26/11/2010

Feliz sem sexo

Os assexuais, pessoas que não sentem desejo, começam a assumir sua identidade


  Sabe aquela cena em que uma mulher escultural passa diante de um grupo de homens e todos se viram para olhá-la? Nesse momento, a mente deles viaja. O cérebro envia uma série de comandos que libera hormônios pelo organismo, avisando que é hora de se preparar para uma relação sexual (mesmo que isso não vá acontecer). Reação semelhante tem a mulher que é tocada e recebe beijos em pontos estratégicos do corpo. Mas na vida do escritor André Romano, 28 anos, nada disso faz sentido. O carioca passa dias de sol na praia de Ipanema diante de um desfile interminável de biquínis de lacinho e não tira os olhos do livro. “Não sinto desejo”, diz. “Troco o sexo por atividades culturais e sou muito feliz assim.” André se encaixa no que especialistas começam a chamar de quarta orientação sexual: a assexualidade. Além dos héteros, homos e bissexuais, os assexuais formam uma outra vertente da sexualidade, que não é nova. Apenas as pessoas sem desejo de fazer sexo estariam finalmente assumindo um traço de sua personalidade – até como resposta à pressão por um desempenho sexual fantástico imposto pela sociedade atual, exacerbadamente erotizada.
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SEM LIBIDO André Romano, hétero e sem
sexo há sete anos, não sente desejo:
“Sou feliz assim”

Uma pesquisa do Projeto Sexualidade (Prosex), do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo de 2004, revelou que 7% das mulheres e 2,5% dos homens não sentiam falta de sexo. Os dados se repetiram durante o estudo Mosaico Brasil, que terminou no ano passado e entrevistou mais de oito mil participantes em todo o País. Ambos os trabalhos foram coordenados pela psiquiatra Carmita Abdo, que diz ser absolutamente possível alguém viver sem sexo e não sentir falta dele. “Quem transa diariamente não é mais normal do que aquele que não transa nunca”, diz ela. “Não é uma opção, como o celibato, nem doença. É parte do perfil do indivíduo.” A Organização Mundial de Saúde inclui o sexo como um dos indicativos da qualidade de vida, ao lado de itens como atividade física e alimentação equilibrada, desde que seja seguro e prazeroso. “Fazer sexo obrigado é que acaba sendo negativo”, diz Carmita.
Os assexuais (que podem ser tanto héteros quanto homossexuais) não deixam de lado os relacionamentos amorosos. Acreditam, porém, que carinho e romantismo são suficientes para levar uma relação adiante. Romano não faz sexo há sete anos e diz que nunca teve uma decepção a ponto de desistir do envolvimento com alguém. “Namorei cinco anos. O sexo era maravilhoso. Mas, quando acabou, não senti falta. Tenho sentimento, não tesão”, explica.
A internet, com seu poder de agregar pessoas com interesses comuns, foi fundamental para tirar os assexuais da invisibilidade. No Orkut a professora Sandra Ramos, 24 anos, de Santa Catarina, percebeu que outras pessoas compartilhavam dessa mesma visão de mundo. Ela ficou três anos sem vida sexual, por achar que não lhe trazia benefícios. “Nunca foi algo agradável. Para mim, é mecânico”, diz. Namorando há duas semanas, Sandra acaba de voltar a fazer sexo, já que gosta do novo namorado. “Mas troco por um encontro com os amigos fácil”, diz. Por intermédio da rede, o sociólogo americano David Jay, 27 anos, deu início ao movimento assexual. Ele criou em 2001 o site Asexuality Visibility and Education Network (Aven). No primeiro ano, a página com informações sobre assexualidade registrou 50 pessoas. Hoje são dez mil membros, com links em 12 idiomas. “Vivemos em uma cultura na qual as pessoas têm de assumir que são loucas por sexo. Isso é complicado para os assexuais”, disse Jay à ISTOÉ. “Não decidimos gostar ou não de sexo, nascemos assim.” Ele acredita que cada vez mais os assexuais reconhecerão a própria assexualidade e falarão abertamente sobre o tema.
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A sexóloga Ana Maria Zampieri, autora do livro Erotismo, sexualidade, casamento e infidelidade (Ed. Summus), concorda: “A diversidade sexual, que se expandiu com a revolução gay, tornou o cenário favorável para o grupo dos assexuais aparecer.” Segundo ela, terapeuta de casais há 35 anos, pessoas que amam o parceiro mas não o desejam sexualmente sempre estiveram presentes no consultório. “A diferença é que, no passado, isso só era revelado durante o casamento e ficava relacionado ao tempo de convivência”, diz. Como hoje as pessoas casam mais tarde – ou nem casam –, a indiferença ao sexo fica evidente.
Mas o ginecologista Gerson Lopes, coordenador da Associação S.a.b.e.r. – Saúde, Amor, Bem-estar e Responsabilidade, alerta que a falta de libido é uma disfunção sexual que precisa de tratamento terapêutico. “É importante uma avaliação psicológica para saber se quem se classifica como assexual não está mascarando problemas sérios”, diz. O desejo minguado pode ser patologia quando causado por traumas (leia quadro). Quem vive bem trocando uma maratona nos lençóis por um cineminha não precisa se preocupar. Talvez a assexualidade seja apenas o sinal de que um mundo tão sexualizado está à procura de um ponto de equilíbrio. E de que as pessoas precisam se acostumar com as diferenças.
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  Suzane Frutuoso - IstoÉ 2054 25/3/2009

