02/12/2010

Pais de hoje educam os filhos para o trabalho, mas não para o amor


Eles fazem tudo que podem para mostrar aos jovens o quanto é importante desenvolver uma carreira, mas se esquecem de ensinar-lhes como lidar com os relacionamentos afetivos. O resultado é a formação de adultos bem-sucedidos profissionalmente e incompetentes no âmbito amoroso, pessoas que sofrem solitárias ou fazem sofrer quem com elas se relaciona. 

Uma amiga queixou-se que o filho rejeita o vínculo afetivo duradouro. Aos 32 anos, acha que o amor é hipocrisia. Lembrei-me, então, de como ela e o ex-marido sempre proporcionaram a esse rapaz conforto e luxo, conseguidos graças à dedicação de ambos ao trabalho. Depois de separados, persistiram na missão de servir de exemplo ao filho, mostrando orgulho pela carreira construída e pelos ganhos financeiros. Essas lembranças me levaram a refletir sobre as mensagens hoje transmitidas aos jovens sobre carreiras e relações afetivas. Que diferença!

Pais como minha amiga e o ex-marido educam os filhos para admirar e valorizar a carreira. Mas quase não vejo pais que os eduquem de modo a ver a relação amorosa como um patrimônio que deva ser cuidado para que dele tenham orgulho no fim da vida.

Noto pais sacrificando para dar aos filhos exemplo de profissionalismo. Mas não vejo casais cultivando uma relação gostosa e consistente que sirva de exemplo para os filhos. Conheço pais que não medem esforços para que os filhos aprendam a comunicar-se em outros idiomas. Nunca encontrei pais que procurassem incentivar seus rebentos a comunicar-se sem mentiras e manipulações. Ouço pais e mães citando gurus corporativos para inculcar nos filhos a atitude de vestir a camisa da empresa. Mas não conheci pais e mães que se esforçassem para ensinar-lhes a serem cônjuges fiéis.

Existe muita dedicação na aquisição de competências profissionais e pouca na de competências para a vida amorosa. As pessoas acreditam que nasceram sabendo como se relacionar afetivamente. Mas cresce o número de relações sem harmonia e dignidade, de pessoas incompetentes afetivamente, que geram sofrimento em quem se envolve com elas.

Respeito e compromisso aparecem no discurso da maioria, mas não nas atitudes. Cansei de ouvir relatos de rapazes que conhecem moças na balada e as levam para casa, para uma noite de prazer. De madrugada, elas vão embora - e eles voltam a dormir, despreocupadamente, a despeito dos perigos da cidade. Não há sensibilidade e respeito da parte deles, e elas não se fazem respeitar nesta questão. Ligar no dia seguinte para agradecer pelos momentos passados juntos, então, nem pensar! São descartáveis uns para os outros. Compromisso é um conceito que parece referir-se a casamento apenas e não ao cuidado que devemos ter com alguém com quem estivemos envolvidos, ainda que por pouco tempo.

As moças dizem que os rapazes somem de repente. Não ligam, não atendem às chamadas, não dão notícias. Por e-mail a desculpa é sempre a mesma: "Estou atolado de trabalho!" Descobre-se depois que saem com outras. Isso é falta do quê? Educação? Respeito? Caráter? Ora, se alguém some do trabalho sem dar motivo é demitido por justa causa!

Não me entenda mal, leitor. Não coloco o trabalho em oposição à relação amorosa. Creio que ambos são imprescindíveis para o equilíbrio e a saúde mental. Creio também que é infeliz quem busca realização em um ou em outro apenas. Meu alerta é no sentido de conscientizar e sensibilizar. Se o cuidado na educação para as relações amorosas fosse igual ao que se dá à formação profissional não haveria tanta gente sozinha, infeliz ou vivendo relações insanas.

Por: Rosa Avello 

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26/11/2010

Feliz sem sexo

Os assexuais, pessoas que não sentem desejo, começam a assumir sua identidade


  Sabe aquela cena em que uma mulher escultural passa diante de um grupo de homens e todos se viram para olhá-la? Nesse momento, a mente deles viaja. O cérebro envia uma série de comandos que libera hormônios pelo organismo, avisando que é hora de se preparar para uma relação sexual (mesmo que isso não vá acontecer). Reação semelhante tem a mulher que é tocada e recebe beijos em pontos estratégicos do corpo. Mas na vida do escritor André Romano, 28 anos, nada disso faz sentido. O carioca passa dias de sol na praia de Ipanema diante de um desfile interminável de biquínis de lacinho e não tira os olhos do livro. “Não sinto desejo”, diz. “Troco o sexo por atividades culturais e sou muito feliz assim.” André se encaixa no que especialistas começam a chamar de quarta orientação sexual: a assexualidade. Além dos héteros, homos e bissexuais, os assexuais formam uma outra vertente da sexualidade, que não é nova. Apenas as pessoas sem desejo de fazer sexo estariam finalmente assumindo um traço de sua personalidade – até como resposta à pressão por um desempenho sexual fantástico imposto pela sociedade atual, exacerbadamente erotizada.
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SEM LIBIDO André Romano, hétero e sem
sexo há sete anos, não sente desejo:
“Sou feliz assim”

Uma pesquisa do Projeto Sexualidade (Prosex), do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo de 2004, revelou que 7% das mulheres e 2,5% dos homens não sentiam falta de sexo. Os dados se repetiram durante o estudo Mosaico Brasil, que terminou no ano passado e entrevistou mais de oito mil participantes em todo o País. Ambos os trabalhos foram coordenados pela psiquiatra Carmita Abdo, que diz ser absolutamente possível alguém viver sem sexo e não sentir falta dele. “Quem transa diariamente não é mais normal do que aquele que não transa nunca”, diz ela. “Não é uma opção, como o celibato, nem doença. É parte do perfil do indivíduo.” A Organização Mundial de Saúde inclui o sexo como um dos indicativos da qualidade de vida, ao lado de itens como atividade física e alimentação equilibrada, desde que seja seguro e prazeroso. “Fazer sexo obrigado é que acaba sendo negativo”, diz Carmita.
Os assexuais (que podem ser tanto héteros quanto homossexuais) não deixam de lado os relacionamentos amorosos. Acreditam, porém, que carinho e romantismo são suficientes para levar uma relação adiante. Romano não faz sexo há sete anos e diz que nunca teve uma decepção a ponto de desistir do envolvimento com alguém. “Namorei cinco anos. O sexo era maravilhoso. Mas, quando acabou, não senti falta. Tenho sentimento, não tesão”, explica.
A internet, com seu poder de agregar pessoas com interesses comuns, foi fundamental para tirar os assexuais da invisibilidade. No Orkut a professora Sandra Ramos, 24 anos, de Santa Catarina, percebeu que outras pessoas compartilhavam dessa mesma visão de mundo. Ela ficou três anos sem vida sexual, por achar que não lhe trazia benefícios. “Nunca foi algo agradável. Para mim, é mecânico”, diz. Namorando há duas semanas, Sandra acaba de voltar a fazer sexo, já que gosta do novo namorado. “Mas troco por um encontro com os amigos fácil”, diz. Por intermédio da rede, o sociólogo americano David Jay, 27 anos, deu início ao movimento assexual. Ele criou em 2001 o site Asexuality Visibility and Education Network (Aven). No primeiro ano, a página com informações sobre assexualidade registrou 50 pessoas. Hoje são dez mil membros, com links em 12 idiomas. “Vivemos em uma cultura na qual as pessoas têm de assumir que são loucas por sexo. Isso é complicado para os assexuais”, disse Jay à ISTOÉ. “Não decidimos gostar ou não de sexo, nascemos assim.” Ele acredita que cada vez mais os assexuais reconhecerão a própria assexualidade e falarão abertamente sobre o tema.
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A sexóloga Ana Maria Zampieri, autora do livro Erotismo, sexualidade, casamento e infidelidade (Ed. Summus), concorda: “A diversidade sexual, que se expandiu com a revolução gay, tornou o cenário favorável para o grupo dos assexuais aparecer.” Segundo ela, terapeuta de casais há 35 anos, pessoas que amam o parceiro mas não o desejam sexualmente sempre estiveram presentes no consultório. “A diferença é que, no passado, isso só era revelado durante o casamento e ficava relacionado ao tempo de convivência”, diz. Como hoje as pessoas casam mais tarde – ou nem casam –, a indiferença ao sexo fica evidente.
Mas o ginecologista Gerson Lopes, coordenador da Associação S.a.b.e.r. – Saúde, Amor, Bem-estar e Responsabilidade, alerta que a falta de libido é uma disfunção sexual que precisa de tratamento terapêutico. “É importante uma avaliação psicológica para saber se quem se classifica como assexual não está mascarando problemas sérios”, diz. O desejo minguado pode ser patologia quando causado por traumas (leia quadro). Quem vive bem trocando uma maratona nos lençóis por um cineminha não precisa se preocupar. Talvez a assexualidade seja apenas o sinal de que um mundo tão sexualizado está à procura de um ponto de equilíbrio. E de que as pessoas precisam se acostumar com as diferenças.
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  Suzane Frutuoso - IstoÉ 2054 25/3/2009

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21/11/2010

Palestra no Celuz

Dia 25/11, às 20 horas no Celuz (Centro Espírita Caminheiros da Luz), no Acampamento Rabello, Avenida JK, Casa 12 - Vila Planalto.

