
comande o mundo
Seja uma lâmpada, ou um barco salva-vidas ou uma escada
Ajude a curar a alma de alguém
Saia da sua casa como um pastor
Fique no fogo espiritual
Deixe que ele te cozinhe
Seja um pão bem assado,
e o amo da mesa
Venha e seja, 
sirva a teus irmãos
Você que tem sido uma fonte da dor
Agora você será aquele
que enxerga através do invisível
Assim que eu disse isso
uma voz chegou aos meus ouvidos
"Se te tornas isso, serás aquilo!"
Então silêncio
A boca não foi feita para falar
A boca é para provar desta doçura

Rumi

Que dia hoje



Há dois sóis se levantando!
Que dia!
Não se parece com nenhum outro dia
Vejam!
A luz está brilhando no seu coração
A roda da vida parou
Oh, você pode ver dentro de seu próprio coração
Que dia!
Esse é o seu dia

Rumi

Cura




Não sou um mecanismo,
a reunião de várias peças.
E não estou doente porque o mecanismo 
esteja funcionando mal.
Estou doente por causa das feridas da alma,
no eu emocional profundo,
e as feridas á alma levam muito,
muito tempo, e só o tempo pode ajudar,
e a paciência, e certo difícil arrependimento,
longo e difícil arrependimento, compreensão do erro da vida,
e a própria libertação
da interminável repetição do erro
que a humanidade em geral escolheu santificar

D. H. Lawrence



25/06/2014

Como ser altruísta na era do selfie

Num tempo em que a moda é olhar apenas para si mesmo, novos estudos defendem a importância de deixar o narcisismo de lado

 (Foto: Ilustrações: Adams Carvalho)

O que você faria se tivesse nas mãos uma máquina capaz de fazer milhões de cálculos por segundo e conectar-se a qualquer pessoa do planeta? Se perguntássemos isso a alguém no passado, talvez encontrássemos uma resposta útil. Hoje em dia, a reação mais natural parece ser apontar a máquina para o próprio rosto e buscar o melhor ângulo para tirar uma foto, um selfie. Pode ser numa festa, parque, restaurante ou jogo da Copa do Mundo. A obsessão é tamanha que chega a causar acidentes graves. Há dois meses, a americana Courtney Sanford, de 32 anos, bateu seu carro e morreu logo depois de publicar um selfie no Facebook. Ao que tudo indica, ela perdeu o controle do carro enquanto se distraía no celular. A moda é olhar para si o tempo todo, em qualquer situação. Tudo é digno de registro e, claro, de compartilhamento.



Esse comportamento egocêntrico nas redes sociais transborda para a vida real. “Colocamos nossa felicidade e nossos desejos num pedestal e nos esquecemos de pensar nos outros”, afirma o filósofo Roman Krznaric em seu livro Empathy (Empatia), recém-lançado no Reino Unido. Krznaric é um dos autores que chamam a atenção para a importância de desenvolvermos sentimentos como empatia e solidariedade nesta época individualista em que vivemos. Ele não é o único. Em Survival of the nicest (Sobrevivência dos bonzinhos), recém-lançado nos Estados Unidos, o escritor alemão Stefan Klein defende que características como capacidade de cooperação e gentileza são boas para nossa própria felicidade, para a saúde e até para a economia.



Luís Antônio Giron: Os selfies enriquecem a vida



As ideias de Klein questionam alguns conceitos defendidos por pensadores como o biólogo britânico Richard Daw­kins. Em O gene egoísta, Dawkins argumenta que o objetivo máximo dos seres vivos é propagar seus genes. Isso explica, para Dawkins, a competição entre as espécies e os comportamentos egoístas. As ideias de Klein se aproximam mais do biólogo E.O. Wilson. Ele afirma que a evolução beneficia animais (e homens) que sabem viver em comunidade. Segundo Wilson, se hoje estamos todos vivos, devemos isso em grande parte ao altruísmo e à cooperação. Durante o processo evolutivo, as sociedades primitivas perceberam que nem sempre colocar as próprias vontades e necessidades em primeiro lugar era o mais aconselhável. Para sobreviver em meio a uma natureza inóspita e aumentar as chances de reprodução da espécie, os homens precisaram cooperar uns com os outros, mesmo com quem estivesse fora do círculo familiar. “Nossos ancestrais tinham mais chances de sobreviver se estivessem dispostos a ajudar uns aos outros”, diz a psicóloga Elizabeth Dunn, da Universidade da Columbia Britânica, no Canadá.