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21/11/2010

Palestra no Celuz

Dia 25/11, às 20 horas no Celuz (Centro Espírita Caminheiros da Luz), no Acampamento Rabello, Avenida JK, Casa 12 - Vila Planalto.

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20/11/2010

Hipnose e Hipnoterapia



O que é hipnose ou transe?

Hipnose é um método de comunicação que induz um transe ou um estado semelhante a transe. A hipnose pode ser conduzida por um indivíduo dirigindo-se a outro, ou ela pode ser conduzida pelo self (auto-hipnose). O transe é um estado de ocorrência natural no qual a atenção de alguém é estreitamente focada e relativamente livre de distrações. A atenção pode ser focada tanto internamente (nos pensamentos – diálogo interno ou imagens ou em ambos) ou externamente (por exemplo numa tarefa, um livro, um filme). O foco de atenção é tão estreito que outro estímulo no ambiente é ignorado ou bloqueado fora da consciência por um tempo. Exemplos de estados de transes são o "sonhar de olhos abertos" e algumas formas de meditação.

A hipnose pode ajudar os clientes entrarem em estados de transe relaxados, confortáveis para obter resultados terapêuticos específicos. Com a hipnose clínica, o terapeuta pode fazer sugestões esboçadas para ajudar o cliente a formular processos específicos internos (sensações, memórias, imagens e diálogo interno) que conduzam a resultados mutuamente combinados.
Sugestões hipnóticas podem influenciar o comportamento quando o ouvinte estiver:
(a) relaxado, receptivo e aberto a sugestões
(b) experimentando representações visuais, auditivas e cinestésicas das sugestões
(c) esperando e pressentindo que essas sugestões irão resultar em resultados futuros.
Esses três critérios são facilitados pelo uso dos "padrões de linguagem hipnótica". Esses padrões incluem: visualização dirigida, histórias, memórias dirigidas, analogias, palavras ou frases ambíguas, repetições e afirmações sobre associação, significado e causa efeito.
Mitos e concepções errôneas sobre a hipnose
Hipnose não é controle mental ou lavagem cerebral. Durante toda a vida as pessoas mudam as suas mentes e ações. Quando essas mudanças ocorrem como resultado da exposição a informações específicas, é porque essa informação foi apresentada através da persuasão e da influência. Um hipnoterapeuta usa métodos comunicativos para influenciar resultados positivos. Durante o transe, você não está imobilizado. Você sabe exatamente onde está durante o tempo todo. Você pode ajustar a sua posição, se coçar, espirrar ou tossir. Você pode abrir os olhos e mesmo sair do transe na hora que quiser. Durante o transe, você ainda pode ouvir os sons à sua volta, como a campainha do telefone. Você pode ficar alerta e reagir a qualquer situação que precise da sua imediata atenção. Você permanece orientado como pessoa, lugar e tempo. Você pode até mesmo manter uma conversa durante o transe.
Transe não é um sono, apesar de que algumas pessoas ficam tão relaxadas que podem adormecer. Isso não é problema porque alguma parte da sua mente continua a ouvir a voz do hipnoterapeuta. As pessoas dormindo no transe ainda podem seguir as instruções como mover um dedo, fazer uma respiração profunda ou despertar quando for dito para fazer isso.