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20/11/2010

Hipnose e Hipnoterapia



O que é hipnose ou transe?

Hipnose é um método de comunicação que induz um transe ou um estado semelhante a transe. A hipnose pode ser conduzida por um indivíduo dirigindo-se a outro, ou ela pode ser conduzida pelo self (auto-hipnose). O transe é um estado de ocorrência natural no qual a atenção de alguém é estreitamente focada e relativamente livre de distrações. A atenção pode ser focada tanto internamente (nos pensamentos – diálogo interno ou imagens ou em ambos) ou externamente (por exemplo numa tarefa, um livro, um filme). O foco de atenção é tão estreito que outro estímulo no ambiente é ignorado ou bloqueado fora da consciência por um tempo. Exemplos de estados de transes são o "sonhar de olhos abertos" e algumas formas de meditação.

A hipnose pode ajudar os clientes entrarem em estados de transe relaxados, confortáveis para obter resultados terapêuticos específicos. Com a hipnose clínica, o terapeuta pode fazer sugestões esboçadas para ajudar o cliente a formular processos específicos internos (sensações, memórias, imagens e diálogo interno) que conduzam a resultados mutuamente combinados.
Sugestões hipnóticas podem influenciar o comportamento quando o ouvinte estiver:
(a) relaxado, receptivo e aberto a sugestões
(b) experimentando representações visuais, auditivas e cinestésicas das sugestões
(c) esperando e pressentindo que essas sugestões irão resultar em resultados futuros.
Esses três critérios são facilitados pelo uso dos "padrões de linguagem hipnótica". Esses padrões incluem: visualização dirigida, histórias, memórias dirigidas, analogias, palavras ou frases ambíguas, repetições e afirmações sobre associação, significado e causa efeito.
Mitos e concepções errôneas sobre a hipnose
Hipnose não é controle mental ou lavagem cerebral. Durante toda a vida as pessoas mudam as suas mentes e ações. Quando essas mudanças ocorrem como resultado da exposição a informações específicas, é porque essa informação foi apresentada através da persuasão e da influência. Um hipnoterapeuta usa métodos comunicativos para influenciar resultados positivos. Durante o transe, você não está imobilizado. Você sabe exatamente onde está durante o tempo todo. Você pode ajustar a sua posição, se coçar, espirrar ou tossir. Você pode abrir os olhos e mesmo sair do transe na hora que quiser. Durante o transe, você ainda pode ouvir os sons à sua volta, como a campainha do telefone. Você pode ficar alerta e reagir a qualquer situação que precise da sua imediata atenção. Você permanece orientado como pessoa, lugar e tempo. Você pode até mesmo manter uma conversa durante o transe.
Transe não é um sono, apesar de que algumas pessoas ficam tão relaxadas que podem adormecer. Isso não é problema porque alguma parte da sua mente continua a ouvir a voz do hipnoterapeuta. As pessoas dormindo no transe ainda podem seguir as instruções como mover um dedo, fazer uma respiração profunda ou despertar quando for dito para fazer isso.
Não existe uma maneira "certa" de experimentar o transe. Uma pessoa pode experimentá-lo como uma sensação profunda, um descanso muito pesado enquanto outras experimentam isso como uma sensação leve, como flutuando. Algumas pessoas ouvem cada palavra falada pelo terapeuta, enquanto outras permitem que suas mentes sejam levadas para outros pensamentos. Algumas experimentam uma imaginação vívida e outras não. Algumas recordam as sugestões que ouviram e outras não. A experiência hipnótica de cada pessoa é única.
A hipnose não pode mandar que alguém faça algo contra a sua vontade ou que contrarie seus valores. Em primeiro lugar é eticamente exigido que o hipnoterapeuta faça somente sugestões que apoiem resultados previamente combinados. Segundo, os clientes não são receptivos a sugestões que vão contra sua moral ou valores – porque a receptividade é um dos ingredientes do sucesso na hipnose.
Lembre-se: a hipnose não pode solucionar todos os problemas. Mesmo com a hipnose, ainda pode ser necessário que você faça algum planejamento e pesquisa conscienciosa sobre que espécie de mudanças quer alcançar. Você ainda deve tomar outras medidas para obter os resultados. A hipnose não é a cura para tudo. A hipnose pode ser efetiva em muitos casos, mas não há garantia que qualquer abordagem terapêutica (incluindo a hipnoterapia) possa ser bem-sucedida para todos.
Riscos e precauções
A hipnose traz poucos riscos. Ela pode ser contra indicada para indivíduos com certos problemas médicos, para quem está abusando ativamente de drogas ou álcool ou ainda para quem está desiludido ou alucinado. A hipnose não deve ser usada para problemas físicos, como dor, a menos que o cliente tenha consultado anteriormente um médico para determinar causas físicas encobertas.
Métodos hipnóticos convencionais não são recomendados para crianças muito jovens porque elas podem carecer da atenção necessária. Contudo métodos de tratamentos mais interativos podem ser usados: a arte como terapia, jogos, narração de histórias e visualização dirigida, durante a qual podem ser feitas sugestões úteis para a criança.
Muitas vezes é solicitada a hipnose com o propósito de descobrir memórias da infância. Sob esse aspecto a hipnose pode ou não funcionar. Quando realmente as memórias vem à tona, o cliente pode ter tido uma "falsa memória" e não há garantia de que essas memórias sejam acuradas ou baseadas na realidade. Entretanto, em alguns casos, essas memórias podem ser desconfortáveis ou aflitivas.
Algumas vezes depois de um trabalho de transe, o cliente pode se sentir um pouco letárgico. O terapeuta e o cliente podem trabalhar juntos para se certificarem de que o cliente está totalmente alerta e suficientemente energizado para deixar o escritório do terapeuta e continuar a sua atividade diária.
Hipnose Ericksoniana
O tipo de hipnoterapia mais frequentemente praticado na psicoterapia de hoje é a Hipnose Ericksoniana, assim chamada por causa de Milton H. Erickson, M.D. Dos anos 30 aos 80 do século passado, o Dr. Erickson exerceu muita influência ao trazer o uso da hipnose clínica para os campos da medicina e da psicoterapia. Ele ensinou e praticou uma espécie de hipnose que era branda, permissiva e respeitosa ao cliente. Ele publicou os primeiros artigos e monografias sobre o uso terapêutico da hipnose. Centenas de livros e artigos foram escritos sobre o Dr. Erickson e seus métodos. O Dr. Erickson foi considerado como o primeiro hipnoterapeuta do mundo.
Aplicações da hipnoterapia
A hipnose tem muitas aplicações nos ambientes terapêuticos. Entre elas:

Aumento de confiança
Relaxamento durante o parto
Tratamento de fobias, medos e ansiedade
Desordem e distúrbios no sono
Problemas interpessoais
Depressão
Dificuldades sexuais
Queixas psicossomáticas
Alívio pós-traumático
Controle da dor
Gerenciamento do estresse
Controle de hábitos
Desempenho acadêmico
Desempenho atlético
Ajuda nas transições da vida
Preparação para procedimentos médicos e dentais
Bloqueios na motivação e criatividade
Tratamento de luto e perdas
Judy E. Pearson, Ph.D., NBCCH, é Diretora do Conselho Nacional para Hipnoterapeutas Clínicos Certificados. Ela é certificada em hipnose clínica e Programação Neurolinguística. Seu email é judypear@erols.com

Por: Judith E. Pearson, Ph.D.