Quem aguenta tanto exibicionismo nas redes sociais?



Colaborar com o vizinho não é mais uma necessidade de vida ou morte. Ainda assim, vale a pena ser generoso. Boas ações estimulam as mesmas partes do cérebro que nos dão sensação de prazer quando comemos chocolate. Dunn conduziu um experimento em que, de manhã, cada um dos participantes recebia envelopes com notas de US$ 5 ou US$ 20. Divididos em dois grupos, o primeiro foi instruído a gastar aqueles dólares a mais consigo mesmo. O segundo grupo deveria gastar o dinheiro recebido de maneira mais generosa, comprando um presente para um amigo ou doando para a caridade. Os participantes tinham de gastar todo o dinheiro até o fim do dia. O grupo que doou o dinheiro para caridade ou presenteou um amigo se sentia melhor e mais bem-humorado do que quem usou o dinheiro para seu benefício individual. O altruísmo, quem diria, pode nos trazer mais felicidade do que as poucas curtidas que ganhamos ao postar um selfie.

 (Foto: Ilustrações: Adams Carvalho)


Estudos mostram que os mais solidários também vivem mais. Pesquisadores da Universidade Autônoma de Madri, na Espanha, e da Universidade de Montreal, no Canadá, encontraram evidências de que o altruísmo e a boa convivência podem ter um impacto considerável na expectativa de vida. Durante seis anos, 1.174 idosos da cidade de Leganés, nos arredores de Madri, foram acompanhados pelos pesquisadores. Além de informações sobre a saúde de cada um, também foram analisadas as relações sociais que os idosos mantinham, o contato e a ajuda que recebiam de suas famílias e a colaboração com os outros moradores, também de idade já avançada. Passados os seis anos, os pesquisadores constataram que a maioria dos idosos que continuavam vivos eram aqueles que se mostravam mais dispostos a ajudar seus vizinhos no cuidado dos netos ou nas compras do supermercado. Independentemente de seu estado de saúde no início da pesquisa, os mais generosos viveram mais.



Exibicionistas criam redes sociais sem restrições para mostrar o corpo



À exceção de alguns casos de psicopatia ou em alguns tipos de autismo, todos somos capazes de nos preocupar com os outros. A explicação para isso são as relações e os valores que construímos durante nossa criação. Eles são decisivos para determinar o grau de importância que damos aos outros. “Quem constrói fortes vínculos afetivos durante a infância e a adolescência, seja com familiares ou amigos, tende a ser mais altruísta”, afirma Denise Diniz, psicóloga coordenadora do núcleo de qualidade de vida da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Para os que não deram a sorte de desenvolver essa capacidade pelo caminho, ela pode ser aprendida. Uma dessas características é saber ouvir. Para Krznaric, essa é uma qualidade em extinção. Em seu livro, ele afirma que, com as novas tecnologias, o diálogo ficou em segundo plano. “As pessoas conversam pouco e sobre assuntos superficiais”, diz. Para desenvolver a empatia, é preciso ouvir os outros com atenção e interesse genuíno, sem interrupções e sem querer ser o centro das atenções durante a conversa. Ter interesse por realidades distintas das nossas também é uma qualidade comum entre os empáticos. Essas pessoas fazem questão de conhecer novas culturas e universos – seja viajando, seja se colocando em situações que não fazem parte de seu cotidiano.

 (Foto: Ilustrações: Adams Carvalho)


Até as redes sociais podem contribuir para um mundo em que o altruísmo é recompensado. “Se estivermos conectados, consigo saber muito melhor se você é alguém em quem posso confiar e se é uma boa ideia cooperar e dividir meus recursos com você”, diz Klein. Adam Grant, professor da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, e autor de Dar e receber, recomenda tomar cuidado com quem costuma publicar fotos em poses grandiosas e confiantes, citações eruditas que beiram a arrogância, alardear suas conquistas pessoais ou usar o Facebook para se conectar com as pessoas certas.