Não existe uma maneira "certa" de experimentar o transe. Uma pessoa pode experimentá-lo como uma sensação profunda, um descanso muito pesado enquanto outras experimentam isso como uma sensação leve, como flutuando. Algumas pessoas ouvem cada palavra falada pelo terapeuta, enquanto outras permitem que suas mentes sejam levadas para outros pensamentos. Algumas experimentam uma imaginação vívida e outras não. Algumas recordam as sugestões que ouviram e outras não. A experiência hipnótica de cada pessoa é única.
A hipnose não pode mandar que alguém faça algo contra a sua vontade ou que contrarie seus valores. Em primeiro lugar é eticamente exigido que o hipnoterapeuta faça somente sugestões que apoiem resultados previamente combinados. Segundo, os clientes não são receptivos a sugestões que vão contra sua moral ou valores – porque a receptividade é um dos ingredientes do sucesso na hipnose.
Lembre-se: a hipnose não pode solucionar todos os problemas. Mesmo com a hipnose, ainda pode ser necessário que você faça algum planejamento e pesquisa conscienciosa sobre que espécie de mudanças quer alcançar. Você ainda deve tomar outras medidas para obter os resultados. A hipnose não é a cura para tudo. A hipnose pode ser efetiva em muitos casos, mas não há garantia que qualquer abordagem terapêutica (incluindo a hipnoterapia) possa ser bem-sucedida para todos.
Riscos e precauções
A hipnose traz poucos riscos. Ela pode ser contra indicada para indivíduos com certos problemas médicos, para quem está abusando ativamente de drogas ou álcool ou ainda para quem está desiludido ou alucinado. A hipnose não deve ser usada para problemas físicos, como dor, a menos que o cliente tenha consultado anteriormente um médico para determinar causas físicas encobertas.
Métodos hipnóticos convencionais não são recomendados para crianças muito jovens porque elas podem carecer da atenção necessária. Contudo métodos de tratamentos mais interativos podem ser usados: a arte como terapia, jogos, narração de histórias e visualização dirigida, durante a qual podem ser feitas sugestões úteis para a criança.
Muitas vezes é solicitada a hipnose com o propósito de descobrir memórias da infância. Sob esse aspecto a hipnose pode ou não funcionar. Quando realmente as memórias vem à tona, o cliente pode ter tido uma "falsa memória" e não há garantia de que essas memórias sejam acuradas ou baseadas na realidade. Entretanto, em alguns casos, essas memórias podem ser desconfortáveis ou aflitivas.
Algumas vezes depois de um trabalho de transe, o cliente pode se sentir um pouco letárgico. O terapeuta e o cliente podem trabalhar juntos para se certificarem de que o cliente está totalmente alerta e suficientemente energizado para deixar o escritório do terapeuta e continuar a sua atividade diária.
Hipnose Ericksoniana
O tipo de hipnoterapia mais frequentemente praticado na psicoterapia de hoje é a Hipnose Ericksoniana, assim chamada por causa de Milton H. Erickson, M.D. Dos anos 30 aos 80 do século passado, o Dr. Erickson exerceu muita influência ao trazer o uso da hipnose clínica para os campos da medicina e da psicoterapia. Ele ensinou e praticou uma espécie de hipnose que era branda, permissiva e respeitosa ao cliente. Ele publicou os primeiros artigos e monografias sobre o uso terapêutico da hipnose. Centenas de livros e artigos foram escritos sobre o Dr. Erickson e seus métodos. O Dr. Erickson foi considerado como o primeiro hipnoterapeuta do mundo.
Aplicações da hipnoterapia
A hipnose tem muitas aplicações nos ambientes terapêuticos. Entre elas:

Aumento de confiança
Relaxamento durante o parto
Tratamento de fobias, medos e ansiedade
Desordem e distúrbios no sono
Problemas interpessoais
Depressão
Dificuldades sexuais
Queixas psicossomáticas
Alívio pós-traumático
Controle da dor
Gerenciamento do estresse
Controle de hábitos
Desempenho acadêmico
Desempenho atlético
Ajuda nas transições da vida
Preparação para procedimentos médicos e dentais
Bloqueios na motivação e criatividade
Tratamento de luto e perdas
Judy E. Pearson, Ph.D., NBCCH, é Diretora do Conselho Nacional para Hipnoterapeutas Clínicos Certificados. Ela é certificada em hipnose clínica e Programação Neurolinguística. Seu email é judypear@erols.com

Por: Judith E. Pearson, Ph.D.

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09/11/2010

Normose; patologia do normal. O conflito e sensação de culpa por estar se sentindo mal apesar das coisas estarem aparentemente supernormais.




Normose, um desconforto emocional estatisticamente comum.O termo “Normose” é sugerido no livro “Normose: a patologia do normal”, do filósofo francês Jean-Yves Leloup. Trata-se de um desconforto emocional que acomete a pessoa, apesar de tudo estar absolutamente normal em sua vida, ou seja, apesar de estar tudo conforme as normas recomendadas para a felicidade. Aliás, estando tudo bem e normal, parece haver um fortíssimo apelo cultural para que a pessoa seja, obrigatoriamente, feliz.
Segundo Pierre Weil, a normose pode ser definida como o conjunto de normas, conceitos, valores, estereótipos, hábitos de pensar ou agir aprovados por consenso geral ou pela maioria em determinada sociedade e que pode provocar sofrimento, doença e morte.

A necessidade de se aprofundar na normose é exigência do cotidiano da clínica psiquiátrica. O paciente entra, senta na sua frente e diz: “- Doutor, de repente me vem um pensamento desconfortável, mais ou menos me questionando sobre o que estou fazendo aqui, uma angústia sobre o sentido de minha vida, um balanço meio pessimista sobre o que fiz esses anos todos...”.

Assim os psiquiatras são incomodados com uma dúvida: como vamos tratar quem não tem um diagnóstico psiquiátrico? Antes disso, aparece a dúvida sobre o emprego das palavras terapia, terapêutica, tratamento para a pessoa que não tem diagnóstico ou não está doente. 

O termo normose mostra-se  adequado às situações do dia-a-dia de psiquiatras e psicólogos, no atendimento de pessoas queixosas de angústia, ansiedade, depressão e estresse sem que o quadro satisfaça critérios das classificações e manuais de psicopatologia, sem que se detecte uma causa aparente para esses transtornos. Não obstante, indiferentes aos critérios da psicopatologia esses pacientes se sentem mal ou, como me disse um deles, “- não que eu sinta algum mal estar doutor, mas sinto profundamente uma falta de bem estar”.

O professor Sérgio Cruz Lima, em artigo publicado no Diário Popular fala sobre o “Conjunto de normas, conceitos, valores, estereótipos, hábitos de pensar e agir, aprovados por consenso ou pela maioria em uma determinada sociedade e que provocam sofrimento, doença e morte” Trata-se da normose que é patológica e letal, executada sem que seus autores e atores tenham consciência de sua natureza doentia.

A despeito do consenso e conjunto cultural de normas existe, além da normose, a normalidade saudável, que enriquece o existir humano, assim como a normalidade neutra, que não leva ao sofrimento, mas também não acrescenta nada, como o hábito de almoçar ao meio-dia ou fazer amor aos sábados.

A consequência da normose faz o paciente experimentar uma sensação de culpa pelo mal estar existencial que sente apesar de tudo estar funcionando normalmente; ele não tem problemas profissionais expressivos, não tem problemas familiares excepcionais, não tem problemas de saúde, sociais, financeiros, enfim, de acordo com o hábito de pensar, sentir e agir recomendado pelo consenso social, tudo deveria estar bem. Não obstante, apesar de tudo estar objetivamente normal essa pessoa sofre, tem angústia, experimenta sentimentos de natureza doentia diante de procedimentos subjetivos.