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09/11/2010

Normose; patologia do normal. O conflito e sensação de culpa por estar se sentindo mal apesar das coisas estarem aparentemente supernormais.




Normose, um desconforto emocional estatisticamente comum.O termo “Normose” é sugerido no livro “Normose: a patologia do normal”, do filósofo francês Jean-Yves Leloup. Trata-se de um desconforto emocional que acomete a pessoa, apesar de tudo estar absolutamente normal em sua vida, ou seja, apesar de estar tudo conforme as normas recomendadas para a felicidade. Aliás, estando tudo bem e normal, parece haver um fortíssimo apelo cultural para que a pessoa seja, obrigatoriamente, feliz.
Segundo Pierre Weil, a normose pode ser definida como o conjunto de normas, conceitos, valores, estereótipos, hábitos de pensar ou agir aprovados por consenso geral ou pela maioria em determinada sociedade e que pode provocar sofrimento, doença e morte.

A necessidade de se aprofundar na normose é exigência do cotidiano da clínica psiquiátrica. O paciente entra, senta na sua frente e diz: “- Doutor, de repente me vem um pensamento desconfortável, mais ou menos me questionando sobre o que estou fazendo aqui, uma angústia sobre o sentido de minha vida, um balanço meio pessimista sobre o que fiz esses anos todos...”.

Assim os psiquiatras são incomodados com uma dúvida: como vamos tratar quem não tem um diagnóstico psiquiátrico? Antes disso, aparece a dúvida sobre o emprego das palavras terapia, terapêutica, tratamento para a pessoa que não tem diagnóstico ou não está doente. 

O termo normose mostra-se  adequado às situações do dia-a-dia de psiquiatras e psicólogos, no atendimento de pessoas queixosas de angústia, ansiedade, depressão e estresse sem que o quadro satisfaça critérios das classificações e manuais de psicopatologia, sem que se detecte uma causa aparente para esses transtornos. Não obstante, indiferentes aos critérios da psicopatologia esses pacientes se sentem mal ou, como me disse um deles, “- não que eu sinta algum mal estar doutor, mas sinto profundamente uma falta de bem estar”.

O professor Sérgio Cruz Lima, em artigo publicado no Diário Popular fala sobre o “Conjunto de normas, conceitos, valores, estereótipos, hábitos de pensar e agir, aprovados por consenso ou pela maioria em uma determinada sociedade e que provocam sofrimento, doença e morte” Trata-se da normose que é patológica e letal, executada sem que seus autores e atores tenham consciência de sua natureza doentia.

A despeito do consenso e conjunto cultural de normas existe, além da normose, a normalidade saudável, que enriquece o existir humano, assim como a normalidade neutra, que não leva ao sofrimento, mas também não acrescenta nada, como o hábito de almoçar ao meio-dia ou fazer amor aos sábados.

A consequência da normose faz o paciente experimentar uma sensação de culpa pelo mal estar existencial que sente apesar de tudo estar funcionando normalmente; ele não tem problemas profissionais expressivos, não tem problemas familiares excepcionais, não tem problemas de saúde, sociais, financeiros, enfim, de acordo com o hábito de pensar, sentir e agir recomendado pelo consenso social, tudo deveria estar bem. Não obstante, apesar de tudo estar objetivamente normal essa pessoa sofre, tem angústia, experimenta sentimentos de natureza doentia diante de procedimentos subjetivos.

O conflito e sensação de culpa por estar se sentindo mal apesar das coisas estarem aparentemente supernormais decorre da crença bastante enraizada, segundo a qual tudo o que a maioria das pessoas deseja, pensa, sente, acredita ou faz, deve ser considerado normal e, por conseguinte, deve servir de guia para a felicidade de todo mundo. Entretanto, a pessoa que está diante do psicólogo ou psiquiatra não se sente feliz, apesar de todos pensarem que ela deveria estar feliz.

Por: G J Ballone em Psiqweb

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07/11/2010

Frigidez ou Desejo Sexual Hipoativo


Apesar de existir de fato, pode ser que o Transtorno do Desejo Hipoativo não exista nas proporções que se acredita
"Doutor, meu problema é a frigidez. O que o senhor me recomenda?" Essa pergunta, colocada de maneira tão fria e simples assim, tem sido um dos maiores desafios à ginecologia e à psiquiatria. Trata-se mais de uma confissão constrangida do que uma queixa médica. O problema vem geralmente acompanhado de sentimentos de frustração, vergonha, mágoa e, às vezes, culpa. A pessoa sente como se a parte psíquica que desperta o interesse pelo sexo estivesse morta ou desligada, não raro sente injustamente que a culpa é sua falta de determinação ou entusiasmo.
Por questão academica a Frigidez deve ser diferenciada da falta de orgasmo. Muitas mulheres não conseguem experimentar orgasmo mas continuam tendo prazer e interesse sexual. Os problemas que envolvem o desempenho sexual feminino podem ser agrupados sob o título de Disfunção Sexual Feminina onde se inclui o Transtorno de Desejo Sexual Hipoativo.
Na absoluta maioria dos casos, o desinteresse pelo sexo está ligado a fatores psicológicos, sendo um dos motivos mais reclamados a monotonia conjugal. Estudo populacional com 356 mulheres entre 20 e 70 anos identificou que a diminuição do desejo ocorre mais frequentemente nos relacionamentos mais longos. Por outro lado, entre as mulheres que relatam maior satisfação com seu parceiro a diminuição do desejo sexual foi bem menos provável (Hayes, 2008).
Outros fatores relacionados ao desinteresse sexual e sobejamente conhecidos por todos são a educação recebida, a falta de diálogo, práticas sexuais pouco gratificantes e outras. O próprio envelhecimento e as dificuldades do cotidiano também podem interferir na satisfação sexual. A maioria das pacientes não procura o especialista para saber se tem frigidez, elas já vem ao consultório sabendo que têm. A expectativa delas é saber se existe uma fórmula mágica para o problema.
Fazer um diagnóstico correto é muito importante. Boa parte das vezes o problema tem origem emocional e entre as questões emocionais o problema pode ser muito mais da outra pessoa do que da paciente. Geralmente essa outra pessoa não aceita sua parcela de culpa e vive "obrigando" a mulher a procurar um tratamento, preferentemente milagroso.
A falta ou diminuição do desejo sexual pode também estar ligada a problemas orgânicos, como por exemplo, alterações hormonais, debilidade física por conta de outras doenças ou até mesmo pelo uso incorreto de medicamentos. Entre os estudos que sugerem provável origem física da baixa libido feminina, um dos mais recentes foi realizado na Wayne State University pelo Dr. Michael Diamond, em Detroit, e apresentado à Sociedade Americana para Medicina Reprodutiva na conferência em Denver, sugerindo diferenças no processamento mental em mulheres que têm impulsos sexuais baixos.
Independente da causa, os transtornos da função sexual em ambos os sexos são estudados considerando-se algumas fases específicas da atividade sexual, geralmente separadas em 3:
- Desejo
- Excitação
- Orgasmo

O DSM-IV (Manual de Diagnóstico de Transtornos Mentais) classifica os distúrbios sexuais femininos de acordo com a função alterada, mais precisamente; desequilíbrios do desejo, da excitação e do orgasmo, havendo ainda transtornos classificados em separado, como é o caso da Aversão Sexual, Dispareunia e Vaginismo. É pouco provável que o Transtorno de Desejo Sexual Hipoativo e o Transtorno Orgástico Feminino também não estejam relacionados à excitação. De fato, as queixas relacionadas a tais transtornos dizem respeito a problemas da excitação sexual e não, propriamente, à função do aparelho sexual ou genital. Uma coisa é não ter prazer fazendo sexo, outra é não conseguir fazer sexo.
Nossa cultura tem forte apelo para um desempenho sexual obrigatoriamente fogoso e, dessa forma, qualquer diminuição na vontade de fazer sexo é considerada impotência ou frigidez, quase uma invalidez sexual.
Há ainda questões orgânicas que não podem ser confundidas com Transtorno Sexual Hipoativo. É o caso, por exemplo, do vaginismo e da dispareunia, que causam dor à penetração, portanto, comprometendo irreparavelmente a excitação sexual, além de poder levar ao medo de sexo ou à fuga total das atividades sexuais.