Piadas e difamações em redes sociais com anonimato garantido



Em alguns casos, uma troca de mensagens com aquele amigo em comum já é suficiente para conhecer seu verdadeiro “perfil”. É melhor pensar duas vezes antes de publicar uma citação daquele autor que você nem sequer leu ou cujo nome nem sabe pronunciar: ela pode lhe custar um favor. Por meio da repercussão de nossos posts no Facebook, das fotos que compartilhamos no Instagram e do que falamos no Twitter, os outros podem concluir que tipo de pessoa somos: se somos generosos ou egoístas, se colocamos nossos desejos em primeiro lugar ou se nos dedicamos aos outros. Com base nas informações disponíveis em nossos perfis das redes sociais, os outros decidirão se vale a pena ou não cooperar conosco. Num mundo tão interdependente como o nosso, estar disposto a ser generoso é o primeiro passo para receber algo em troca.



Aguçar a própria empatia é um caminho para tornar-se mais zeloso com o próximo e com o planeta. É inegável que uma das grandes vantagens de ser altruísta são os benefícios pessoais que isso nos traz. Quando nos importamos com os outros, ficamos mais felizes, vivemos mais e, de quebra, temos grandes chances de receber algo em troca. Será que fazer o bem pensando no próprio benefício é válido? Klein não vê nenhum problema nesse altruísmo pragmático. “Egoísmo inteligente é ter uma visão ampla e reconhecer que nosso próprio interesse individual, a longo prazo, depende do bem-estar de todos”, diz ele. Um ditado budista diz que “ter um egoísmo inteligente significa ter compaixão”. Na era do selfie, esse velho adágio está mais atual que nunca.



 A paranoia disseminada por comentários nos sites e nas redes sociais

SEIS DICAS PARA AUMENTAR A EMPATIA:

- Acreditar que o ser humano é bom
Durante séculos, pensadores defenderam que o ser humano é mau por natureza. Thomas Hobbes, em Leviatã, descrevia uma guerra de todos contra todos. Charles Darwin foi outro a reforçar a crença do egoísmo, ao afirmar que a  natureza das espécies é competir, não cooperar. Pessoas com alto grau de empatia não acreditam que o homem seja egoísta ou invejoso por natureza. Para elas, até que se prove o contrário, o ser humano é bom.

Como fazer? 
Uma maneira de desenvolver esse sentimento é anotar cada vez que você tiver - ou presenciar em outra pessoa - um pensamento ou reação de empatia. Pode ser um ato de compaixão entre seus filhos, um sentimento de angústia por ver um morador de rua ou cada vez que se puser no lugar de alguém. O objetivo é tornar-se um "espião de empatia". Você, provavelmente, se surpreenderá com a quantidade de boas ações e sentimentos registrados.

- Colocar-se no lugar do outro de maneira consciente
Existem algumas barreiras que nos fazem perder a habilidade de nos colocarmos no lugar do outro: o preconceito, quando desumanizamos alguém e o definimos de acordo com nossas crenças. A autoridade, quando usamos a desculpa de cumprir uma ordem ao fazer o mal a alguém. E a distância, quando deixamos de nos sensibilizar com o que acontece longe de nós. As pessoas mais empáticas conseguem transpor essas barreiras.

Como fazer?
Faça os seguintes questionamentos: como sou visto pelos outros?
Eles estão sempre certos a meu respeito? Quando foi a última vez que julguei alguém errado? Essas perguntas o ajudarão a fazer uma análise sobre como você enxerga o outro. Questione as ordens que recebe e pense em suas consequências antes de acatá-las. Faça um esforço consciente para colocar-se no lugar das pessoas que ama. Faça o mesmo com desconhecidos e até inimigos.

- Explorar culturas e realidades diferentes
A curiosidade em  conhecer outras culturas e realidades leva os empáticos a entender melhor o que se passa com o outro. A melhor maneira de saber como é a realidade e o que se passa com o outro é colocar-se no lugar dele de maneira prática. Quanto mais experiências desse tipo conseguirmos viver, mais desenvolvida será nossa empatia.

Como fazer?
Para mergulhar em realidades diferentes, não é preciso muito, a não ser disposição e coragem. Trabalho voluntário é uma das maneiras de chegar mais perto de realidades distantes. Para os mais, é possível desafiar a si mesmo: tentar viver a vida de um total desconhecido por alguns dias ou obrigar-se a viver com uma renda menor que a sua durante um mês. Até atividades simples, como cuidar dos sobrinhos por um final de semana, podem ser boas experiências de empatia.