O conflito e sensação de culpa por estar se sentindo mal apesar das coisas estarem aparentemente supernormais decorre da crença bastante enraizada, segundo a qual tudo o que a maioria das pessoas deseja, pensa, sente, acredita ou faz, deve ser considerado normal e, por conseguinte, deve servir de guia para a felicidade de todo mundo. Entretanto, a pessoa que está diante do psicólogo ou psiquiatra não se sente feliz, apesar de todos pensarem que ela deveria estar feliz.

Por: G J Ballone em Psiqweb

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07/11/2010

Frigidez ou Desejo Sexual Hipoativo


Apesar de existir de fato, pode ser que o Transtorno do Desejo Hipoativo não exista nas proporções que se acredita
"Doutor, meu problema é a frigidez. O que o senhor me recomenda?" Essa pergunta, colocada de maneira tão fria e simples assim, tem sido um dos maiores desafios à ginecologia e à psiquiatria. Trata-se mais de uma confissão constrangida do que uma queixa médica. O problema vem geralmente acompanhado de sentimentos de frustração, vergonha, mágoa e, às vezes, culpa. A pessoa sente como se a parte psíquica que desperta o interesse pelo sexo estivesse morta ou desligada, não raro sente injustamente que a culpa é sua falta de determinação ou entusiasmo.
Por questão academica a Frigidez deve ser diferenciada da falta de orgasmo. Muitas mulheres não conseguem experimentar orgasmo mas continuam tendo prazer e interesse sexual. Os problemas que envolvem o desempenho sexual feminino podem ser agrupados sob o título de Disfunção Sexual Feminina onde se inclui o Transtorno de Desejo Sexual Hipoativo.
Na absoluta maioria dos casos, o desinteresse pelo sexo está ligado a fatores psicológicos, sendo um dos motivos mais reclamados a monotonia conjugal. Estudo populacional com 356 mulheres entre 20 e 70 anos identificou que a diminuição do desejo ocorre mais frequentemente nos relacionamentos mais longos. Por outro lado, entre as mulheres que relatam maior satisfação com seu parceiro a diminuição do desejo sexual foi bem menos provável (Hayes, 2008).
Outros fatores relacionados ao desinteresse sexual e sobejamente conhecidos por todos são a educação recebida, a falta de diálogo, práticas sexuais pouco gratificantes e outras. O próprio envelhecimento e as dificuldades do cotidiano também podem interferir na satisfação sexual. A maioria das pacientes não procura o especialista para saber se tem frigidez, elas já vem ao consultório sabendo que têm. A expectativa delas é saber se existe uma fórmula mágica para o problema.
Fazer um diagnóstico correto é muito importante. Boa parte das vezes o problema tem origem emocional e entre as questões emocionais o problema pode ser muito mais da outra pessoa do que da paciente. Geralmente essa outra pessoa não aceita sua parcela de culpa e vive "obrigando" a mulher a procurar um tratamento, preferentemente milagroso.
A falta ou diminuição do desejo sexual pode também estar ligada a problemas orgânicos, como por exemplo, alterações hormonais, debilidade física por conta de outras doenças ou até mesmo pelo uso incorreto de medicamentos. Entre os estudos que sugerem provável origem física da baixa libido feminina, um dos mais recentes foi realizado na Wayne State University pelo Dr. Michael Diamond, em Detroit, e apresentado à Sociedade Americana para Medicina Reprodutiva na conferência em Denver, sugerindo diferenças no processamento mental em mulheres que têm impulsos sexuais baixos.
Independente da causa, os transtornos da função sexual em ambos os sexos são estudados considerando-se algumas fases específicas da atividade sexual, geralmente separadas em 3:
- Desejo
- Excitação
- Orgasmo