 Causas Orgânicas para o Desejo Sexual Hipoativo
 - Função hipotalâmica-hipofisária anormal. Isso resulta na diminuição do Fator de Liberação de LH (hormônio luteinizante), com consequente diminuição de seu nível sérico e simultâneo aumento de prolactina. Este último um hormônio muito relacionado ao desinteresse sexual.
- Anomalias testiculares capazes de produzir uma diminuição de testosterona.
- Diminuição de testosterona ovariana e/ou supra-renal na mulher.
- Enfermidades sistêmicas, tais como a insuficiência renal crônica com consequente diminuição de gonadotrofinas, a cirrose hepática com a consequente atrofia testicular e transformação de androgênios em estrogênios, a Síndrome de Cushing, com a consequente diminuição de testosterona plasmática, a insuficiência supra-renal, o hipotiroidismo e as enfermidades debilitantes.
- Medicamentos e drogas. Nessa categoria dos agravantes da hipofunção sexual está o álcool, em primeiro lugar, os tranquilizantes, os anti-hipertensivos, tais como a metildopa (Aldomet), reserpina, clortiazidas, clonidina, espironolactona, beta bloqueadores como o propranolol; os anti-depressivos, principalmente os tricíclicos, os inibidores da MAO e o carbonato de lítio, também a cimetidina (Tagamet), sulpirida, metoclopramida (Plasil), metronidazol (Flagil), a maconha, as anfetaminas (anorexígenos usados em regimes alimentares), a cocaína e o craque.
 
O termo Disfunção Sexual Feminina engloba o Transtorno Orgástico Feminino, Transtorno de Excitação Sexual Feminina e o Transtorno de Desejo Sexual Hipoativo. Por questão de definição, as queixas sexuais femininas seriam consideradas "doenças" apenas quando provocassem algum sofrimento. 

De qualquer forma, em nome da boa adaptação conjugal é importante avaliar as questões relacionadas ao desempenho sexual. Pesquisa com 5.463 mulheres entre 18 e 49 anos mostrou que a presença de dificuldades sexuais se relaciona a maior probabilidade de desarmonia conjugal, comparando-se com mulheres sem esses problemas (Witting, 2008).
Há mais de 10 anos (Laumann, 1999), um terço das mulheres relatava falta de interesse sexual e quase um quarto delas reclamava não sentir orgasmo. Um pouco menos de 20% tinha dificuldades de lubrificação e mais de 20% achava o sexo desagradável. Inegavelmente trata-se de uma ampla prevalência de queixas sexuais femininas.
Entre as queixas sexuais femininas o que se observa é que a maioria delas, 33%, de fato diz respeito ao déficit de desejo sexual. Em segundo lugar a falta de orgasmo – anorgasmia – com 24% das queixosas, seguido pelas dificuldades de excitação e/ou lubrificação, com 20%, dor vaginal na relação – dispareunia – com 15% e o restante com outras queixas.
A prevalência dos transtornos sexuais femininos é extremamente elevada e, muito provavelmente, superior à prevalência das disfunções sexuais masculinas. No Brasil, a falta de desejo sexual mostrou ser a maior queixa sexual feminina. A prevalência do problema é de 23,4% para as mulheres mais jovens e chega a atingir 73,0% entre aquelas de idade mais avançada (Abdo, 2002). Esses números são maiores entre as mulheres brasileiras do que entre as européias e americanas, nas quais a falta de desejo sexual variou de 11% a 53% (Hayes, 2007).


Fonte: Psiqweb G J Ballone 

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11/10/2010

Críticas e cobranças não mudam o parceiro, apenas o afastam de você




Um casal não precisa concordar em tudo, nem ficar junto todo o tempo. Interesses diferentes devem ser respeitados e até incentivados, pois enriquecem o relacionamento. Quando um parceiro insiste em transformar ou outro, pressionando-o com frequência, acaba por deixá-lo tenso e desconfortável, o que pões a união em risco. Afinal, queremos ser amados, como somos.
Ninguém é perfeito, por isso é fácil criticarmos nossos parceiros. Um atraso, um pouco de sal a mais na comida, o esquecimento de alguma coisa que precisava ser comprada, querer muito ou pouco sexo, ser bagunceiro ou arrumado demais, tudo é motivo para reclamarmos e exigirmos mudanças. No fundo, queremos moldá-los ao nosso próprio jeito de ser. Mas é bom refletir um pouco sobre até que ponto isso pode funcionar.
Claro que quanto mais parecido for o casal, menos pontos de atrito terá. Mas muitos parceiros têm gostos diferentes e, aí, sua única alternativa de entendimento é aprender a fazer concessões.
Temos um ideal romântico do casamento pelo qual imaginamos os casais juntinhos o tempo todo. Pensamos que casar ou ter alguém é uma forma de preencher nossas carências, nosso medo da solidão. Mas as pessoas têm necessidades diversas e muitas vezes precisam ficar sós. Aí é que começa a confusão. Alguns parceiros se ressentem se o outro reivindica um tempo apenas para si. Ficam desesperados e cobram sua presença. Tal comportamento mostra insegurança e medo de perder, e em vez de atrair, prender, provoca o efeito oposto: a pressão afasta a pessoa, que se cansa de ser cobrada. Há, no limite, quem chegue a proibir o parceiro de se dedicar a uma vocação ou “hobby”. Exige que faça uma opção: “Ou o balé ou eu”. No fundo , o temor é de que o ser amado, ao se apaixonar por um projeto ou desenvolver-se profissionalmente, passe a desprezá-lo ou desprezá-la.
No filme Mentiras Sinceras, do diretor Julian Fellowes, o marido pergunta à mulher por que o traiu. A conversa é mais ou menos assim: “Sou por acaso cruel, descortês, ou ele é melhor do que eu? É mais bonito, mais rico, um amante mais eficiente?”, ele pergunta. Ao que a mulher responde: “Não é nada disso. É só porque é mais tranquilo estar com ele. Não exige nada de mim, além do amor. “
O marido retruca: “E isso é bom?” A mulher responde: “Você é cheio de critérios, de certezas. Eu sempre o desaponto. Vivo tensa, com medo de fazer alguma coisa errada”.
As exigências, as tentativas de mudar o parceiro ou a parceira por meio de críticas têm o efeito oposto. No mesmo filme, o marido ainda pergunta: “Você me disse que não iria mais vê-lo, mas foi. Por quê? E a mulher diz: “Eu estava mentindo. Você exigiu que eu respondesse o que você pretendia e eu respondi.”
Quando estamos com alguém que nos recrimina, nos critica e diz a todo momento que estamos errados, nosso corpo entra em tensão.
Ao contrário, carinho e elogios têm o poder de nos relaxar, dão vontade de chegar perto, de nos entregar. Podemos fazer a experiência. Se apertarmos os músculos, franzirmos os olhos, cerrarmos os dentes e em seguida soltarmos, ficando relaxados, vamos sentir diferença. O que é mais agradável, tensão ou relaxamento? Tentando segurar nosso parceiro e exigindo sua presença só conseguimos que ele se afaste aos poucos de nós.
O casal, além de uma vida em comum, deve ter interesses individuais, cada um desenvolvendo seu potencial e sua criatividade. Isso enriquece a relação. Se um gosta de pintura e o outro de dança ou de matemática, pode ser enriquecedor trocar conhecimentos, informações. Quem tem interesses próprios não vai ficar exigindo a presença constante do outro, nem perder tempo fazendo críticas. Quando ficarem juntos, um vai colaborar com o outro e não sobrará tempo para mesquinharias como “você sempre...” ou “você nunca...”
Sugiro aos casais que se amam que deixem o outro livre para ser quem realmente é.
Quanto mais usar usar seu potencial, mais alegre e relaxado ficará. A vida fora de casa, no trabalho, já é difícil e estressante. O lar deve ser o lugar onde podemos deixar de lado as convenções, sabendo que nosso companheiro ou nossa companheira nos ama como somos, sem qualquer tipo de recriminação.