- Gostar de ouvir o que os outros têm a dizer
Vivemos uma crise da conversa. Conversamos pouco e, quando o fazemos, é de forma superficial. A conversa é a melhor maneira para entender as emoções e as ideias de outras pessoas. Se não conversamos, a empatia dificilmente existe. Quem tem alto grau de empatia dificilmente existe. Quem tem alto grau de empatia é bom ouvinte. Foge dos papos superficiais e, por meio da conversa, consegue entender o que o outro pensa e sente.

Como fazer?
Seja curioso sobre os outros e não enxergue desconhecidos como potenciais inimigos. Quando for conversar com alguém, esqueça os assuntos banais, como o tempo. Fale sobre ideais e sonhos. Escute as respostas com atenção e evite interromper. Expor-se também é fundamental para fazer o outro falar. Pode parecer simples, mas pense: com quantas pessoas realmente dispostas a ouvir você conversou ultimamente?

- Interessar-se por arte, literatura e tudo o nos ajuda a conhecer a mente alheia
"Foi por meio dos livros que me dei conta de que existem universos diferentes do meu. Foi assim que, pela primeira vez, imaginei como seria ser outra pessoa". A frase é do escritos britânico Julian Barnes. Literatura, fotografia, filmes e todas as outras formas de arte têm o poder de nos transportar para realidades distintas. Os mais empáticos normalmente são ligados a algum tipo de arte.

Como fazer?
Assista a filmes com atenção e tente se colocar no lugar do personagem. Histórias dramáticas, que nos levam a épocas e situações que jamais poderíamos viver, são as mais indicadas. Criar clubes de discussão com amigos pode ajudar. Debater sentimentos e impressões em grupo é sempre produtivo.

- Ter vontade de tentar melhorar o mundo
Vivemos numa era da introspecção. Os livros e gurus da autoajuda disseminam teorias afirmando que a felicidade depende exclusivamente de você, de mais ninguém. Os dotados de empatia sabem que isso não é verdade, mais que mudar a própria vida, olhar para o outro pode causar um impacto no mundo.

Como fazer?
Depois de seguir todas essas técnicas, a tendência é tornar-se mais empático. Você estará mais atento aos sentimentos e às necessidades do outro. Com esse sentimento, será mais fácil perceber como ajudar - tanto o próximo como o planeta. Coloque sua empatia para funcionar e ponha-se no lugar das futuras gerações. Como você pode ajudá-las? Preservando o meio ambiente? Investindo na educação dos mais jovens?


Fonte: NATÁLIA SPINACÉ E RUAN DE SOUSA GABRIEL

ÉPOCA 25/06/2014

(Foto: Ilustrações: Adams Carvalho)(Foto: Ilustrações: Adams Carvalho)

http://epoca.globo.com/ideias/noticia/2014/06/como-ser-baltruista-na-era-do-selfieb.html


09/06/2014

Os jovens profissionais da geração Y estão infelizes?

É premente avaliar a expectativa das pessoas quando vão escolher uma carreira. Hoje em dia é cada vez maior o nível de exigência. É como se a vida tivesse que se adaptar a todas essas exigências. O nível de tolerância à frustração é cada vez mais baixo. O trabalho deixou de ter como característica principal a fonte de subsistência e passou a ser também um gerador de prazer. É claro que acredito que a escolha da profissão deve passar pela vocação, pelo prazer em exercer tal função, mas também deve se adaptar ao mercado e a quem vai receber esse tipo de serviço e não só atender a quem o exerce. O problema é muito mais complexo e vem sendo construido ao longo de gerações.

Para que possamos fazer uma reflexão sobre esses vários aspectos, escolhi o texto abaixo.