O DSM-IV (Manual de Diagnóstico de Transtornos Mentais) classifica os distúrbios sexuais femininos de acordo com a função alterada, mais precisamente; desequilíbrios do desejo, da excitação e do orgasmo, havendo ainda transtornos classificados em separado, como é o caso da Aversão Sexual, Dispareunia e Vaginismo. É pouco provável que o Transtorno de Desejo Sexual Hipoativo e o Transtorno Orgástico Feminino também não estejam relacionados à excitação. De fato, as queixas relacionadas a tais transtornos dizem respeito a problemas da excitação sexual e não, propriamente, à função do aparelho sexual ou genital. Uma coisa é não ter prazer fazendo sexo, outra é não conseguir fazer sexo.
Nossa cultura tem forte apelo para um desempenho sexual obrigatoriamente fogoso e, dessa forma, qualquer diminuição na vontade de fazer sexo é considerada impotência ou frigidez, quase uma invalidez sexual.
Há ainda questões orgânicas que não podem ser confundidas com Transtorno Sexual Hipoativo. É o caso, por exemplo, do vaginismo e da dispareunia, que causam dor à penetração, portanto, comprometendo irreparavelmente a excitação sexual, além de poder levar ao medo de sexo ou à fuga total das atividades sexuais.

 Causas Orgânicas para o Desejo Sexual Hipoativo
 - Função hipotalâmica-hipofisária anormal. Isso resulta na diminuição do Fator de Liberação de LH (hormônio luteinizante), com consequente diminuição de seu nível sérico e simultâneo aumento de prolactina. Este último um hormônio muito relacionado ao desinteresse sexual.
- Anomalias testiculares capazes de produzir uma diminuição de testosterona.
- Diminuição de testosterona ovariana e/ou supra-renal na mulher.
- Enfermidades sistêmicas, tais como a insuficiência renal crônica com consequente diminuição de gonadotrofinas, a cirrose hepática com a consequente atrofia testicular e transformação de androgênios em estrogênios, a Síndrome de Cushing, com a consequente diminuição de testosterona plasmática, a insuficiência supra-renal, o hipotiroidismo e as enfermidades debilitantes.
- Medicamentos e drogas. Nessa categoria dos agravantes da hipofunção sexual está o álcool, em primeiro lugar, os tranquilizantes, os anti-hipertensivos, tais como a metildopa (Aldomet), reserpina, clortiazidas, clonidina, espironolactona, beta bloqueadores como o propranolol; os anti-depressivos, principalmente os tricíclicos, os inibidores da MAO e o carbonato de lítio, também a cimetidina (Tagamet), sulpirida, metoclopramida (Plasil), metronidazol (Flagil), a maconha, as anfetaminas (anorexígenos usados em regimes alimentares), a cocaína e o craque.
 
O termo Disfunção Sexual Feminina engloba o Transtorno Orgástico Feminino, Transtorno de Excitação Sexual Feminina e o Transtorno de Desejo Sexual Hipoativo. Por questão de definição, as queixas sexuais femininas seriam consideradas "doenças" apenas quando provocassem algum sofrimento. 

De qualquer forma, em nome da boa adaptação conjugal é importante avaliar as questões relacionadas ao desempenho sexual. Pesquisa com 5.463 mulheres entre 18 e 49 anos mostrou que a presença de dificuldades sexuais se relaciona a maior probabilidade de desarmonia conjugal, comparando-se com mulheres sem esses problemas (Witting, 2008).
Há mais de 10 anos (Laumann, 1999), um terço das mulheres relatava falta de interesse sexual e quase um quarto delas reclamava não sentir orgasmo. Um pouco menos de 20% tinha dificuldades de lubrificação e mais de 20% achava o sexo desagradável. Inegavelmente trata-se de uma ampla prevalência de queixas sexuais femininas.
Entre as queixas sexuais femininas o que se observa é que a maioria delas, 33%, de fato diz respeito ao déficit de desejo sexual. Em segundo lugar a falta de orgasmo – anorgasmia – com 24% das queixosas, seguido pelas dificuldades de excitação e/ou lubrificação, com 20%, dor vaginal na relação – dispareunia – com 15% e o restante com outras queixas.
A prevalência dos transtornos sexuais femininos é extremamente elevada e, muito provavelmente, superior à prevalência das disfunções sexuais masculinas. No Brasil, a falta de desejo sexual mostrou ser a maior queixa sexual feminina. A prevalência do problema é de 23,4% para as mulheres mais jovens e chega a atingir 73,0% entre aquelas de idade mais avançada (Abdo, 2002). Esses números são maiores entre as mulheres brasileiras do que entre as européias e americanas, nas quais a falta de desejo sexual variou de 11% a 53% (Hayes, 2007).


Fonte: Psiqweb G J Ballone 

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