Por: Leniza Castello Branco

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30/09/2010

Palestra no CELUZ - Depressão e Espiritualidade


Centro Espírita Caminheiros da Luz
Dia 7 de outubro às 20h
Acampamento Rabello - Avenida JK, casa 12 - Vila Planalto.
Palestra aberta à comunidade.

23/09/2010

Transtornos Alimentares


Por: G. J. Ballone em Psiqweb

Que são os Transtornos Alimentares?  
Os Transtornos Alimentares são definidos como desvios do comportamento alimentar que podem levar ao emagrecimento extremo (caquexia) ou à obesidade, entre outros problemas físicos e incapacidades.
Os principais tipos de Transtornos Alimentares são a Anorexia Nervosa e a Bulimia Nervosa. Essas duas patologias são intimamente relacionadas por representarem alguns sintomas em comum: uma ideia prevalente envolvendo a preocupação excessiva com o peso, uma representação alterada da forma corporal e um medo patológico de engordar. Em ambos os quadros os pacientes estabelecem um julgamento de si mesmos indevidamente baseado na forma física, a qual frequentemente percebem de forma distorcida.
O impacto que os Transtornos Alimentares exercem sobre as mulheres é mais prevalente, ainda que a incidência masculina esteja aumentando assustadoramente. A Vigorexia, por exemplo, tem sido predominante nos homens, mas já se estão detectando casos de mulheres obcecadas pelo músculo. Já os Transtornos Dismórficos acometem igualmente ambos sexos. 


 Nessa circunstância os pais não percebem que algo está errado, a paciente dissimula e minimiza essa penúria orgânica e seu delírio dá-lhe a certeza de que é mais bonita que as outras.


 Histórico

Segundo Cordas
(2004), Habermas (1986, 89) descreveu um caso pioneiro altamente sugestivo de Anorexia Nervosa em uma serva que viveu no ano de 895. A jovem Friderada, após apresentar um apetite voraz e descontrolado, para tentar diminuí-lo, buscou refúgio em um convento e nele, com o tempo, foi restringindo sua dieta ate passar a efetuar longos jejuns. Embora inicialmente ainda conseguisse manter suas obrigações conventuais, rapidamente seu quadro foi se deteriorando até a sua morte, por desnutrição.
No ano de 1694, Richard Morton (Pearce, 2004) é o primeiro a relatar a Anorexia Nervosa, descrevendo o tratamento de uma jovem mulher com recusa em alimentar-se e ausência de ciclos menstruais, que acabou morrendo de inanição com suas faculdades mentais básicas preservadas.
Em 1873, o francês Charles Laségue, descreve a anorexia nervosa como uma doença autônoma denominada por ele de anorexie histérique e, descrevia o transtorno da seguinte maneira: “forma peculiar de doença que afeta principalmente mulheres jovens e caracteriza-se por emagrecimento extremo...” cuja “falta de apetite é ...decorrente de um estado mental mórbido e não a qualquer disfunção gástrica...” (Cordás e Claudino, 2002).
Mas foi William Gull quem utilizou pela primeira vez a expressão "anorexia nervosa" em uma conferencia dada em Oxford (Gull, 1874):  "forma peculiar de doença que afeta principalmente mulheres jovens e caracteriza-se por emagrecimento extremo” cuja “falta de apetite é decorrente de um estado mental mórbido e não a qualquer disfunção gástrica". Gull descartou a possibilidade que uma enfermidade orgânica justificasse a anorexia.
Na mesma época e de maneira quase simultânea, se produziu a descrição da doença por Laségue (1873), qualificando-a de inanição histérica e considerando-a, da mesma forma que Gull, uma doença psicogênica (Toro,1996). No final do  século  XIX, em 1893, Freud descreveu um caso de anorexia tratado com hipnose, um ano mais tarde descreveu a doença como uma psiconeurose de defesa, ou neurose da alimentação com melancolia . Em 1874, William Gull descreve três meninas com quadro anoréxico restritivo denominando-o de apepsia histérica. Charcot detectou, por volta de 1889, que a idée fixe d obesité ou fobia de peso seria o elemento psicopatológico central que motivava as a anorexia em mulheres. A antiga ideia de Charcot é corroborada por Crisp, em 1980, que considerou a anorexia nervosa como um estado de fobia de peso.
Em 1903, Pierre Janet relata um caso de uma moça de 22 anos, que apresentava repulsa e vergonha de seu corpo com constante desejo de emagrecer, quadro que denominou de anorexie mental. O autor relacionou a busca intensa da magreza à necessidade de protelar a maturidade sexual e sugeriu dois subtipos psicopatológicos, obsessivo e histérico.
Foi em 1973 que Hilde Bruch propôs a psicopatologia central da anorexia nervosa estribada em três áreas de perturbação do funcionamento psíquico: 1. - transtornos da imagem corporal;
2.-  transtornos na percepção ou interpretação de estímulos corporais, como por exemplo reconhecimento da fome e;
3. - uma sensação paralisante de ineficiência que invade todo o pensamento e atividades da paciente. 


Aspectos neurológicos e sócio-culturais dos Transtornos Alimentares
 
Vários estudos epidemiológicos demonstram um aumento na incidência de alguns dos Transtornos Alimentares (Hsu, 1996) concomitante à evolução do padrão de beleza feminino em direção a um corpo cada vez mais magro (Garner & Garfinkel, 1980), notadamente da Anorexia e da Bulimia nervosas. A Anorexia e a Bulimia parecem ser mais prevalentes em países ocidentais e são claramente mais frequentes entre mulheres jovens, especialmente aquelas pertencentes aos estratos sociais mais elevados destas sociedades, o que fortalece sua conexão com fatores sócio-culturais.
É por isso que alguns pesquisadores entendem os Transtornos Alimentares como síndromes ligadas à cultura. As síndromes ligadas à cultura são constelações de sinais e sintomas que se restringem a determinadas culturas em função das características peculiares das mesmas.
De acordo com esta concepção, a pressão cultural para emagrecer é considerada um elemento fundamental da etiologia desses transtornos, os quais, juntamente com fatores biológicos, psicológicos e familiares acabam gerando uma preocupação excessiva com o corpo, um medo anormal de engordar e uma ansiedade marcantemente acompanhada de alterações do esquema corporal. Essas são, pois, as características da Bulimia e da Anorexia.
Em nível pessoal e neurológico, as condutas de alimentação estão normalmente reguladas por mecanismos automáticos no Sistema Nervoso Central (SNC). A sensação de fome tem origem dupla; tanto em estímulos metabólicos, quanto em receptores periféricos situados na boca e no tubo digestivo. Induz-se a sensação de apetite, que desencadeia conduta de alimentação. A sensação de saciedade faz cessar estímulos da fome e se detém o processo. As pessoas normais apresentam algumas reações adaptadas aos estímulos de fome e de sede, com respostas corretas para a saciedade.
Há tempos se sabe ser o hipotálamo o local onde se situam os centros da fome e da saciedade mas, será no córtex cerebral o local onde se desenvolvem mecanismos mais complexos relacionados à alimentação.
Embora o processo da alimentação (fome, sede, saciedade) possa parecer fisiologicamente automático e elementar, como dissemos, eles não ocorrem apenas nos elementos neurobiológicos que regulam a conduta alimentar. Eles também estão vinculados à experiências vivenciais prévias. Portanto, existem outros mecanismos mais complexos e relacionados com nossas experiências psicológicas (sentimentos de segurança, bem estar e afeto que se experimentam a através do peito materno na lactação, antecedentes pessoais de carência extrema, etc.) regulando o processo da alimentação.
Também se relacionam ao ato de comer, nossas experiências sociais, tomando-se por base o fato de que o ato de comer tenha um aspecto eminentemente social e cultural. Normalmente as características dos alimentos definem os diferentes grupos culturais. Assim, culturalmente se diz "dieta mediterrânea, comida americana, italiana, indiana..., pratos típicos, menus tradicionais...., etc". Dessa forma, o ato de comer sempre foi e continua sendo um fenômeno de comunicação social. Através da comida o grupo social se sente reúne e se identifica, de tal forma que na maioria dos atos sociais a comida ocupa um lugar de destaque.
Devido a esses múltiplos aspectos atrelados ao comensalismo, existem muitas possibilidades de que o processo natural de alimentar-se varie no tempo e na cultura. Em algumas ocasiões a causa dos Transtornos Alimentares pode ser física, decorrente de doenças que dificultam o processo da alimentação ou alteram o aproveitamento normal dos alimentos, outras vezes, entretanto, o processo da alimentação pode alterar-se por fatores sociais, tais como a religião, cultura, status, moda etc...