Porque os jovens da geração Y estão infelizes

Esta é Ana
 
Ana é parte da Geração Y, a geração de jovens nascidos entre o fim da década de 1970 e a metade da década de 1990. Ela também faz parte da cultura Yuppie, que representa uma grande parte da geração Y.
“Yuppie” é uma derivação da sigla “YUP”, expressão inglesa que significa “Young Urban Professional”, ou seja, Jovem Profissional Urbano. É usado para referir-se a jovens profissionais entre os 20 e os 40 anos de idade, geralmente de situação financeira intermediária entre a classe média e a classe alta. Os yuppies em geral possuem formação universitária, trabalham em suas profissões de formação e seguem as últimas tendências da moda. - Wikipedia
Eu dou um nome para yuppies da geração Y — costumo chamá-los de “Yuppies Especiais e Protagonistas da Geração Y”, ou “GYPSY” (Gen Y Protagonists & Special Yuppies). Um GYPSY é um tipo especial de yuppie, um tipo que se acha o personagem principal de uma história muito importante.
Então Ana está lá, curtindo sua vida de GYPSY, e ela gosta muito de ser a Ana. Só tem uma pequena coisinha atrapalhando:
Ana está meio infeliz.
Para entender a fundo o porquê de tal infelicidade, antes precisamos definir o que faz uma pessoa feliz, ou infeliz. É uma formula simples:


É muito simples — quando a realidade da vida de alguém está melhor do que essa pessoa estava esperando, ela está feliz. Quando a realidade acaba sendo pior do que as expectativas, essa pessoa está infeliz.
Para contextualizar melhor, vamos falar um pouco dos pais da Ana:


Os pais da Ana nasceram na década de 1950 — eles são “Baby Boomers“. Foram criados pelos avós da Ana, nascidos entre 1901 e 1924, e definitivamente não são GYPSYs.




 
Na época dos avós da Ana, eles eram obcecados com estabilidade econômica e criaram os pais dela para construir carreiras seguras e estáveis. Eles queriam que a grama dos pais dela crescesse mais verde e bonita do que eles as deles próprios. Algo assim:




Eles foram ensinados que nada podia os impedir de conseguir um gramado verde e exuberante em suas carreiras, mas que eles teriam que dedicar anos de trabalho duro para fazer isso acontecer.



Depois da fase de hippies insofríveis, os pais da Ana embarcaram em suas carreiras. Então nos anos 1970, 1980 e 1990, o mundo entrou numa era sem precedentes de prosperidade econômica. Os pais da Ana se saíram melhores do que esperavam, isso os deixou satisfeitos e otimistas.



Tendo uma vida mais suave e positiva do que seus próprios pais, os pais da Ana a criaram com um senso de otimismo e possibilidades infinitas. E eles não estavam sozinhos. Baby Boomers em todo o país e no mundo inteiro ensinaram seus filhos da geração Y que eles poderiam ser o que quisessem ser, induzindo assim a uma identidade de protagonista especial lá em seus sub-conscientes.
Isso deixou os GYPSYs se sentindo tremendamente esperançosos em relação à suas carreiras, ao ponto de aquele gramado verde de estabilidade e prosperidade, tão sonhado por seus pais, não ser mais suficiente. O gramado digno de um GYPSY também devia ter flores.




Isso nos leva ao primeiro fato sobre GYPSYs:
GYPSYs são ferozmente ambiciosos



O GYPSY precisa de muito mais de sua carreira do que somente um gramado verde de prosperidade e estabilidade. O fato é, só um gramado verde não é lá tão único e extraordinário para um GYPSY. Enquanto seus pais queriam viver o sonho da prosperidade, os GYPSYs agora querem viver seu próprio sonho.
Cal Newport aponta que “seguir seu sonho” é uma frase que só apareceu nos últimos 20 anos, de acordo com o Ngram Viewer, uma ferramenta do Google que mostra quanto uma determinada frase aparece em textos impressos num certo período de tempo. Essa mesma ferramenta mostra que a frase “carreira estável” saiu de moda, e  também que a frase “realização profissional” está muito popular.








Para resumir, GYPSYs também querem prosperidade econômica assim como seus pais – eles só querem também se sentir realizados em suas carreiras, uma coisa que seus pais não pensavam muito.
Mas outra coisa está acontecendo. Enquanto os objetivos de carreira da geração Y se tornaram muito mais específicos e ambiciosos, uma segunda ideia foi ensinada à Ana durante toda sua infância:


Esta é provavelmente uma boa hora para falar do nosso segundo fato sobre os GYPSYs:
GYPSYs vivem uma ilusão
Na cabeça de Ana passa o seguinte pensamento: “mas é claro… todo mundo vai ter uma boa carreira, mas como eu sou prodigiosamente magnífica, de um jeito fora do comum, minha vida profissional vai se destacar na multidão”. Então se uma geração inteira tem como objetivo um gramado verde e com flores, cada indivíduo GYPSY acaba pensando que está predestinado a ter algo ainda melhor:
Um unicórnio reluzente pairando sobre um gramado florido.


Mas por que isso é uma ilusão? Por que isso é o que cada GYPSY pensa, o que põe em xeque a definição de especial:

es-pe-ci-al  adjetivo
melhor, maior, ou de algum modo
diferente do que é comum
De acordo com esta definição, a maioria das pessoas não são especiais, ou então “especial” não significaria nada.
Mesmo depois disso, os GYPSYs lendo isto estão pensando, “bom argumento… mas eu realmente sou um desses poucos especiais” – e aí está o problema.
Uma outra ilusão é montada pelos GYPSYs quando eles adentram o mercado de trabalho. Enquanto os pais da Ana acreditavam que muitos anos de trabalho duro eventualmente os renderiam uma grande carreira, Ana acredita que uma grande carreira é um destino óbvio e natural para alguém tão excepcional como ela, e para ela é só questão de tempo e escolher qual caminho seguir. Suas expectativas pré-trabalho são mais ou menos assim:



Infelizmente, o mundo não é um lugar tão fácil assim, e curiosamente carreiras tendem a ser muito difíceis. Grandes carreiras consomem anos de sangue, suor e lágrimas para se construir – mesmo aquelas sem flores e unicórnios – e mesmo as pessoas mais bem sucedidas raramente vão estar fazendo algo grande e importante nos seus vinte e poucos anos.
Mas os GYPSYs não vão apenas aceitar isso tão facilmente.
Paul Harvey, um professor da Universidade de New Hampshire, nos Estados Unidos, e expert em GYPSYs, fez uma pesquisa onde conclui que a geração Y tem “expectativas fora da realidade e uma grande resistência em aceitar críticas negativas” e “uma visão inflada sobre si mesmo”. Ele diz que “uma grande fonte de frustrações de pessoas com forte senso de grandeza são as expectativas não alcançadas. Elas geralmente se sentem merecedoras de respeito e recompensa que não estão de acordo com seus níveis de habilidade e esforço, e talvez não obtenham o nível de respeito e recompensa que estão esperando”.
Para aqueles contratando membros da geração Y, Harvey sugere fazer a seguinte pergunta durante uma entrevista de emprego: “Você geralmente se sente superior aos seus colegas de trabalho/faculdade, e se sim, por quê?”. Ele diz que “se o candidato responde sim para a primeira parte mas se enrola com o porquê, talvez haja um senso inflado de grandeza. Isso é por que a percepção da grandeza é geralmente baseada num senso infundado de superioridade e merecimento. Eles são levados a acreditar, talvez por causa dos constantes e ávidos exercícios de construção de auto-estima durante a infância, que eles são de alguma maneira especiais, mas na maioria das vezes faltam justificativas reais para essa convicção”.
E como o mundo real considera o merecimento um fator importante, depois de alguns anos de formada, Ana se econtra aqui:


A extrema ambição de Ana, combinada com a arrogância, fruto da ilusão sobre quem ela realmente é, faz ela ter expectativas extremamente altas, mesmo sobre os primeiros anos após a saída da faculdade. Mas a realidade não condiz com suas expectativas, deixando o resultado da equação “realidade – expectativas = felicidade” no negativo.
E a coisa só piora. Além disso tudo, os GYPSYs tem um outro problema, que se aplica a toda sua geração:
GYPSYs estão sendo atormentados
Obviamente, alguns colegas de classe dos pais da Ana, da época do ensino médio ou da faculdade, acabaram sendo mais bem-sucedidos do que eles. E embora eles tenham ouvido falar algo sobre seus colegas de tempos em tempos, através de esporádicas conversas, na maior parte do tempo eles não sabiam realmente o que estava se passando na carreira das outras pessoas.
A Ana, por outro lado, se vê constantemente atormentada por um fenômeno moderno: Compartilhamento de Fotos no Facebook.
As redes sociais criam um mundo para a Ana onde: A) tudo o que as outras pessoas estão fazendo é público e visível à todos, B) a maioria das pessoas expõe uma versão maquiada e melhorada de si mesmos e de suas realidades, e C) as pessoas que expôe mais suas carreiras (ou relacionamentos) são as pessoas que estão indo melhor, enquanto as pessoas que estão tendo dificuldades tendem a não expor sua situação. Isso faz Ana achar, erroneamente, que todas as outras pessoas estão indo super bem em suas vidas, só piorando seu tormento.