15/09/2010

Mercado Digital - Oito dicas para encontrar emprego pela internet

Por:  Flávia Gianini em Isto é Dinheiro 

Mandar e-mails com currículo para recrutadores e rezar para que eles os acessem está ultrapassado. O novo modelo de contratação veio para ficar. Confira as dicas dos especialistas para conquistar um emprego por meio das redes sociais.

1 - Invista em visibilidade digital
Crie perfis no LinkedIn, Twitter, Facebook, Google e em outras redes sociais. Relacione todos os seus perfis (por meio de "links"), de modo que a busca pelo seu nome seja fácil.
2 - Informe que você está procurando emprego
Use palavras-chaves como emprego, oportunidade, seleção, vaga, etc. e outras relacionadas à sua área para aumentar as chances que um recrutador seja direcionado para os seus perfis.
3 - Venda um "bom produto"
Saiba quais são seus pontos fortes e que tipo de empresa você gostaria de trabalhar, e só então crie um perfil sólido para que as empresas vejam que você é o candidato certo.
4 - Organize e promova sua presença online
Gerencie sua reputação na internet. Use as configurações de privacidade que não permitem que outros marquem você em posts e fotos.
5 - Produza conteúdo
Manter um blog atualizado pode ajudá-lo a compartilhar informações sobre temas que interessam a você, e cria um filtro que atrai oportunidades.
6 - Participe ativamente, mas com critérios, das seleções nas redes
No novo modelo de seleção não dá para atirar para todos os lados. Escolha as vagas que realmente interessam e dedique-se.
7 - Cuidado com cada clique
Se você está em comunidades, bom senso nunca é demais. Se a máxima “você é aquilo que come” é verdadeira, o mesmo pode valer “você é aquilo que posta”.
8 - Valorize seu passe
Não adianta a presença na internet sem boa formação tradicional. Recrutadores são unânimes ao afirmar que língua estrangeira, formação cultural e acadêmica de qualidade são fundamentais.
Fonte: Across; Jobvite; Robert Half; e Dan Schawbel
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14/09/2010

Medos e agorafobias

Por: Francisco do Espírito Santo Neto

Desvendar, gradativamente, nossa “geografia interna”, nosso próprio padrão de carências e medos, proporciona-nos uma base sólida de autoconfiança.

Modela e forma nossa “sombra” tudo aquilo que nós não admitimos ser, tudo o que não queremos descobrir dentro de nós, tudo o que não queremos experimentar e tudo o que não reconhecemos como verdadeiro em nosso próprio caráter.
“Sombra” é um conceito Junguiano para designar a soma dos lados rejeitados da realidade que a pessoa não quer admitir ou ver em si mesma, permanecendo, portanto, esquecidos nas profundezas da intimidade.
Por medo de sermos vistos como somos, nossas relações ficam limitadas em um nível superficial. Resguardando-nos e fechamo-nos intimamente para sentir-nos emocionalmente seguros.
Presumimos que o “não ver” resulta em “não ter”. Na verdade, não nos livramos de nosso lado recusado simplesmente porque fechamos os olhos para ele, mas porque mesmo assim continuará a existir na “sombra” de nossa estrutura mental. Incapaz de voar, o avestruz, embora seja uma das maiores aves, esconde a cabeça no primeiro buraco que encontra à sua frente, quando acuado e amedrontado. Esse comportamento do avestruz é uma metáfora adequada para demonstrar o que tentamos fazer conosco, quando negamos certas realidades de nossa natureza humana.
As coisas ignoradas geram mais medo do que as conhecidas. Recusar-se a aceitar a diversidade de emoções e sentimentos de nosso mundo interior nos levará a viver sem o controle de nossa existência, sem ter nas mãos as rédeas de nosso destino. Ao assumirmos que são elementos naturais de estrutura humana em evolução – frieza/sensualidade, avareza/desperdício, egoísmo/desinteresse, dominação/submissão, lassidão/impetuosidade, aí começa nosso trabalho de autoconhecimento, a fim de que possamos descobrir onde erramos e, a partir de então, encontrar o meio-termo.
O ato de arrependimento nada mais é do que perceber nosso lado inadequado. É admitir para nós mesmos que identificamos nosso comportamento inconveniente e que precisamos mudar nossas atitudes diante das pessoas e do mundo. Arrependimento pode ser visto como a tomada de consciência de certos elementos negados consciente ou inconscientemente, projetando-os para fora ou reprimindo-os na “sombra”. O ato de arrependimento é um antídoto contra o medo.
As manifestações decorrentes da “sombra” são projetadas por nós de forma anônima no mundo, sob o pretexto de que somos vítimas, porque temos medo de descobrir em nós a verdadeira fonte dos males que nos alcançam no dia-a-dia.
Os chamados tiques nervosos nada mais são do que impulsos compulsivos de atos ou a contração repetitiva de certos músculos, desenvolvida de forma inconsciente, para não tomarmos consciência dos conteúdos emocionais que reprimimos em nossa “sombra”. Os tiques são compulsões motoras para aliviar emoções e funcionam como verdadeiros “tapumes energéticos” para conter sentimentos emergentes – seria mais ou menos assim: enquanto a pessoa se distrai com o tique, não deixa vir à consciência o que reprimiu, por considerá-lo feio e pecaminoso.
Dentre as muitas dificuldades que envolvem a agorafobia, a mais grave é a incerteza de nosso valor pessoal e as crenças de baixa estima que possuímos, herdadas muitas vezes na infância.
Quando estamos envolvidos pelo temor, não conseguimos avançar. Deixamos de ter idéias inéditas, de viver experiências interessantes e conhecer novas pessoas ou termos novas oportunidades (emprego, diversão, etc).
A fobia é conceituada como sendo um medo superlativo e desmedido transferido a indivíduos, lugares, objetos e situações que naturalmente, não podem provocar mal algum.
O fóbico social receia ser julgado e avaliado pelos outros, pois os comportamentos que mais temem são falar, comer e/ou beber diante de outras pessoas, frequentar cursos, palestras, festas, cinemas, ou seja, qualquer atividade social em lugares movimentados.
Dentre as muitas dificuldades que envolvem a agorafobia, a mais grave é a incerteza do valor pessoal e as crenças de baixa estima muitas vezes herdada na infância.
O sentimento de inferioridade é o grande dificultador dos relacionamentos seguros e saudáveis. Esse sentimento produz uma necessidade de estarmos sempre certos e sempre sendo aplaudidos pelos outros. Tememos mostrar-nos como somos e escondemos nossos erros, convencidos de que seremos desprestigiados perante nossos companheiros e amigos. Dissimulamos constantemente, fazemos pose e forçamos os outros a nos aceitar. Quanto mais o tempo passa e permanecemos nessa atitude íntima, mais a insegurança se avoluma, chegando a alcançar tamanha proporção que um dia passará a nos ameaçar.
Dessa forma, instala-se, gradativamente, a fobia social, ou seja, o medo que desenvolvemos pelos outros, por tanto representar papéis e “scripts” que não eram nossos.
Tabus, irrealidades, superstições, mitos, conceitos errôneos e preconceituosos que assimilamos de forma verbal ou pelos gestos, abrangendo os vários setores do conhecimento humano, como as regras sociais, as higiênicas, as alimentares e as religiosas, são propiciadores de futuras crises das mais variadas fobias.
Diversas matrizes de medo se fixaram na vida infantil. Os pais autoritários e rudes que estabeleceram um regime educacional duro e implacável, impondo normas ameaçadoras e punitivas, criaram na mente das crianças a necessidade de mentir e fantasiar constantemente. Dessa maneira, elas passaram a viver de forma que agradassem a todos numa enorme necessidade de aprovação e numa atmosfera de insegurança. Tais crianças poderão desenvolver no futuro fobias, cujas causas são a doentia preocupação com o desempenho sexual, o exagerado cumprimento de obrigações impostas pela sociedade, uma megalomaníaca atuação profissional, a fanática observância a crenças religiosas perfeccionistas e o procedimento extremista de estar sempre correto em tudo que fala e faz.
O medo será sempre a lente que aumentará o perigo. Segundo a excelência do pensamento de Tito Lívio, historiador latino nascido em 59 a.C., “quanto menor o medo, tanto menor o perigo”.

02/09/2010

Projeto prevê política contra bullying em escolas infantis


Por: Redação Terra em 02/09/2010

Tramita na Câmara dos Deputados o Projeto de Lei 7457/10, da deputada Sueli Vidigal (PDT-ES), que prevê a adoção de política antibullying por escolas de educação infantil, públicas ou privadas. O bullying é o ato de violência praticado com o objetivo de constranger ou humilhar a vítima. As informações são da Agência Câmara. 



A política antibullying terá, de acordo com a proposta, objetivos como disseminar conhecimento sobre essa prática nos meios de comunicação e nas instituições de ensino e capacitar professores e equipes pedagógicas para o diagnóstico do problema.
O texto prevê também a orientação de vítimas e familiares com apoio técnico e psicológico para garantir a recuperação da autoestima de quem sofreu a violência.
Pela política traçada no projeto, deve-se evitar a punição dos agressores, em favor de mecanismos alternativos que permitam a eles aprender a ter um convívio respeitoso com outros estudantes. De acordo com a deputada, a proposta quer atuar no "combate e erradicação desse mal, que aflige epidemicamente as comunidades e conscientizar a sociedade desse grave e atual problema". Sueli Vidigal destaca que muitas crianças, vítimas desse mal, desenvolvem medo, pânico, depressão, distúrbios psicossomáticos e geralmente evitam retornar à escola.
O texto obriga as instituições de ensino infantil a manter histórico das ocorrências de bullying em suas dependências. Todos os casos e as medidas tomadas deverão ser enviados periodicamente à respectiva secretaria estadual de Educação.
Tramitação
O projeto terá análise das comissões de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado; Educação e Cultura; Finanças e Tributação; e Constituição e Justiça e de Cidadania.

24/08/2010

Atitudes que facilitam a resolução de problemas

Por: Jael Coarac
  
   Não existe uma fórmula pronta para resolver problemas. O que funciona para uma pessoa pode não funcionar para outra. 
    A maneira de resolver um problema depende da natureza de cada um.
   Algumas atitudes e comportamentos que podem ajudá-lo a encontrar as soluções que procura para superar suas dificuldades. Elas não estão dispostas numa ordem especial, mas são instrumentos de navegação que podem funcionar como referências no seu percurso até as soluções que procura:

• Reconhecer o problema é o primeiro passo para resolvê-lo. Aceite a situação como ela se apresenta. Quando você deixa de resistir ao que se apresenta, em dado momento, recupera grandes quantidades de energia que estavam sendo utilizadas no processo de resistência. A energia liberada poderá então, ser utilizada na busca de soluções criativas.

• Pergunte a si mesmo: o que de pior pode acontecer nesta situação? Esta pergunta o ajudará a colocar o problema em suas devidas proporções. Frequentemente, a mente produz fantasias aterrorizadoras que jamais acontecerão. Ao dimensionar o que poderia acontecer de pior, você perceberá que esteve criando fantasmas mentais, e que todas as coisas têm solução. Passará a agir na direção dos resultados positivos.

• Defina quais as soluções possíveis para o problema e entre em ação. Einstein dizia que não é possível encontrar a solução para um problema com o mesmo padrão de pensamento em que a pessoa estava quando o problema foi criado...

• Reúna informação sobre a questão. Ao adquirir conhecimento sobre o problema, o medo e a ansiedade diminuem significativamente. Procure conversar como outras pessoas que resolveram dificuldades semelhantes. Embora cada ser seja único e o que valeu para um, pode não funcionar para você, sempre poderá aprender com a experiência do outro.

• Peça apoio das pessoas em quem confia. Se for o caso, peça ajuda a especialistas. Sentirá que não está tão só para fazer o percurso necessário até solucionar sua dificuldade.

• Em vez de querer estar com a razão e brigar por isso, abra a mente e pare de fazer julgamentos. A necessidade de estar sempre certo pode afastar as respostas que estão no seu caminho.

• Divida o problema em pequenos desafios que poderão ser vencidos, um a um. Muitas vezes, chegar à solução final pode parecer algo muito grande ou fora de alcance. Se, entretanto, você estabelecer o percurso, passo a passo, poderá se manter no caminho certo sem se deixar abater pelas dificuldades.

   Aprecie e valorize o aprendizado que um problema apresenta. Em vez de reclamar ou de sentir-se vítima da situação, aproveite para crescer e seguir adiante na direção dos seus sonhos e objetivos de vida.

16/08/2010

Conversando com os pais



Antes que eles cresçam



Por: Afonso Romano de Santana

Há um período em que os pais vão ficando órfãos dos seus próprios filhos. É que as crianças crescem independentes de nós como árvores tagarelas e pássaros estabanados, e crescem sem pedir licença. Crescem com uma estridência alegre e, às vezes, com alardeada arrogância. Mas não crescem todos os dias, de igual maneira, crescem de repente. Um dia sentam-se perto de você no terraço e dizem uma frase com tal maturidade que você sente que não pode mais trocar as fraldas daquela criatura.
Onde é que andou crescendo aquela “danadinha”, que você não percebeu? Cadê aquele cheirinho de leite sobre a pele? Cadê a pazinha de brincar na areia, as festinhas de aniversário com palhaços e amiguinhos e o primeiro uniforme do maternal?
A criança está crescendo num ritual de obediência orgânica e desobediência civil. E você agora está ali na porta da discoteca esperando que ela não apenas cresça mas também apareça. Ali estão muitos pais ao volante esperando que saiam esfuziantes sobre patins e cabelos soltos.
Entre hambúrgueres e refrigerantes nas esquinas, lá estão nossos filhos que conseguimos gerar apesar dos golpes dos ventos, das colheitas das notícias e das ditaduras das horas. E eles crescem meio amestrados, observando nossos erros.
Há um período em que os pais vão ficando órfãos dos próprios filhos. Não mais os pegaremos nas portas das discotecas e festas. Passou o tempo do balé, do inglês, da natação e do judô. Saíram do banco detrás e passaram para o volante das próprias vidas.
Deveríamos ter ido mais à cama deles ao anoitecer para ouvirmos sua alma respirando conversas confidenciais entre os lençóis da infância, e os adolescentes cobertos daquele quarto cheio de adesivos, pôsteres, agendas coloridas e discos ensurdecedores. Não, não os levamos suficientemente ao parque de diversões, ao shopping, não lhes demos suficientes hambúrgueres e cocas, não lhes compramos todos os sorvetes e roupas merecidas.
Eles cresceram sem que esgotássemos neles todo nosso afeto. No princípio, subiam a serra ou iam à casa de praia entre embrulhos, bolachas, engarrafamentos, natais, páscoas, piscina e amiguinhos. Sim, haviam as brigas dentro do carro, a disputa pela janela, pedidos de chicletes e sanduíches e cantorias infantis. Depois chegou a idade em que viajar com os primeiros namorados. Os pais ficaram exilados dos filhos. Tinham a solidão que sempre desejaram, mas, de repente, morriam de saudades daquelas “pestinhas”.
O jeito é esperar. Qualquer dia podem nos dar netos. O neto é a hora do carinho ocioso estocado, não exercidos nos próprios filhos e que não podem morrer conosco. Por isso os avós são tão desmensurados e distribuem tão incontrolável carinho. Os netos são a última oportunidade de reeditar o nosso afeto.
Por isso é necessário fazer alguma coisa a mais, antes que eles cresçam.

15/08/2010

Reflita sobre seus hábitos.




“Autobiografia em Cinco Capítulos”

Por:Nyoshul Khenpo

Primeiro Capítulo
Ando pela rua
Há um buraco fundo na calçada
Eu caio
Estou perdido... sem esperança
Não é culpa minha
Levo uma eternidade para encontrar a saída.