Então é por isso que Ana está infeliz, ou pelo menos, se sentindo um pouco frustrada e insatisfeita. Na verdade, seu início de carreira provavelmente está indo muito bem, mas mesmo assim, ela se sente desapontada.
Aqui vão meus conselhos para Ana:
1) Continue ferozmente ambiciosa. O mundo atual está borbulhando de oportunidades para pessoas ambiciosas conseguirem sucesso e realização profissional. O caminho específico ainda pode estar incerto, mas ele vai se acertar com o tempo, apenas entre de cabeça em algo que você goste.
2) Pare de pensar que você é especial. O fato é que, neste momento, você não é especial. Você é outro jovem profissional inexperiente que não tem muito para oferecer ainda. Você pode se tornar especial trabalhando duro por bastante tempo.
3) Ignore todas as outras pessoas. Essa impressão de que o gramado do vizinho sempre é mais verde não é de hoje, mas no mundo da auto-afirmação via redes sociais em que vivemos, o gramado do vizinho parece um campo florido maravilhoso. A verdade é que todas as outras pessoas estão igualmente indecisas, duvidando de si mesmas, e frustradas, assim como você, e se você apenas se dedicar às suas coisas, você nunca terá razão pra invejar os outros.

























08/06/2014

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18/05/2014

9 passos para ter mais resiliência no trabalho

 

Uma pesquisa mostra que a resiliência é a principal competência da primeira metade do século 21. Conheça os caminhos para desenvolvê-la

De acordo com Paulo Yazigi Sabbag, a resiliência é um fator crítico para enfrentar os desafios desta primeira metade do século

Conceito emprestado pela física à psicologia do trabalho, a resiliência é a capacidade de resistir às adversidades e reagir diante de uma nova situação. Um profissional pode precisar dela tanto para encarar a pressão e a competição do mercado quanto para atravessar momentos difíceis, como crises econômicas e acidentes. "A resiliência é um fator crítico para enfrentar os desafios desta primeira metade do século", diz Paulo Yazigi Sabbag, professor da escola de Administração de empresas da Fundação Getulio Vargas de São Paulo (FGV) e idealizador da primeira escala nacional para avaliar o nível de resiliência de profissionais adultos.
Um estudo com 3 707 alunos do curso a distância de especialização em administração da FGV, realizado pelo professor Paulo, mediu o nível de resiliência de cada um deles utilizando a escala, que relaciona nove fatores: autoeficácia, solução de problemas, temperança, empatia, proatividade, competência social, tenacidade, otimismo e flexibilidade mental. Cada um desses fatores ajuda de maneira diferente no enfrentamento de problemas e na tomada de decisões. No resultado final, 16% foram classificados com baixa resiliência, 44% foram considerados com moderada resiliência e 40% enquadraram-se em um grau elevado.
A boa notícia é que se trata de uma competência que pode ser aprendida. "muitos autores dizem que essa competência é assimilada no processo de educação familiar, mas eu acredito que pode ser desenvolvida em qualquer estágio da vida, principalmente quando a pessoa entra no mercado de trabalho", diz Paulo. Trocar de chefe, ter um projeto rejeitado e sofrer uma injustiça do colega são situações que testam os limites do profissional.
Algumas atividades artísticas também podem desenvolver aspectos da resiliência, como a competência social e a flexibilidade mental. A edP, controladora de geradoras e distribuidoras de energia elétrica em sete estados brasileiros, desenvolveu um programa que visa aumentar a experiência de vida dos funcionários. No curso, executivos e engenheiros do grupo podem escolher temas como fotografia, arquitetura e filosofia, por exemplo. a ampliação de repertório foi utilizada como estratégia para solucionar problemas de forma criativa e aproximar membros da equipe.


Por: Amanda Kamanchek, da

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