Segundo Capítulo
Ando pela mesma rua.
Há um buraco fundo na calçada
Mas finjo não vê-lo.
Caio nele de novo.
Não posso acreditar que estou no mesmo lugar
Mas não é culpa minha
Ainda assim levo um tempão para sair.


Terceiro Capítulo
Ando pela mesma rua.
Há um buraco fundo na calçada
Vejo que ele ali está
Ainda assim caio... é um hábito
Meus olhos se abrem
Sei onde estou
É minha culpa.
Saio imediatamente

Quarto Capítulo
Ando pela mesma rua.
Há um buraco fundo na calçada
Dou a volta.

Quinto Capítulo
Ando por outra rua

13/08/2010

Crise dos 25 anos: um mundo de opções e dúvidas.


Por: Humberto Maia Junior
   Até pouco tempo, Daniel e Lívia estavam perdidos, inseguros e confusos. Jovens, de boas famílias, bem educados e conscientes do quanto o mundo pode oferecer a eles, não conseguiam se decidir sobre qual caminho seguir. Falta de maturidade? Talvez. Os dois, como milhões de outros jovens nascidos entre o final da década de 1970 e final da de 1980, sofreram da crise dos 25.
   A crise dos 40 se dá quando a pessoa, já madura, questiona o rumo dado à vida e se lamenta de não ter conseguido realizar os sonhos de juventude. Já a dos 25 antecipa essas angústias quando o jovem, vendo um mundo de opções atraentes, hesita em fazer a melhor escolha.
   Afinal, o que é melhor: comprar um carro ou viajar para o exterior? Casar, namorar ou curtir a vida de solteiro? Fazer especialização, um MBA no exterior, ou se dedicar ao emprego e juntar o máximo de dinheiro possível? Ou, melhor mesmo, seria prolongar a adolescência e ficar pulando de curso em curso na universidade?
   O termo Quarterlife Crisis, ou crise de um quarto de século ( tradução livre), criado no começo do século 21 nos Estados Unidos, foi popularizado no livro "A Crise dos 25", de Alexandra Robbins e Abby Wilner. A situação também aparece em filmes como "Encontros e Desencontros", e na música "Why Georgia", de John Meyer. Todos tentam traduzir essa transição para a vida adulta.
   Há pouco mais de 30 anos, essa transição era mais fácil, diz a psicóloga Denise Pará Diniz, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). A geração dos pais da garotada de hoje tinha menos escolhas. A trajetória era mais definida: conseguir um emprego que desse estabilidade necessária para o casamento e os filhos. "A pessoa ia meio que no automático", diz Denise.
   Hoje, as opções são completamente diferentes. "Os jovens adultos do século 21 cresceram em um ambiente infinitamente mais complexo e tornaram-se bem mais exigentes", argumentam os autores no livro.
   Nesse meio, o casamento não é visto como algo vitalício. Ter filhos vem depois da estabilização na carreira e da realização de sonhos como conhecer o mundo e curtir a vida. E a carreira não é apenas a forma de obter dinheiro - mas satisfação pessoal.
   A psicóloga Lulli Milman, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), especialista no atendimento a jovens, diz que o indivíduo também enfrenta a pressão por uma vida perfeita. "No mundo contemporâneo, é preciso ter tudo. Tudo deve ser maravilhoso, senão a pessoa é vista e se vê como uma fracassada."
   De quem é a culpa? Os pais teriam falhado ao oferecer de tudo aos filhos e sem exigir algo em troca? Pagar MBA ou as férias, em si, não é ruim. "Batalhamos para dar aos nossos filhos coisas que os nossos pais não deram", diz Denise, mãe de um rapaz de 25 anos. "Mas os nossos pais fizeram algo que muitos pais não fazem hoje: conversar com os filhos sobre a realidade." Ao contrário, apelam à super proteção, o que posterga problemas que um dia virão.
   Como resultado, os jovens estariam relutando em assumir responsabilidades. "É comum jovens que vêm à clínica dizendo que não têm ideia de como se imaginam em alguns anos", conta Lulli. "Eu forço eles a dizer algo como 'ser garçom em Londres', 'subir o monte Everest', mas eles não conseguem falar." Aí, vem a sentença fatal: "Muita gente hoje não tem perspectiva de futuro".
   Se alguns falham na hora de imaginar os sonhos, outros temem em assumir escolhas: ou ficam estagnados ou estão sempre mudando. "Essa fase dos 25 anos é uma época de escolhas, mas não se pode patinar nas decisões", afirma Denise. O problema é que a tomada de decisões implica algumas perdas. "Sempre que se escolhe alguma coisa, se perde outras. A vida é assim porque não dá para ter tudo junto."

RESGATADO PELO SOCIAL
   Dinheiro nunca foi importante para o americano Daniel Brett, que completa 25 anos no mês que vem. Aos 23, formado em Economia, ganhava US$ 30 por hora em um escritório de São Francisco. Morando com os pais, seguia rumo ao "american dream" - ganhar o primeiro milhão de dólares até os 30 anos. Ficar preso em uma sala não era, porém, vida para ele. "Não via propósito nisso", relembra. "Comecei a questionar o que eu queria, mas estava completamente perdido."
  Ao ler o livro "Na Natureza Selvagem", que narra a história de Chris McCandless, o jovem que, em 1990, doou a poupança de US$ 24 mil e se tornou andarilho nos EUA até morrer no Alasca dois anos depois (a história ganhou versão cinematográfica), pensou em seguir a vida errante. Preferiu fazer serviço social na Índia, onde dava aulas para crianças carentes. Voltou para casa após dois meses.
   Pensou em conhecer a América do Sul. Comprou passagem de ida para a Colômbia e seguiu para a Argentina. "Pensei que eu poderia dar aulas de inglês." Mas, até chegar a Buenos Aires, ainda não tinha certeza do que queria. Leu o livro "O Banqueiro dos Pobres", em que o indiano Muhammad Yunus conta sobre a fundação de um banco que empresta dinheiro (sem garantias) aos pobres.
   Hoje, Brett pesquisa o impacto ambiental da pesca de salmão no Chile. Em 2010, quer morar no Brasil para trabalhar com pessoas carentes. "Hoje, me sinto mais seguro."
   O QUE O JOVEM PRECISA SABER Os conselhos das psicólogas Denise Pará Diniz e Lulli Milman para os jovens: - A vida se constrói por etapas. Ninguém consegue ter tudo o que quer de uma vez - Sonhar é bom. Arriscar, idem. Mas insistir em metas irrealizáveis é um erro - Sempre é possível recomeçar - Experiências existem para serem vividas. Se boas, ótimo. Se ruins, aprenda com elas - Escutar pais, amigos ou modelos é bom e saudável. Mas quem faz escolhas é você - Na vida, existem direitos... e deveres.

QUAL SONHO EU DEVO ESCOLHER?
   A designer de moda Lívia Fonseca de Freitas, 27, é extrovertida, descolada e decidida: em janeiro, deixou São Paulo para estudar em Milão. "Sempre senti que o Brasil não era o meu lugar." Ela também não hesitou em abandonar o emprego - trabalhava para o estilista Rogério Figueiredo, que faz vestidos de festa para socialites e celebridades. "Era bacana, gostava muito de lá, mas não ganhava (salário) de acordo com as minhas qualificações."
   A autoconfiança dela para por aí. Lívia tem vários pontos de interrogações na cabeça. Um deles é sobre o grande dilema de muitas mulheres: até que ponto vale a pena investir na carreira e deixar de lado casamento e filhos? "Deixei o Brasil porque, se não mudasse, continuaria na mesma vida até casar e ter filhos", diz. "Mas também quero ter uma família. Aí fica um peso. Será que não dá para ter os dois?".
   Outro receio é na vida profissional. Apesar de estar cursando Master em Fashion Designer na capital mundial da moda, está desempregada, o que aumenta a insegurança. "Estou estudando, realizando um sonho, mas e aí? O que vem depois? Fico com medo... Vou ser bem-sucedida?" Assim como Lívia, ninguém tem essa resposta. Ela fala sobre os planos e, em seguida, hesita de novo: "Será que eu estou fazendo as escolhas certas?"